Jorge I da Grã-Bretanha
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Jorge I da Grã-Bretanha (28 de Maio 1660 – 11 de Junho 1727) foi Príncipe de Hanôver desde 23 de janeiro de 1698 até sua morte, e rei da Grã-Bretanha e da Irlanda desde 1 de agosto de 1714 até sua morte. Ele era também o Erzbannerträger (logo Arquitesoureiro) e Príncipe-Eleitor do Sacro Império Romano Germânico. Jorge I, o primeiro monarca da casa de Hanôver da Grã-Bretanha e Irlanda, não falava inglês de maneira fluente; em seu lugar, falou sempre seu alemão nativo, e por isto se pôs ao ridículo ante seus súditos britânicos. Durante seu reinado, o poder da monarquia diminuiu; desenvolveu-se o moderno sistema de governo por Gabinete. Durante os últimos anos de seu reinado, o poder de fato esteve nas mãos de seu Primeiro Ministro, sir Robert Walpole.
Em 1714 sucedeu à rainha Ana I da Grã-Bretanha, morta sem descendentes. Seus direitos à coroa baseavam-se no fato de ser, por sua mãe Sofia de Hanôver, bisneto de Jaime VI Stuart (1566-1625) Rei da Escócia de 1567 a 1625, que se tornou Jaime I de Inglaterra e Irlanda em 1603.
[editar] Infância
Jorge I (em inglês: George I e em alemão: Georg Ludwig von Hannover) nasceu na localidade de Leineschloss, em Osnabrück, em 28 de maio de 1660, sendo o primogênito dos 7 filhos do príncipe alemão Ernesto Augusto de Brünswick-Luneburgo, e de Sofia de Wittelsbach, princesa do Palatinado. O duque Jorge de Brünswick-Luneburgo, como então era conhecido, era o herdeiro do território alemão de seu pai.
[editar] Matrimônio
Em 21 de novembro de 1682, na localidade de Celle, Jorge casou-se com sua prima, Sofia Dorotéia de Brünswick-Luneburgo, que era a única filha do irmão mais velho de seu pai. Deste matrimônio nasceram 2 filhos:
- Jorge II Augusto (n. Hanôver, 30.10.1683 - m. Palácio de Kensington, 25.10.1760), rei da Inglaterra e eleitor de Hanôver ao suceder a seu pai.
- Sofía Dorotéia: n. Hanôver, 16.3.1687 - m. Berlim, 28.6.1757), casada com Frederico Guilherme I, rei da Prússia.
Mas o matrimônio foi infeliz e um total fracasso; Jorge preferiu a companhia de sua amante, Ermengarda Melusina de Schulenburg, a quem mais tarde nomeou duquesa de Munster e de Kendal na Grã-Bretanha.
Sofia, enquanto isso, tinha seu próprio interesse romântico no jovem conde sueco Felipe Christoph de Königsmarck. Ameaçada com o escândalo de uma fuga da princesa, a corte de Hanôver ordenou aos amantes desistir de seus planos, e Jorge apareceu como o autor intelectual de um plano para assasinar a Königsmarck. O conde foi assassinado em julho de 1694, e seu corpo foi jogado em rio. O assassinato parece ter sido cometido por quatro cortesãos de Jorge, um dos quais afirmou que, para cometer o crime, lhe pagaram a enorme soma de 150.000 talentos de prata, que naquele tempo era 100 vezes o salário anual do ministro mais bem pago de qualquer corte.
O matrimônio de Jorge e Sofia foi desfeito em 1694, com a acusação de que Sofia havia "abandonado" a seu marido. Com o consentimento de seu próprio pai, Sofia foi presa por ordem de Jorge no Castelo de Ahlden em sua natal Celle, outorgando-lhe o título de princesa de Ahlden. Não lhe foi permitido ter contato com seus filhos e com seu pai, e foi lhe proibido casar-se novamente. Entretanto ela recebeu uma renda, e criados, e permissão para andar em sua carruagem fora do castelo, sempre sob supervisão. Sofia morreria em Ahlden em 1726, depois de 32 anos de reclusão.
[editar] Reinado
Em 23 de janeiro de 1698, Ernesto Augusto morreu, deixando como único herdeiro todos seus territórios a Jorge, a exceção do Principado-Bispado de Osnabrück. (o Príncipe-bispo não era um título hereditário; em seu lugar, alternaram-se no título protestantes e católicos). Jorge então converteu-se no Duque de Brunswick-Lüneburg (também conhecido como Hanôver, depois capital de seus estados), e logo obteve o título de Archbannerbearer e, finalmente, obteve o título de Príncipe-Eleitor do Sacro Império Romano-Germânico.
Pouco depois de Jorge possuir os estados de seu pai, o Parlamento da Inglaterra aprova o Ato de Estabelecimento (1701), que converte a mãe de Jorge, Sofia, em herdeira do trono britânico e se o monarca reinante, Guilherme III e sua cunhada, a futura rainha Ana I, morrerem sem descendência. A sucessão foi estipulada desta maneira porque Sofia era a parente protestante mais próxima da família real britânica; numerosos católicos com parentescos hereditários superiores foram deixados de lado. Na Inglaterra, os Tories se opuseram a permitir que um extrangeiro subisse ao trono, enquanto que os Whigs eram favoráveis a um sucessor protestante sem importar com a nacionalidade. Jorge, segundo se diz, mostrou-se relutante em aceitar o plano inglês, mas seus conselheiros de Hanôver lhe sugeriram que aceitasse, de modo que suas posessões alemãs chegariam a ser mais seguras.
Entretanto, a Guerra de Sucessão Espanhola começou. Nesta luta discutia-se o direito de Felipe, neto do rei francês Luis XIV, em acender ao trono espanhol de acordo com o testamento do rei espanhol Carlos II. O Sacro Império Romano Germânico, as Províncias Unidas da Holanda, Inglaterra, Hanôver e muitos outros estados alemães se opuseram ao direito de Felipe de suceder ao rei espanhol, porque temiam que a França chegaria a ser muito poderosa, se também controlasse a Espanha.
O Parlamento inglês tinha designado Sofia como herdeira sem consultar aos estados da Escócia (o Parlamento Escocês). Em 1703, os estados aprovaram uma lei que declarava que elegeriam a um sucessor da rainha Ana entre os descendentes protestantes dos últimos monarcas escoceses -os Stuarts-. Este sucessor não seria o mesmo indivíduo que sucederia ao trono inglês, a menos que numerosas concessões políticas e econômicas fossem feitas pela Inglaterra. Em 1704, Ana deu seu consentimento à lei, que se converteu no Ato de Seguridade. O Parlamento Inglês aprovou várias medidas para que o comércio Anglo-Escocês fosse restringido e desta maneira abalar a economia escocesa. Em 1707, o Ato de União foi aprovado; uniu a Inglaterra e Escócia em uma só entidade política, o reino da Grã-Bretanha. A linha de sucessão estabelecida pelo Ato de Estabelecimento foi conservada. A casa de Hanôver não era inteiramente aceita por muitos escoceses, como se veria mais adiante pelas rebeliões durante o reinado de Jorge I.
A Guerra de Sucessão Espanhola continuaria até 1713, quando terminou de maneira indecisa com a ratificação do Tratado de Utrecht. Felipe pode conservar o trono espanhol, mas teve que renunciar à sucessão do trono francês.
A mãe de Jorge, Sofia, morreu em 8 de junho de 1714 somente algumas semanas antes da Rainha Ana I da Grã-Bretanha (1 de agosto de 1714). Conforme o Ato de União de 1707, Jorge converteu-se em rei da Grã-Bretanha. Ele não chegou à Grã-Bretanha até 18 de setembro; durante sua ausência, o Lord Chefe da Justiça do Reino actuava como regente. Foi coronado na Abadia de Westminster em 20 de outubro.
Desde sua ascensão, a prática referente as dignidades dos príncipes foi mudada. Antes da casa de Hanôver, as únicas dignidades na casa real eram a de Príncipe de Gales (concedido ao herdeiro do trono) e a de Princesa Real (concedido à filha mais velha do soberano). Os outros membros da família real somente eram conhecidos com o tratamento de "Lord" e "Lady". Jorge I, entretanto, impôs a prática alemã, onde a dignidade principesca era mais comum. Pelo tanto, os filhos e netos dos soberanos na linha masculina converteram-se em príncipes e princesas com o tratamento de "Alteza Real", e os bisnetos de reis na linha masculina lhes nomeou príncipes e princesas com o tratamento de "Alteza".
Precedido por Ana I |
Rei da Grã-Bretanha![]() 1714 – 1727 |
Sucedido por Jorge II |