Academia de Letras
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Academia de Letras é uma instituição de cunho literário e lingüístico, que reúne uma quantidade limitada de membros efetivos, numa tradição iniciada no Século XVII com a Academia francesa
Índice |
[editar] Histórico
A origem do nome remonta à Academia de Platão - escola fundada pelo célebre filósofo grego nos jardins que um dia teriam pertencido ao herói Akademus (donde vem o nome). Ao contrário da Escola de Isócrates, onde o conhecimento consistia na mera repetição do saber, ali buscava-se, pela dialética socrática, o saber pelo questionamento e debate.
Foi com esta idéia de debates que diversas instituições literárias surgiram em França, entre as décadas de 1620 e 1630 - consolidando-se na matriarca de todas as agremiações literárias - a citada Adèmie...
Mas, mesmo antes desta, outras instituições existiram, com objetivos análogos, que podem ser citadas:
- Academia do Palácio - em Paris, de 1570 - a primeira a receber o nome de "Academia francesa", no reinado de Carlos IX.
- Academia de Florença - de 1582, chamada "della Crusca" ou do "Farelo" - pois nas questões lingüísticas dizia separar o jóio do trigo, limitando o seu ingresso sob o lema "Il più bel fior ne coglie" (algo como "a fina flor colhida").
- Academia dei Licei, também na Itália, de 1609.
Após a fundação da Académie, em 1635, outras tantas surgiram e desapareceram:
- Academia das Inscrições e Belas Letras (1663);
- Academia de Ciências (1666, na França);
- Academia Real ("Royal Academy", Londres, 1660);
- Arcadia Romana (1690);
- Academia dos Generosos (Portugal, 1647);
- Academia dos Singulares (Portugal, 1663).
Ao Brasil, com certo atraso, foram fundadas:
- Academia Brasílica dos Esquecidos (na Bahia, 1724);
- Academia dos Felizes (Rio de Janeiro, 1736);
- Academia Brasílica dos Renascidos (na Bahia, revivendo a dos Esquecidos, de vida breve - em 1759)
Muitas outras vieram das quais apenas a francesa subsistiu - tendo também sido a única oficializada pelo Estado.
[editar] Academias no Brasil
Após a fundação da Academia Brasileira de Letras, nos Estados foram sendo constituídas as Academias de cada um deles. Sem possuir a grandiosidade e importância da Brasileira, várias delas constituem-se ativas e importantes espaços para a divulgação da literatura local e reconhecimento dos valores estaduais, neste mister destacando-se, nos dias atuais, a Academia Paulista de Letras e a Academia Cearense de Letras. A Carioca já ocupou lugar de destaque, mas hoje, assim como a Baiana, não tem conseguido manter o nível de atividade do passado.
Muitas cidades têm na sua Academia o órgão literário máximo, a reunir os expoentes locais, numa extensa lista. Nestas, destaque especial para a Montesclarense e a Caetiteense - em Minas Gerais e Bahia, respectivamente.
[editar] Membros
Embora a idéia primacial seja a de que os membros devam ser "escritores", desde sua origem as Academias reuniram os "letrados", ou seja, pessoas cultas e com expressão social nas artes (em geral) e até política...
[editar] Eleição
Havendo uma cadeira vaga, em princípio - na Academia francesa - era feito um convite para um novo membro ocupá-la. Em 1703, porém, Lamoignon recusou-se ante a honraria - e a partir de então adotou-se o prévio convite. Mas a regra é a candidatura, apadrinhada ou não por membros efetivos, e a escolha por meio de votação.
[editar] Discurso de Posse
A tradição teve início com a recepção de Patru, em 1640, ampliado pela de Fléchier, em 1673. Consiste num elogio ao predecessor e no auto-elogio.
[editar] Academias "mistas" e "categorizadas"
No Brasil, com a proliferação de entidades literárias, muitas cidades não reuniam "literatos" em número suficiente para que viessem a justificar a fundação de um "silogeu". Vieram, assim, as Academias "mistas": de "letras e artes" (em tese, todo "artista" pode ser membro); de "letras e música", etc.
De outro lado, certas categorias profissionais ou associativas, reunindo em seu bojo muitos escritores, passaram a criar Academias específicas: médicos, militares, maçons, passaram também a ter "suas" próprias Academias de Letras, nominadas como no caso dos formados em Direito, das chamadas academias "de Letras Jurídicas".