Amonde
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Brasão | |
Concelho | Viana do Castelo |
Área | 6,04 km² |
População | 344 hab. (2001) |
Densidade | 57,0 hab./km² |
Orago | Santa Maria |
Código postal | 4925 |
Sítio | http://www.amonde.semmais.com |
Endereço de correio electrónico |
amonde@sapo.pt |
Junta de Freguesia Presidente: |
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Freguesias de Portugal |
Amonde é uma freguesia portuguesa do concelho de Viana do Castelo, com 6,04 km² de área e 344 habitantes (2001). Densidade: 57,0 hab/km².
Outros interesses:
O Fulão era uma fábrica ou fabriqueta que existiu em Amonde cuja data da sua fundação já se perdeu na bruma do tempo.
O seu nome, suponho que provém de um galicismo introduzido no nosso léxico, pois, no francês, aparece “Foulon = apisoador”, “Foulure = apisoamento”, e ainda “Fouloir = pisão”.
Já lá vai passado mais de meio século. Na Serra D’Arga e seus contrafortes proliferavam grandes e numeroso rebanhos de gado lanígero. Os povos rurais de então dedicavam-se à criação de gado, ao pastoreio a à agricultura. Foi dos rebanhos que proveio a principal fonte de receita, a lã, e foi esta que mais incentivou o nascimento de uma indústria artesanal de fiação e tecelagem.
O sistema usado era então muito primitivo, hoje obsoleto. A fiação era à roca, a tecelagem no tear doméstico individual. Á fiação dedicavam-se, por tradição, as mulheres que fiavam à noite sentadas á lareira. Era fascinante ver a perícia e destreza com que dedilhavam o fuso onde a maçaroca crescia de minuto a minuto. Depois tecia-se. A tecelagem era muito diversificada: provém aqui, interessa-nos a fraldilha e o burel.
A urdidura em linho ou algodão cruzada com a lã negra dava a fraldilha: cruzada com lã branca dava o burel. Aquela usava-se em roupas de trabalho: este em mantas e cobertores.
Depois de tecidos iam ao Fulão.
Este, era uma fabrica antiga, rudimentar, mas forte. Compunha-se de uma armação sólida onde eram suspensos por dois tirantes verticais, dois malhos de carvalho maciços com o peso aproximado de 40 Kg cada um.
Esta máquina era accionada por uma roda hidráulica exterior cujo eixo se prolongava para o interior ao nível do pavimento onde duas penas ou alhetas accionavam os malhos por meio de impulsos de recuo, voltando estes, por efeito da gravidade a cair para a pia, onde produziam o efeito desejado. Era na pia ou masseira que eram colocadas as teias para afuloar. Estas não eram ali postas ao acaso: eram previamente dobradas em leque sobre uma prancheta, antes de introduzidas na pia. Esta condição permitia uma afuloadura mais homogénea em toda a superfície das teias.
Na afulvadura eram ministradas caldas intervaladas iam da água tépida á fervente para o que havia uma fornalha com uma tina ou caldeira para o efeito.
Os intervalos entre as caldas consecutivas podiam ser variáveis, de 15, 20 ou até 30 minutos conforme o caso. Os efeitos do Fulão sobre os tecidos eram apreciáveis: regularizava e apertava a malha tornando-os mais grossos, macios e homogéneos. Usada em roupas de trabalho, a fraldilha marcava, então uma feição bem típica e curiosa no folclore da região.
Nas décadas de 30 a 40 os serviços florestais apoderam-se dos montes e baldios: faziam sementeiras proibiam o pastoreio e aos infractores aplicavam coimas pesadas. Um grito de revolta ressoou por toda a serra. Os pastores e ganadeiros vêem-se frustados e caem no desânimo: é o descalabro: a lei é irreversível, e essa actividade tão ligada à sua vida à sua tradição e à sua cultura, essa industria artesanal e tão popular morria, a par da extinção dos
rebanhos.
Num acto de homenagem a esta industria que lhe deu a vida, o Fulão, morre com ela calando para sempre o “bate-ba-te” dos seus malhos.