Redistribuito da: classicistranieri.com - The Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir, by Anonymous This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org Title: Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir Author: Anonymous Release Date: May 4, 2007 [EBook #21289] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO *** Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was produced from scanned images of public domain material from the Google Print project.) *ALBUM* *CHULO-GAIATO* OU COLLECÇÃO DE RECEITAS PARA FAZER RIR * * * * * BRUXELLES TYP. BRUYLANT-CRISTOPHE ET C^ie Rue Blaes, 31 1862 *A TENTAÇÃO DE SANTO ANTONIO* FANTASIA BURLESCA «O mundo acabar Penso que vai, Ai ai! ai ai! Vou apitar! Tão rodeado Estou de diabos Com unhas e rabos D'assarapantar! Raios, coriscos, Bombas e traques E mais petiscos A rabiar E a estoirar Em torno de mim! Zás catrapaz! Se Deus piedade Não tem do frade, Grande caurim Me vai pregar Dom Satanaz!» Todo a tremer, Santo Antonio Assim se poz a gritar Quando o travesso demonio Em pessoa o foi tentar. Sae do inferno Troça bravia De quantos demos Por lá havia. Em vassouras Vêem montados, Com tesouras E machados Sobraçados; Bem armados D'escupetas, Estes coçam as carécas, Aquelles fazem caretas, Tocando grandes trombetas, Cavaquinhos e rebecas. Vem um tocando fagote, E outro com um chicote Já começa a sacudir O habito empoeirado Do alegre frei Antonio; Mas o frade atomatado Logo se põe a fugir De tão chibante demonio, Correndo conforme póde E gritando todo afflicto: «Aqui d'el-rei, quem m'acode! Ó da guarda! Eu apito!» Dous feios diabos Mui cabelludos, Cornos agudos E longos rabos, Entram na cella Do bom santinho; Vão-lhe á panella Que ao lume tinha C'uma gallinha Paio e toucinho, Tiram-lhe a tampa, Comem-lhe tudo, Deitam-lhe trampa; Vão-lhe á borracha Que tem o vinho N'um esconderijo; Bebem-lhe tudo Deitam-lhe mijo. Á tal cambada Não escapa nada Tudo se acha Quebra e estraga Mija e caga. Uma pequena bonita Tambem lh'entra na caverna Toda lépida e catita, E começa a levantar O ballão, e linda perna Logo se põe a mostrar... «Ai Jesus! diz Santo Antonio Vai-te d'aqui ó demonio Não me estejas a tentar...» «Façam dançar Contradançar Pular Cantar Saltar Esse santinho» Já diz gritando Um diabinho Que está tocando A desgarrada N'um cavaquinho. Eis toda aquella Endiabrada Troça bravia O bom do Santo, Que já n'um canto Se escondia, Vai buscar. E a tocar N'uma panella Com a tranca Da janella, N'uma banca O faz dançar Pular Saltar Cantar. Até Plutão, o rei demonio, Quiz assistir á funcção, Pois quer ver se frei Antonio Se livra da tentação; E p'ro que der e vier Comsigo traz a mulher. O Santo todo encolhido No meio d'aquella canalha Cada vez mais se atrapalha; Um demo mais atrevido, Dá-lhe muita bordoada, E outro feito cupido Vem por traz com uma setta E no coração lh'a espéta... A nada se move o frade Modelo de castidade!! Vendo porém Que fim não tem A seringação Fórma tenção De s'esconder; E mui callado Vai-se a metter Dentro da cama; Mas lá recúa Todo espantado Pois uma dama Toda janota, (Ainda que nua, Mesmo em pelóta) Acha deitada Em seu lugar... A concubina Com uns olhinhos Muito espertinhos A scintillar Já o fulmina E quer tentar... A tal menina É mesmo boa; Se Prosepina É em pessoa! Santo Antonio atrapalhado Contempla incendiado Aquella erotica scena, E em frente da belleza De coisas que nunca viu... Ao poder da natureza, Com bem custo resistiu... Mas quando quasi tentado Com os olhos da pequena, Vai a cair na esparrella De saltar a cima della, Lembra-lhe Deus derepente Que vai cair em peccado, Fica todo aforçurado E como que inspirado, Vai buscar muito apressado D'agua benta seis canadas E nos demos imponente Ferra boas hysopadas. Estoira que nem castanhas Toda aquella diabada, Cada demo dá um tiro Que nem uma peça raiada; E fugindo a bom fugir Tudo vai em debandada, Santo Antonio de contente Dá tamanha gargalhada Que até no traseiro sente A fralda toda cagada. «Se não vou buscar Logo tão depressa A tal agua benta, De certo me tenta Aquella travêssa... Olhem que é ladina, Mesmo de tentar, A tal Prosepina! Mal empregado pexão Para o dente do Plutão!» Lamenta tão pesaroso A má sorte da pequena O famoso Santo Antonio, Que parece já ter pena De se mostrar tão teimoso Em resistir ao demonio... *O MARIDO E O COMETA* DIALOGO CONJUGAL Era uma vez um marido, anno da graça 1861, mas um marido verdadeiro modelo de todos os maridos. Chamava-se o sr. Carneiro; seu hymeneu fôra devidamente legalisado e recebera as bençãos da egreja. Era pois esposo, tanto quanto se póde ser, legal, social, religiosa, e christãmente, da amavel, bonita e joven Amelia, a quem se ligára com o intuito de perpetuar a raça dos Carneiros, fim este que infelizmente ainda não alcançára, apesar da lua de mel ter já o seu anno e meio, e este gasto nas fadigas e diligencias de que um marido póde dispôr para multiplicar a sua raça. O sr. Carneiro emagrecia a olhos vistos, e estafava-se em vão. O nosso homem era um modelo de bondade e simplicidade; era bom e affavel e manso, não como Carneiro que era, mas como um borrego; nunca fizera mal a pessoa alguma, e ninguem tambem no mundo podia dizer a mais pequena coisa em seu desabono. Com taes e quejandos titulos á estima de seus concidadãos, o sr. Carneiro tinha conseguido tornar-se um dos maridos mais felizes do seu bairro, que era o Alto. Mas o homem nunca está satisfeito sobre a face da terra: o sr. Carneiro era homem, e por conseguinte tinha aspirações. O seu ideal era a vida bucolica, amava a chicoria e o feno, adorava os rabanetes, e sonhava pastoras e zagallos; não podia viver na capital. Suspirava constantemente pelo chocalho campestre, pelas felicidades ruraes, e a sua paixão pelo campo não podia achar lenitivo nos esgalhos do Rocio, nas ervas do Passeio Publico, nas couves da praça da Figueira. Por fim os seus sonhos tiveram uma realidade, comprou uma quinta na aldea de Pae Pires, e transferiu para alli os seus penates. Alli, n'uma habitação modesta, no declive de um serro, vendo ao longe o Tejo e as suas faluas, passava o sr. Carneiro uma vida santa, junto de madama Carneira, como elle lhe chamava, cultivando as suas cebollas, regando a sua horta, capando o seu meloal. Ali fazia admirar á sua cara metade a grossura dos seus pepinos ou a côr rubicunda dos seus tomates. --Vês, menina, lhe dizia, como está lindo este meu pepino; olha para esta perfeição, parece que d'hontem para hoje cresceu meio palmo. Repara-me para a belleza d'estes tomates! que côr e que tamanho... --É verdade, cada dia estão mais vermelhos... --E este melão? --Cresce a olhos vistos, como já está redondinho! --Ah! filha! não é como tu, segue a lei da naturesa; tudo cresce e se arredonda cá n'este mundo... só tu, meu anjinho... apesar das minhas diligencias, persistes em não arredondar essa... --Que bonitas estão as batatas. --Eu sempre as tive boas. --E que bellos grãos de bico! --Os grãos são o meu forte... --Como a vinha vae arrebentando... --Tudo arrebenta e produz... só tu não me produzes nada... (dá um profundo suspiro). --Que animal é aquelle que está bebendo além, no rio? --Julgo que é um burro, queridinha. --Engana-se, é boi, senhor Carneiro. --Boi, boi! será... mas não lhe vejo as armas... --Jesus! que bicho tão feio que eu ia pisando! Mate-me este bicho, sr. Carneiro... que nojo! --Ah! ah! ah! Ora não ha uma tolinha assim! um caracol, pois mette-te medo um caracol? --Olhe, só os paus que elle tem; t'arrenego! não se veem senão animaes bicorneos por estes sitios... eu que sempre embirrei com estes bichos! --Não te zanques commigo, menina... isto é o animal mais innocente que eu conheço... --Que quer? não está mais na minha mão; diga lá o que disser, n'este ponto não posso vencer a minha repugnancia... (O marido toma o caracol entre dois dedos.) --Olha vês, não faz mal. Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol... --Deite isso fóra... que me ataca os nervos... --Socega, filha, ja deito... --Esteja quieto! tire isso para lá! --Então não vês que já o não tenho na mão! Pobre amorsinho, que medo que teve... mas agora dá um beijinho... (quer abraçal-a.) --Vá primeiro lavar essas mãos; que nojo, não sei o que me parece a tal reima dos caracoes... --Vamos limpal-as aqui na relva... senta-te aqui ao meu lado... --Era o que faltava! para me escangalhar o balão. --Ah! trazes balão? (vae para apalpar.) --Esteja quieto que me faz cocegas! --Tem a saia cheia de nodoas verdes... --São ervas pisadas. --E n'um sitio esquisito! --Não sei quem me poz n'este estado... --Eu decerto não fui. Seria hontem na quinta do Alfeite, quando te perdeste no labyrintho... Ah! sim, quando o primo Montenegro me lá foi buscar... que bom rapaz que é este nosso primo e hospede... se não fosse elle ainda estava a estas horas em procura da saída... --E como elle soube entrar e saír com a mesma facilidade... como elle sabe d'aquelles torcicolos... --É porque sabe desenho. --Mas sentemo-nos, a erva está tão fresca. Com o calor que está ha de ser um prazer... pódes até levantar as saias para apanhar mais fresco... --Obrigada, fresca estou eu... --Que bella noite, que ar tão puro! como é bom ver as estrellas, assim, ao pé d'uma linda rapariga como tu! --Digo-lhe que tenho frio, estou fria que nem uma pedra... --Pois eu estou quente que nem uma braza... --É feliz. --Podia sel-o... se quizesse... não me resista... ora está agora com medo do seu Carneiro... eu sou sempre o mesmo, aqui e em casa... --Esteja quieto, senhor, agora aqui no meio da rua... --Estamos em nossa casa, não offendemos a moral publica... --Faz luar como de dia... --Melhor se vê o que se faz... --São coisas que não gosto de fazer contra vontade! --Tambem, não sei quando tem vontade! --Olhe que se espeta nos arcos do balão. --Maldita moda que cá havia de vir! --Bem sabe que sou delicada... olhe que me ataca os nervos a mais pequena coisa... --Pequena, pequena! pois esta não é das maiores... --Pelo que vejo quer-me ver doente... já estou com uns arripios... --Olha, embrulha-te no meu paletot... (aproxima-se ainda mais da mulher) apertemo-nos bem um contra o outro... assim, assim... vês? aposto que d'aqui a cinco minutos estás a suar em bica... --Jesus! que scena! olha se algum visinho vê... que quadro vivo este! --Estou vendo que o não fazem todos! (Amelia geme e suspira, o que faz suspender Carneiro.) Mas emfim, se estás incommodada... --Incommodada não é... mas... estas coisas tocam-me sempre os nervos... --É a peior coisa que ha, é uma mulher nervosa... --Sinto não sei o que, cá por dentro... --Isso é agora... o que faria se... --Sinto um peso... --Mas em que sitio? (Áparte.) Se fosse na barriga... --Por todo o corpo. --Elle em alguma parte ha de ser... no peito, na cabeça, no ventre? --É ao pé do ventre... não me sinto bem, parece-me que vou desmaiar... --Louvado seja Deus! és muito delicada... sempre perdes as forças nestas occasiões! --Estou como que penetrada por um raio... --Então vamos para casa. --Não, eu vou, fica tu. --Vamos ambos para a cama. --Vou-me deitar. --Deixa-me ir comsigo? --Eu não tenho medo, fique tomando o fresco... --Mas eu queria-te ir aquecer. --Eu aqueço bem sem o seu auxilio... --Isso é birra... eu como marido tenho tambem os meus direitos... --Mas eu estou doente... sinto agora um calor... --É febre talvez... --Por isso mesmo não se chegue para mim... --Vou chamar o medico. --Não é preciso. O que elle me receitava, é o que eu vou fazer... dormir um somno longe de meu marido... ámanha tem-me sã como um pero... --Queira Deus! --Isto passa em me deixando descançar. --Então não queres que vá ao menos ajudar-te a despir? --Nada, socego é o que eu preciso. --Mas... --É verdade não me disse hontem que, queria hoje observar o cometa? --Fazia até tenção de t'o mostrar... --Vel-o-hei em sonhos. --Ámanhã será em realidade... não é assim meu amor? --Eu faço ideia; é uma coisa muito comprida. --Qual historia! verás que não é tão grande como julgas... e então visto pelo meu excellente telescopio! Has de ver-lhe toda a cabelleira... --Como está tolo com o seu telescopio... tambem o primo Montenegro tem um que não é dos peores... --Aposto que não tem a grossura do meu! --Bom, por hoje basta... --Paciencia, não ha remedio: vae-te deitar com Deus, já que não póde ser comigo... Se tiveres precisão de alguma coisa de noite, chama-me... bem sabes como sempre sou prompto em te prestar os meus serviços, seja a que hora da noite fôr... --Prompto até de mais! ao menor movimento que faço, elle ahi está em cima de mim, a atenazar-me... Mas bem sabe o mal que me faz quando me acorda de noite; é ataque de nervos certo no dia seguinte, e fico mole, amarella, com olheiras... --Bem, bem, vá descançada que lhe não interromperei o seu somno. --Promette-m'o? --Juro-o. --Bonito! então boas noites. --Nem um beijinho me dá! --Dou, mas com a condição de cumprir o seu juramento. --Qual. --O de não entrar no meu quarto esta noite. --Está dito. --Então dê lá o beijo. (Dá-lhe a face a beijar, Carneiro beija-lh'a sofregamente, apertando-lhe ao mesmo tempo a cintura com avidez.) --Jesus! que cintura tão elastica! --Esteja quieto, não se adiante! o que me pediu foi um beijo... Valha-te Deus, menina! Vae-te lançar nos braços de Morpheu, e pede-lhe uma boa dose de sumo de dormideiras. --Adeus meu Carneirinho. --Adeus minha Carneirinha... Olha, deita-te para o lado direito... não te ponhas de costas, bem sabes que te faz mal... --Bem me lembro de hontem á noite... --É verdade, quando gemeste tão significativamente, que eu julguei estarias com algum pesadelo... --Ora! se eu parecia que estava esborrachada... nem respirar podia... estava a sonhar que o tinha em cima de mim... --E gritava de tal maneira, que eu no quarto contiguo, ouvi e fui acudir... mas felizmente o nosso primo e hospede, Montenegro, já tinha chegado antes de mim... --Que bom primo que é aquelle rapaz! --Se o ceu nos désse um filho, estou certo que o estimava... --Havia de amal-o como se fosse delle proprio... --Ha-de ser o padrinho do nosso primeiro _néné_... --Isso tem tempo... ainda eu... --Louvado seja Deus! muito me tem custado a fazer o tal herdeiro... --Agora tenho esperanças que brevemente... --Sim? oh grande Deus! será possivel? --Bom, deixe-me ir deitar... --Vae filha, e dorme bem, eu vou ver se bispo o cometa. E nisto, depois de acompanhar sua mulher á porta do quarto, voltou logo para o terrado, afim de melhor observar a passagem do astro cabelludo. Madama Carneira entrou no quarto e ahi encontrou o primo Montenegro, que a esperava para lhe mostrar tambem o cometa com o seu telescopio... Alguns mezes depois madama Carneira brindava seu marido com o esperado e desejado herdeiro, que tantas fadigas lhe custára... *A FRANCISCANADA* CONTO Que grande franciscanda Vai fazer com frei Bento Frei João e frei Monteiro P'ra longe do convento? Bom alforge levam cheio, Recheiado de finorio Presunto, e grosso paio, Furtados no refeitorio. Frei Bento vai ajoujado Com tremebunda borracha; Chega o rancho a uma tasca Para a horta lá se encaixa. Frei João despindo o habito E de manga arregaçada Tempra e meche aforçurado Um alguidar de salada. Frei Monteiro pisca o olho Á moça, que é rapariga, E frei Bento sem c'rimonia Um chouriço já mastiga. Voam paios e presuntos Tal é a gula e a gana, Torna-se logo a borracha Em famosa carraspana. Depois alegres cantando Lá se vão abarrotados Ao convento recolhendo Pelos muros encostados. Chama a campa ao refeitorio, Pois são horas de ceiar, A fradalhada apparece Mas não acha que trincar. --«Que pouca vergonha é esta?» Grita logo frei Martinho, «Que é dos nossos grossos paios, O presunto e mais o vinho?» --«Fomos roubados», responde O padre refeitoreiro, «Tudo lambeu frei João Com frei Bento e frei Monteiro!» --«Ah! bebedos! ah glotões! Ah! cambada de marotos!...» Berra o padre provincial Dando cinco ou seis arrotos. --«Hão de caro pagal-o!» Brada em peso o convento, «Hão de levar bons açoites Frei Monteiro e frei Bento; «E tambem Dom frei João Ha de leval-o o diabo! Tudo quanto nos comeram Ha de lhes saír do rabo!» Todos logo bem armados De sandalias gigantescas Tratam de pôr á vela As seis nadegas fradescas. E depois sem mais demora Pé atraz e furibundos Tocam todas as matinas Nos traseiros rubicundos. Eis no meio da batalha, Quando tudo em confusão 'Stá batendo a bom bater, Dá um peido frei João! Mas não é peido de medo É um peido tremobundo, Peido de frade, que é O maior que ha neste mundo. Se o famoso Garibaldi Um tiro destes lh'escapa Lá se vão com mil diabos Os exercitos do Papa. Foge tudo com o estoiro E ainda mais com o cheiro, Aquelles que mais gritaram São os que fogem primeiro. Frei João põe em derrota O resto da fradalhada, Dizendo-lhe que ainda tem A peça bem carregada... *SONETO* A UM ZELADOR DOS MIJADEIROS O incauto saloio, o venal gallego Espreitas esfaimado atraz da esquina, Armado de catana serpentina Vermelho como um paio de Lamego. Tão ufano estás com teu sujo emprego, Que pareces uma ave de rapina, Prendendo a trouxe mocho quem urina Com a velha chibança d'um _morcêgo_[1]. Não sejas papelão, pesa as razões, Olha que se a fortuna não sorri, Falta o mijo e adeus os dez tostões! Por isso vou um conselho dar-te aqui: É que respeites todos os mijões Em quanto mijando forem p'ra ti. [1] Antigo soldado da policia. CONSEQUENCIAS DE NÃO SER BACHAREL Quer ser guarda de commuas Certo João Raphael, Mas fica a chuchar no dedo Visto não ser bacharel. UM DEPUTADO DA MODA Hontem estava em minha casa, E por signal a dormir, Á porta sinto bater, Levantei-me e fui abrir. Era o doutor Gatazio, Bacharel e fidalgote, --Vai torta! digo comigo, Vem ferrar-me algum calote! Eis entra com ar risonho E sentando-se ao meu lado, «Amigo, diz, dou-te parte Que estou feito deputado.» UMA VALENTONA A honra de Eliza bella Atacam quinze soldados, Vence um a cidadella Quatorze são derrotados. NOZ E A MULHERA Como a noz foi a mulher Neste mundo fabricada, Não se conhece que é podre Senão depois de rachada. EPITAPHIO PARA UM PAE DA PATRIA Aqui jaz dormindo a sesta Um bacharel formado, Foi barbeiro, deputado, Caloteiro e grande besta. OUTRO PARA UMA MULHER FELIZ Dona Justina de Sousa Nesta campa aqui repousa, Foi no mundo afortunada Visto que até morrer Passou sempre por honrada Tendo a dita de o não ser... UMA MULHER COMO TODAS DEVIAM DE SER Das miserias deste mundo Se compadece Maria, E cheia de dó profundo Seis ditosos faz por dia... UMA VIUVA JUDICIOSA A viuva d'um entrevado Já novo marido tomar Queria, passados dois mezes Do velho marido enterrar. É cedo, lhe diz um visinho, Homem de agudo pensar, Sem estar uns dez mezes viuva Assento não deve casar. Essa é boa! diz a matrona, Então não se devem contar Oito mezes que estuporado Na cama elle esteve a penar? *Pratica feita á missa do dia pelo muito reverendo prior de...* «_Deus dixit Petro ubi sunt oves meæ; nescio, respondit autem Petrus_» Deus disse a Pedro «que é das minhas ovelhas?» e Pedro respondeu «eu não sei d'ellas.» Que bondade, que prudencia, que sabedoria, meus queridos irmãos, não devemos nós admirar em Pedro; que, mesmo no momento em que seu Divino Mestre lhe pergunta, onde estão as minhas ovelhas; responde com toda a delicadeza que não sabe d'ellas, porque essas ovelhas não estavam em estado de apparecerem perante o seu Senhor. Asneiras, meus caros ouvintes, eu não tinha esse genio, não sou mentiroso nem falso, não tenho papas na lingua, e se o Mestre me pergutasse, como a Pedro, onde estão as minhas ovelhas, eu logo lhe dizia sem mais cerimonia, foram pastar para casa do diabo, Senhor. E com effeito, se Elle tivesse vindo hontem á noite perguntar-me pelas minhas ovelhas, que lhe havia eu de responder? Elle que recommenda tanto no seu Evangelho, que as ovelhas se conservem sempre separadas dos competentes bodes, o que teria Elle dito se visse essas mesmas ovelhas misturadas com os bodes, saltando uns em cima dos outros, e a fazerem gaifonas ao seu pastor! Sim, amados irmãos, foi grande a balburdia, e ao aspecto de tal desordem, o amor pelo meu rebanho animou-se de um santo zelo e ardendo em fogo, corri de cajado na mão, para arrancar as minhas innocentes ovelhas das dentuças dos lobos encarniçados. Mas, ó dôr, ó desdita, ó patifaria! as minhas ricas ovelhinhas já não escutam a minha voz; já penetradas pelos agudos dardos d'aquelles diabos e inundadas pelos seus liquidos venenosos e seductores, estavam indoceis e levadas da breca. O meu cajado, outr'ora tão poderoso, não póde juntar senão um pequeno numero, que trago para o meu curral, onde as hei de ter fechadas e guardadas até que deem os fructos do seu arrependimento. Mas vós, amados ouvintes, vós, os que fostes fieis, lamentae a desgraça de vossos irmãos; comportae-vos sempre bem, e tomae para exemplo esses grandes santos da antiguidade; menos um tal santo Agostinho, que, segundo dizem, foi um grande pandigo, quando moço, e é por esse motivo que eu nunca vos fallo d'elle. Fallemos antes d'aquelle santo Chrisologo, que diz que um cura é um sol, e os seus freguezes são uns átomos. Mas eu não sei que diabo de átomos vocês são! não me pagam a congrua, querem que os case de graça e ainda em cima dizem: «ora, estamos nas malvas para o _seu_ padre cura, elle não tem filhos para sustentar!» Vocês sabem la disso? Não sabem que nós outros padres, temos mais trabalho em os esconder, do que vocês em os fazer?... Mas voltando á vacca fria, pensemos na vossa conversão, se ella é possivel. Julgo que a melhor maneira de o conseguir é fallando-vos das maroteiras que se fazem na freguezia. Por exemplo: o João da Canhota, regedor, sae á noite e se ha de vir ao sermão, vai-se metter em casa da Felicia do Frade, e não sae de lá senão de madrugada. Diz que vae tomar chá, mas imaginem os ouvintes que qualidade de chá elle não tomará... Aqui não ha senão desordem e immoralidade. Immoralidade nos velhos, immoralidade nos moços, immoralidade nos grandes, immoralidade nos pequenos. Digo immoralidade nos velhos, porque esses velhos, raça damnada de Caim, depois de haverem passado toda a vida... em patuscadas e pandigas, ainda mesmo arrumados ao bordão e de cabeça calva, se vão metter em logares suspeitos! Infames velhos de Suzana! quando é que lhes acabarão as furias carnaes e burriçaes? Immoralidade nos moços. Os rapazes e as raparigas andam por essas ruas aos beijos e abraços, cantando cantigas indecentes e immoraes; ainda eu hontem ouvi a filha do Thomaz da Horta e o filho do Ignacio do Dente a cantarem o Pirolito que bate que bate! Ora não ha maior pouca vergonha, uns fedelhos que ainda cheiram a coeiros e já sabem o que isto quer dizer! Immoralidade nos grandes. Esses mariolões e essas mocetonas que vão todos os dias para o matto, sob pretexto de que vão buscar lenha, e por fim fazem por lá couzas do arco da velha... Lenha no forno queriam ellas, malditas! E quando vão aos figos! O que acontece? As raparigas sobem para cima das arvores e os mariolões ficam em baixo, a olhar para cima e a dizer: Olha Antonia vejo-te os calcanhares, e as pernas, e os joelhos, e o... Ponham cobro a este escandal-o, amados irmãos, são couzas que se não devem ver senão em certas occasiões. Eu não pego aos rapazes e ás raparigas que vão ao matto e comam por lá o seu figuinho e mesmo que subam ás figueiras, mas para evitar indecencias, as raparigas fiquem debaixo e os rapazes que lhes vão acima. Immoralidade nos pequenos. Essa gaiatada miuda que anda todos os dias a correr pelo adro cá da freguezia, onde estão as campas dos nossos antepassados, e que depois vão fazer as suas necessidades mesmo á porta da sachristia. Se não teem respeito pelos mortos, tenham ao menos compaixão pelos vivos, não póde uma pessoa entrar na egreja pela porta de traz sem ficar a bem dizer atolado até o nariz. Já disse ao sr. regedor da freguezia que pozesse mão n'estas cousas, mas por ora continúa a mesma marmelada á porta da sachristia. Tambem é digno de reprehensão o comportamento d'essas mulheres casadas, que sem nenhuma consideração pelos seus maridos, se levantam do leito conjugal de madrugada, sob pretexto de levarem o gado ao campo, e depois de andarem lá por fóra a laurear, em pernas, recolhem-se para casa frias de neve, e vão-se outra vez metter na cama com os maridos e arripial-os sem piedade! Pobres homens! Se fosse comigo, que coça que ellas não levavam... Tambem ha certa moça cá na freguezia, que eu trago d'olho ha dias, cá por certa cousa. Eu devia já dizer quem é, mas emfim por hoje limitar-me-hei só a mettel-a na sachristia e arrumar-lhe um lembrete... domingo direi quem é, se não tomar juizo... por agora saibam unicamente que é a unica na freguezia que usa ligas encarnadas... (_Pausa, rumor na egreja._) Domingo, de hoje a oito dias, me alargarei mais sobre os homens, coçarei as mulheres casadas, e caírei em cima das solteiras, se não tomarem juizo d'aqui até lá. Sendo hoje dia de festa e estando a chuver far-se-ha a procissão só por baixo da egreja, pois eu não estou para apanhar alguma porrada d'agua. Não precisa vir toda a gente a ella, basta que de cada familia venha um varão. A proposito de procissão, tenho a dizer-vos, amados ouvintes, que os santos cá da freguezia vão estando muito chimfrins. Eu não dava tres vintens por elles. O São Miguel é que está assim mais direitinho, mas o diabo que está por baixo já não tem cornos; pois olhem, não ha na freguezia poucos homens ricos no caso de lh'os darem. O calvario tambem não está mau; todos os instrumentos da paixão estão em bom estado, falta-lhe só o gallo, mas a isso não direi nada, porque ha poucos na freguezia e as gallinhas precisam d'elles: no entanto se houver por ahi alguma dona de casa que tenha dois, que me mande para cá um. Esta semana não ha jejum, podem comer tudo quanto quizerem e bebam-lhe melhor; ha só a bemaventurada santa rainha, que cura a tinha; é quinta feira, sexta feira ha feira e domingo é a festa de São Simão e São Judas. Tambem, não sei quem foi o diabo do animal que se lembrou de pôr Judas no calendario. Juro-vos, amados ouvintes, que se não fosse domingo não lhe fazia festa, era o que merecia o senhor S. Simão por caír na asneira de se ir metter com similhante tratante. Mas acabemos com esta maçada. Ó _seu Zé_, accenda os sinos e mande tocar as vellas, accenda a agua benta e bote agua no thuribulo... não, enganei-me, faça o contrario de tudo isto. No entretanto façamos as nossas costumadas e ordinarias orações. Oremos pela conservação da nossa bemaventurada mãe catholica, apostolica e romana; pela _estripação_ da _cisma_ e abaixamento da hydropisia; oremos tambem pelos ricassos cá da freguezia, a fim de que Deus os mantenha na sua honesta pobreza; pois se fossem mais ricos punham-nos o pé no pescoço. Oremos pelos ausentes e pelos viajantes, afim de se deixarem por lá estar, se estão bem; oremos pelo feliz successo das mulheres pejadas, afim de que Deus lhes faça a mercê de largarem o fructo com a mesma facilidade e doçura com que o comeram. Oremos, n'uma palavra, pela conservação dos bens da terra, como salada, couves, batatas, pepinos e tomates, e pela extincção dos seus males, como formigas, lagartos, ortigas, pulgões e ratazanas... etc. *A opinião publica* Depois de longo derriço Casou João com Maria, E passados quatro mezes Tem um filho já Maria. Fallam do caso as visinhas Chora João, ri Maria. «Casei bem tarde, já vejo», Diz o coitado a Maria, «Fui eu que cedo pari» Ao marido diz Maria. O mundo ri de João E acha razão a Maria. *Carta corographica do reino do hymeneu* Esta carta, resultado das pesquizas e estudos dos viajantes que teem visitado aquelle reino, é de muita utilidade para aquelles que se quizerem abalançar a emprehender viagem para sítios tão amenos e escabrosos ao mesmo tempo. Eil-a: O reino do hymeneu, fica a dois graus de longitude e cincoenta e um de latitude, meridiano de Pariz, de sorte que fica justamente sobre a zona dos Paizes Baixos. Não obstante, o seu clima, principalmente o das provincias mais ferteis, é o da zona torrida. O aspecto do paiz é encantador, visto de longe, mas vae perdendo a belleza á medida que uma pessoa se aproxima das suas costas. A primeira terra que se encontra, logo nas fraldas das suas montanhas, chama-se o _porto desejado_, o qual dá entrada para o _cabo da saciedade_, cabo este mui difficil de dobrar, e todos aquelles que emprehendem esta viagem, se espedaçam muitas vezes nos baixios do aborrecimento. Aquelles que escapam ao perigo, ficam por muito tempo em calmaria primeiro que cheguem á _bahia da conveniencia mutua_. Os campos aqui apresentam de fóra um aspecto muito insipido. Antes de chegar a este porto é frequente experimentar os violentos safanões dos ventos do ciume e do mau humor. A maior parte dos navegantes, chegados que são a esta ultima bahia, desejam voltar para traz, mas em taes alturas isso é cousa inteiramente impossivel. Abordando á _bahia da conveniencia mutua_ muitos soffrem terriveis furacões e correntes rapidas, que os lançam nos gurgulhões da velhice prematura, onde geralmente os navegantes perdem as agulhas e ficam com agua aberta á mercê das ondas, appellando todos os dias para o favor dos ventos. Felizes d'aquelles que podem constantemente conservar-se nas alturas da _affeição mutua_, as quaes ficam entre o _porto do desejo_ e o _cabo da saciedade_. End of Redistribuito da: classicistranieri.com - The Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir, by Anonymous *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO *** ***** This file should be named 21289-8.txt or 21289-8.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: http://www.gutenberg.org/2/1/2/8/21289/ Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was produced from scanned images of public domain material from the Google Print project.) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. Creating the works from public domain print editions means that no one owns a United States copyright in these works, so the Foundation (and you!) can copy and distribute it in the United States without permission and without paying copyright royalties. Special rules, set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you do not charge anything for copies of this eBook, complying with the rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose such as creation of derivative works, reports, performances and research. They may be modified and printed and given away--you may do practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is subject to the trademark license, especially commercial redistribution. *** START: FULL LICENSE *** THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free distribution of electronic works, by using or distributing this work (or any other work associated in any way with the phrase "Project Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project Gutenberg-tm License (available with this file or online at http://gutenberg.org/license). Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm electronic works 1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to and accept all the terms of this license and intellectual property (trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession. If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8. 1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be used on or associated in any way with an electronic work by people who agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works even without complying with the full terms of this agreement. See paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic works. See paragraph 1.E below. 1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation" or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the collection are in the public domain in the United States. If an individual work is in the public domain in the United States and you are located in the United States, we do not claim a right to prevent you from copying, distributing, performing, displaying or creating derivative works based on the work as long as all references to Project Gutenberg are removed. Of course, we hope that you will support the Project Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with the work. You can easily comply with the terms of this agreement by keeping this work in the same format with its attached full Project Gutenberg-tm License when you share it without charge with others. 1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in a constant state of change. If you are outside the United States, check the laws of your country in addition to the terms of this agreement before downloading, copying, displaying, performing, distributing or creating derivative works based on this work or any other Project Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning the copyright status of any work in any country outside the United States. 1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg: 1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed, copied or distributed: This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org 1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived from the public domain (does not contain a notice indicating that it is posted with permission of the copyright holder), the work can be copied and distributed to anyone in the United States without paying any fees or charges. If you are redistributing or providing access to a work with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted with the permission of the copyright holder, your use and distribution must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the permission of the copyright holder found at the beginning of this work. 1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm License terms from this work, or any files containing a part of this work or any other work associated with Project Gutenberg-tm. 1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this electronic work, or any part of this electronic work, without prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with active links or immediate access to the full terms of the Project Gutenberg-tm License. 1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary, compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any word processing or hypertext form. However, if you provide access to or distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than "Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org), you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm License as specified in paragraph 1.E.1. 1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying, performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided that - You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method you already use to calculate your applicable taxes. The fee is owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he has agreed to donate royalties under this paragraph to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments must be paid within 60 days following each date on which you prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax returns. Royalty payments should be clearly marked as such and sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the address specified in Section 4, "Information about donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation." - You provide a full refund of any money paid by a user who notifies you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm License. You must require such a user to return or destroy all copies of the works possessed in a physical medium and discontinue all use of and all access to other copies of Project Gutenberg-tm works. - You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the electronic work is discovered and reported to you within 90 days of receipt of the work. - You comply with all other terms of this agreement for free distribution of Project Gutenberg-tm works. 1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm electronic work or group of works on different terms than are set forth in this agreement, you must obtain permission in writing from both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the Foundation as set forth in Section 3 below. 1.F. 1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread public domain works in creating the Project Gutenberg-tm collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic works, and the medium on which they may be stored, may contain "Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by your equipment. 1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all liability to you for damages, costs and expenses, including legal fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH DAMAGE. 1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a written explanation to the person you received the work from. If you received the work on a physical medium, you must return the medium with your written explanation. The person or entity that provided you with the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a refund. If you received the work electronically, the person or entity providing it to you may choose to give you a second opportunity to receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy is also defective, you may demand a refund in writing without further opportunities to fix the problem. 1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. 1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any provision of this agreement shall not void the remaining provisions. 1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance with this agreement, and any volunteers associated with the production, promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, that arise directly or indirectly from any of the following which you do or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of electronic works in formats readable by the widest variety of computers including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at http://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director gbnewby@pglaf.org Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit http://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: http://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: http://www.gutenberg.org This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.