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Carlos Martel - Wikipédia

Carlos Martel

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dinastia Carolíngia
Pipinidas
Arnulfidas
Carolíngios
Após o Tratado de Verdun (843)
Carlos Martel vencendo os árabes em Poitiers
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Carlos Martel vencendo os árabes em Poitiers

Carlos Martel ou Carlos Martelo (Herstal, c. 688 — Quierzy-sur-Oise, 15 de Outubro de 741) foi prefeito do palácio e duque dos francos (seja quais forem os títulos, ele governou os reinos francos). Ele expandiu seu domínio sobre os três reinos francos: Austrásia, Nêustria e Borgonha. Carlos Martel era filho ilegítimo de Pepino de Herstal com sua concubina Alpaida e nasceu em Herstal, no que agora é a Valônia, na Bélgica.

Ele é melhor lembrado por ter vencido a Batalha de Poitiers (ou batalha de Tours) em 732, que tem sido tradicionalmente considerada com a ação que salvou a Europa do expansionismo muçulmano que já havia conquistado a Península Ibérica. "Não houve mais invasões muçulmanas nos territórios francos, e a vitória de Carlos é considerada decisiva para a história mundial, visto que ela preservou a Europa ocidental da conquista muçulmana e da islamização." [1]

Embora inicialmente lembrado simplesmente como o líder do exército cristão que prevaleceu em Tours, Carlos Martel foi um verdadeiro gigante do início da Idade Média. Um general brilhante numa época privada desse talento, ele é considerado o pai da cavalaria pesada ocidental, das ordens de cavalaria e fundador do Império Carolíngio (nomeado a partir de seu nome), e um catalisador para o sistema feudal que acompanharia a Europa através da Escuridão da Idade Média. (Embora descobertas acadêmicas recentes sugiram que ele era mais um dos beneficiários do sistema feudal que um agente causador das mudanças sociais).

Foi prefeito do palácio (ou seja, governante) do Reino Franco do Oriente, a partir de 717. Em 731 tomou as rédeas da totalidade do Reino. Recebeu do Papa Gregório III o título de Herói da Cristandade.

Índice

[editar] Consolidação do poder

Em Dezembro de 714, Pepino de Herstal morreu. Ele havia, encorajado por sua esposa Plectrude, designado Teodoaldo, filho bastardo de seu filho legítimo Grimoaldo, herdeiro de todos seus domínios. Isto foi imediatamente contraposto pela nobreza, por Teodoaldo ser uma criança de oito anos. Rapidamente, Plectrude seqüestrou Carlos Martel, o filho sobrevivente mais velho de seu marido, um bastardo, e o aprisionou em Colônia, a cidade que estava destinada a ser sua capital. Isto evitou uma revolta a seu favor na Austrásia, mas não na Nêustria.

[editar] Guerra civil de 715-718

Em 715, a nobreza neustriana proclamou Ragenfrido prefeito do palácio em favor de - e aparentemente com seu apoio - Dagoberto III, o jovem rei, que de fato tinha a autoridade legal de escolher o prefeito, apesar de nessa época a dinastia merovíngia ter perdido a maioria de seus poderes régios.

Os austrasianos não suportariam uma mulher e seu jovem filho por muito tempo. Antes do final do ano, Carlos Martel havia escapado da prisão e foi aclamado prefeito pelos nobres austrasianos. Os neustrianos atacaram a Austrásia, e os nobres austrasianos esperavam por um homem forte que os liderasse contra os invasores. Naquele ano, Dagoberto morreu e os neustrianos proclamaram Chilperico II rei sem o apoio dos outros reinos francos.

Em 716, Chilperico e Ragenfrido comandaram um exército invasor na Austrásia. Os neustrianos se aliaram a uma outra força invasora liderada por Radbod, rei dos frísios e encontraram Carlos em batalha próximo a Colônia, ainda sob domínio de Plectrude. Carlos tinha pouco tempo para reunir um exército, ou prepará-lo, e o resultado foi a única derrota que ele sofreu na sua vida. De fato, ele fugiu do campo de batalha tão logo ele percebeu que não tinha tempo nem homens para vencer, escapando para as montanhas do Eifel. O rei e seu prefeito então se voltaram para atacar seu outro rival na cidade, tomá-la e ao tesouro, e receber o reconhecimento Chilperico com rei e Ragenfrido como prefeito. Plectrude então se rendeu em favor de Teodoaldo.

Nessa conjuntura, os eventos favoreceram Carlos. Tendo feito as preparações necessárias, Carlos atacou o exército triunfante próximo a Malmedy, quando este retornava ao seu reino, e em seguida, na batalha de Amblève, derrotou-o e afugentou-o. Várias coisas são notáveis nessa batalha, na qual Carlos estabeleceu os padrões para o resto de sua carreira militar: primeiro, ele surgiu onde seus inimigos menos esperavam, enquanto eles marchavam triunfantemente para casa e estavam em maior número que ele. Ele também atacou quando menos se esperava, ao meio-dia, quando os exércitos daquela época tradicionalmente estavam descansando. Finalmente, ele os atacou como eles menos esperavam, fingindo uma retirada para atrair seus inimigos a uma emboscada. A retirada dissimulada, quase desconhecida na Europa Ocidental na época - era tradicionalmente uma tática oriental, muito utilizada pelos hunos - exigia uma disciplina extraordinária das tropas e o comando preciso dos comandantes. Carlos, nessa batalha, começou a demonstrar a genialidade militar que marcaria seu governo, nunca atacando seus inimigos onde, quando e como eles esperavam, e o resultado foi um período de vitórias contínuo que só terminou com sua morte.

Na primavera de 717, Carlos retornou à Nêustria com seu exército e confirmou sua supremacia com uma vitória em Vincy, próximo a Cambrai. Ele perseguiu o rei fugitivo e o prefeito até Paris antes de voltar a negociar com Plectruce em Colônia. Ele tomou a cidade e dispersou os partidários dela. Ele deixou Plectrude e Teodoaldo vivos, tratando-os com bondade - comportamento incomum para a época, quando a piedade com um ex-inimigo, ou com um potencial rival, era rara. Com seu sucesso, ele proclamou Clotário IV rei da Austrásia em oposição a Chilperico e depôs o arcebispo de Reims, Rigoberto, substituindo-o por Milo, que o apoiou por toda a vida.

Após subjugar toda a Austrásia, ele marchou contra Radbod e o empurrou de volta ao seu território e forçando a concessão da Frísia Ocidental (depois Holanda). Ele também despachou os saxões para além do rio Weser e assim assegurou suas fronteiras - em nome do novo rei, naturalmente. Mais do que qualquer outro prefeito do palácio anterior, todavia, o poder absoluto estava com Carlos Martel. Embora ele nunca se preocupasse com títulos, seu filho Pepino se preocupava, e finalmente perguntou ao papa "quem deveria ser rei: quem possuía o título ou quem tivesse o poder?" O papa, altamente dependente dos exércitos francos para sua independência dos lombardos e do poder bizantino (o imperador bizantino ainda se considerava o único imperador "romano" legítimo, e assim, governante de todas as províncias do antigo império, reconhecidas ou não), declarou "que o rei era quem possuía o poder" e imediatamente coroou Pepino. Décadas depois, o filho de Pepino, Carlos Magno, foi coroado imperador pelo papa, estendendo mais ainda o princípio de "quem detinha o poder" revogando a autoridade nominal do imperador bizantino na península Itálica (a qual estava, então, reduzida a pouco mais que Puglia e Calábria na melhor das hipóteses) e na antiga Gália Romana, inclusive os postos avançados ibéricos (Carlos Magno havia se estabelecido na Marca Hispânica, além dos Pirineus, no que hoje é a Catalunha). Em resumo, apesar do imperador bizantino reinvidicar autoridade sobre todo o antigo Império Romano como legítimo imperador "romano", e isto era legalmente verdade, mas que simplesmente não era a realidade. A maior parte do Império Romano do Ocidente estava sob governo carolíngio, e o imperador bizantino quase não tinha mais autoridade no Ocidente desde o século VI. Mesmo assim Carlos Magno, um político completo, preferia evitar uma ruptura completa com Constantinopla. O que estava ocorrendo era o nascimento de uma instituição única na história: o Sacro Império Romano-Germânico. Apesar do mordaz Voltaire ridicularizar sua nomenclatura, dizendo que o Sacro Império não era "nem santo, nem romano, nem um império". Ele constituiu um enorme poder político, especialmente sob as dinastias saxã e saliana, e, em menor grau, por extensão, os Hohenstaufen. Ele durou até 1806, como uma entidade imaginária.

Apesar de seu neto ter sido o primeiro imperador, o "império" tal como era, foi formado durante o governo de Carlos Martel.

Em 718, Chilperico respondeu à nova superioridade de Carlos Martel firmando uma aliança com Odo, duque da Aquitânia, que havia se tornado independente durante a guerra civil de 715. Eles foram derrotados em Soissons por Carlos. O rei fugiu com seu aliado para as terras ao sul do Loire, enquanto Ragenfrido fugiu para Angers. Clotário morreu logo em seguida e Odo desistiu do apoio a Chilperico em troca do reconhecimento de seu ducado, entregando o rei a Carlos, que reconheceu sua majestade sobre todos os francos pela legítima afirmação real de sua maioridade, da mesma forma sobre todos os reinos (718).

[editar] Guerras externas de 718-732

Os anos seguintes foram repletos de disputas. Entre 718 e 723, Carlos manteve seu poder através de uma série de vitórias: ele conseguiu a lealdade de vários importantes bispos e abades (pela doação de terras e dinheiro para a fundação de abadias tais como Echternach), subjugou a Baviera e a Alamânia e derrotou os saxões pagãos.

Tendo unificado os francos sob sua bandeira, Carlos estava determinado a punir os saxões que haviam invadido a Austrásia. Então, em 718, ele devastou suas terras nas margens do Weser, em Lippe e no Ruhr. Ele os derrotu na Floresta de Teutoburgo. Em 719, Carlos tomou a Frísia Ocidental sem grande resistência por parte dos frísios, que já haviam sido súditos dos francos, mas tinham tomado o controle da região com a morte de Pepino. Embora Carlos não confiasse nos pagãos, seu governador, Aldegisel, aceitou o cristianismo, e Carlos enviou Vilibrordo, bispo de Utrecht, o famoso "Apóstolo dos Frísios" para converter a população. Carlos também ajudou bastante Winfrido, depois São Bonifácio, o "Apóstolo dos Alemães".

Quando Chilperico II morreu no ano seguinte (720), Carlos apostou como seu sucessor o filho de Dagoberto III, Teodorico IV, que ainda era uma criança, e que ocupou o trono de 720 a 737. Carlos estava então nomeando os reis a quem ele supostamente servia, rois fainéants que eram meros fantoches em suas mãos; no final de seus reinados eles eram tão imprestáveis que sequer se preocupavam em apontar seu sucessor. Nesse momento, Carlos novamente marchou contra os saxões. Então os neustrianos se rebelaram sob o comando de Ragenfrido, que havia sido deixado no condado de Anjou. Eles foram facilmente derrotados (724), mas Ragenfrido entregou seus filhos como reféns em troca da manutenção de seu condado. Este evento pôs fim às guerras civis no governo de Carlos Martel.

Os próximos seis anos foram dedicados plenamente para assegurar a autoridade franca sobre as tribos germânicas dependentes. Entre 720 e 723, Carlos atacou a Baviera, onde os duques Agilolfingos tinham gradualmente desenvolvido governos independentes, em recente alinaça com Liutprando, rei dos lombardos. Ele obrigou os alamanos a acompanhá-lo, e o duque Hugoberto da Baviera se submeteu à suserania franca. Em 725 e 728, ele novamente atacou a Baviera e os laços da nobreza pareciam fortes. Na sua primeira campanha, ele trouxe com ele a princesa agilolfinga Suanachilde, que aparentemente se tornou sua concubina. Em 730, ele atacou Lanfredo, duque da Alamânia, que havia se tornado independente, e o matou em batalha. Ele obrigou os alamanos a se submeter à suserania franca e não indicou um sucessor para Lanfredo. Dessa forma, a Alemanha meridional mais uma vez se tornou parte do reino franco, assim como o norte alemão já havia se tornado nos primeiros anos de seu governo.

Mas em 730, com todo o reino em segurança, Carlos começou a se preparam exclusivamente para a vinda de ataques a partir do oeste.

Em 721, o emir de Córdoba havia montado um forte exército vindo do Marrocos, Iêmen e Síria para conquistar a Aquitânia, o enorme ducado no sudoeste da Gália, nominalmente sob soberania franca, mas na prática quase independente nas mãos de Odo o Grande desde que os reis merovíngios haviam perdido o poder. Os muçulmanos invasores assediaram a cidade de Toulouse, então a mais importante cidade da Aquitânia, e Odo imediatamente a abandonou em busca de ajuda. Ele voltou três meses depois justamente antes que a cidade estivesse aponto de render e derrotar os invasores muçulmanos em 9 de Junho de 721, no que ficou conhecido como a batalha de Toulouse. A derrota foi essencialmente o resultado de um clássico movimento por parte de Odo. Após a fuga inicial de Odo, os muçulmanos ficaram exageradamente confiantes e, ao invés de manter fortes suas defesas externas em volta do seu campo de cerco e manter as patrulhas, eles não fizeram nenhuma coisa nem outra. Assim, quando Odo retornou, ele foi capaz de lançar um ataque surpresa sobre as forças de assédio, dispersando-as no primeiro ataque, e massacrando as unidades que descansavam, e que fugiam sem armas ou armaduras.

Carlos observava a situação ibérica desde Toulouse, convencido que os muçulmanos retornariam, e enquanto ele estava seguro em seus domínios, ele também se preparava para a guerra contra os Omíadas. Ele acreditava na necessidade de um exército em tempo integral, que ele poderia treinar, como um corpo de veteranos para adicionar aos recrutas comuns dos francos convocados em tempos de guerra. Durante a Baixa Idade Média, astropas estavam disponíveis apenas após as safras terem sido plantadas e antes da época de colheita. Para treinar o tipo de infantaria que poderia se opor à cavalaria pesada muçulmana, Carlos precisava delas o ano inteiro, precisando pagá-las para que suas famílias pudessem se manter. Para obter este dinheiro, ele tomou propriedades e terras da Igreja, e usou os fundos para pagar os soldados. O mesmo Carlos que havia assegurado o apoio da Igreja com diação de terras, as tomou de volta entre 724 e 732. A Igreja ficou enfurecida, e, por um tempo, pareceu que Carlos talvez fosse excomungado por suas ações. Mas então uma grande invasão muçulmana começou.

[editar] Antes de Tours

Note-se que Carlos Martel poderia ter continuado as guerras contra os saxões - mas ele estava determinado a se preparar para o que ele pensava ser um grande perigo. Ao invés de se concentrar nas conquistas para leste, ele se preparou para ataques do oeste. Consciente do perigo demonstrado pelos muçulmanos após a batalha de Toulouse em 721, ele usou os anos seguintes para consolidar seu poder e para reunir e treinar a elite do exército de veteranos que estaria sempre pronta a defenfer a cristandade (em Tours).

É também vital notar que os muçulmanos não estavam cientes, à época, da verdadeira força dos francos, ou do fato de que eles estavam montando um exército verdadeiro, e não as típicas hordas de bárbaros que haviam infestado a Europa após o colaso do Império Romano. Eles consideravam as tribos germânicas, inclusive os francos, simplesmente bárbaros e não estavam particularmente preocupados com eles (as Crônicas Árabes, a história daquela época, mostra que a consciência dos francos como um poder militar em crescimento só apareceu após a batalha de Tours quando o califa expressou comoção na derrota catastrófica do seu exército). Além disso, os muçulmanos não se preocupavam com as incursões normais de seus inimigos potenciais. Caso se preocupassem, eles certamente teriam notado Carlos Martel como uma força a ser considerada. A completa dominação de Carlos Martel da Europa Ocidental a partir de 717, e suas vitórias sonoras de todas as forças que contestaram seu domínio, teria alertado os mouros que não era apenas um poder verdadeiro erguendo-se das cinzas do Império Romano do Ocidente, mas também verdadeiramente um general talentoso que o estava liderando. Assim, quando eles lançaram sua grande invasão em 732, não estavam preparados para enfrentar Carlos Martel e o exército franco.

Isso, em retrospecto, foi um erro desastroso. O emir Abdul Rahman Al Ghafiqi era um bom general e teria feito duas coisas que ele negligenciou em fazer: ele falhou em avaliar a força dos francos no avanço da invasão, assumindo que eles não viriam ajudar seus parentes da Aquitânia; e falhou em examinar os movimentos do exército franco e de Carlos Martel. Se ele tivesse feito uma das duas coisas, ele teria abreviado suas pilhagens com a cavalaria leve através da baixa Gália e marchado imediatamente, com seu poder pleno, contra os francos. Essa estratégia teria anulado qualquer vantagem que Carlos tivesse em Tours. Eles não teriam perdido nenhum guerreiro nas batalhas se tivessem priorizado Tours. (Embora eles tivessem perdido poucos homens subjugando a Aquitânia, as casualidades que eles sofreram devem ter sido significantes em Tours.)

Finalmente, os mouros teriam contornado os fracos oponentes tais como Odo, que eles destruiriam como quisessem depois, enquanto se moviam de imediato para a batalha com o poder verdadeiro na Europa, e pelo menos escolhendo o campo de batalha. Enquanto alguns historiadores militares apontam que deixar inimigos nas suas costas não é muito inteligente, os mongóis provaram que o ataque indireto e o contorno de inimigos fracos para eliminar o poder principal é um modo de invasão efetivamente devastador. Nesse caso, aqueles inimigos posicionados virtualmente não ofereciam perigo, dada a facilidade que os muçulmanos os destruiram. O perigo verdadeiro estava em Carlos, e a falha em verificar adequadamente o inimigo provou ser desastrosa. Tivesse o emir Abdul Rahman Al Ghafiqi entendido perfeitamente como Carlos Martel tinha dominado a Europa por 15 anos, e como era talentoso como comandante, ele não teria permitido a Carlos Martel escolher a data e o local de encontro dos dois exércitos, que os historiadores concordam que foi o ponto central da vitória franca.

[editar] Batalha de Tours

Artigo principal Batalha de Poitiers (732).

[editar] Importância

O emirado de Córdoba tinha invadido anteriormente a Gália, tendo sido parado no seu avanço mais ao norte na batalha de Toulouse, em 721. O herói do evento que é menos celebrado foi Odo o Grande, duque da Aquitânia, que não foi o progrenitor de uma estirpe de reis nem patrono dos cronistas.

FOi visto anteriormente que Odo derrotou os invasores muçulmanos, mas quando eles retornaram, as coisas estavam muito diferentes. A chegada nesse ínterim de um novo emir de Córdoba, Abdul Rahman Al Ghafiqi, que trouxe com ele uma grande força de cavaleiros árabes e bérberes, dando início à grande invasão. Abdul Rahman Al Ghafiqi havia estado em Toulouse, e as Crônicas Árabes deixam claro que ele se opôs fortemente à decisão do emir de não assegurar as defesas externas contra uma força de socorro, o que permitiu a Odo e sua infantaria atacar sem piedade antes que a cavalaria islâmica pudesse estar preparada. Abdul Rahman Al Ghafiqi não tinha a intenção de permitir outro desastre. Desta vez os cavaleiros islâmicos estavam prontos para a batalha, e os resultados foram terríveis para os aquitanianos. Odo, o herói de Toulouse, foi duramente derrotado na invasão muçulmana de 732, na batalha do rio Garone - onde os cronistas ocidentais declaram que "só Deus sabe o número de mortos" - e a cidade de Bordeaux foi saqueada e roubada. Odo fugiu ao encontro de Carlos, buscando ajuda. Carlos concordou em ir em resgate de Odo, desde que Odo reconhecesse Carlos e sua casa como seus soberanos, o que Odo fez oficalmente e de imediato. Assim, Odo desapareceu na história enquanto Carlos Martel despontou. Carlos era pragmático; seu antigo inimigo Odo e seus nobres aquitanianos formaram o flanco direito das suas forças em Tours.

A batalha de Tours deu a Carlos o cognome "Martel", pela crueldade com que ele batia seus inimigos. Muitos historiadores, incuindo o grande historiador militar Sir Edward Creasy, acreditam que tivesse ele fracassado em Tours, o Islã provavelmente teria invadido a Gália, e talvez o restante da Europa cristã ocidental. Gibbon acredita claramente que os muçulmanos teriam conquistado de Roma ao Reno, e até mesmo a Inglaterra, com facilidade, caso Carlos Martel não vencesse. Creasy diz que "a grande vitória obtida por Carlos Martel... deteve decisivamente o avanço árabe na conquista de Europa Ocidental, salvando a cristandade do Islã, [e] preservando as relíquias da Antigüidade e as origens da civilização moderna". Gibbon acredita que o fato da cristandade depender dessa batalha é ecoado por outros historiadores incluindo William E. Watson, e era muito popular na moderna historiografia. Ficou um pouco fora de moda no século XX, quando historiadores como Bernard Lewis sustentou que os árabes não tinham grandes intenções em ocupar o norte da França. Mais recentemente, no entanto, muitos historiadores tem tendido novamente a ver a batalha de Tours como um evento bastante significativo na história da Europa e da cristandade.

Atualmente, Matthew Bennett e seus co-autores de "Fighting Techniques of the Medieval World" ("Técnicas de Ataque do Mundo Medieval"), publicado em 2005, argumenta que "poucas batalhas são lembradas depois de 1000 anos depois de disputadas... mas a Batalha de Poitiers (Tours) é uma excessão... Carlos Martel fez retroceder uma invasão muçulmana que se não fosse evitada, talvez tivesse conquistado a Gália". Michael Grant, autor de "History of Rome", dá a Batalha de Tours tal importância que ele a lista entre as principais datas históricas da era romana.

Outro historiador comtemporâneo, William Watson, acredita que o fracasso de Martel em Tours teria sido um disastre, destruindo o que se tornaria a civilização ocidental e depois o Renascimento. Obviamente todos os historiadores concordam que não restaria na Europa nenhum poder capaz de deter a expansão islâmica se os francos falhassem. Enquanto algumas avaliações modernas do impacto da batalha tem se afastado da posição extrema de Gibbon, muitos historiadores modernos tais como William Watson e Antonio Santosuosso geralmente apóiam o conceito de Tours como um evento histórico importante que favoreceu a civilização ocidental e a Cristandade, apesar de Santosuosso acreditar que as vitórias de Martel nas campanhas de 737 terem sido consideravelmente mais vitais.

[editar] Batalha

A Batalha de Tours ocorreu provavelmente em algum lugar entre Tours e Poitiers (daí seu outro nome: Batalha de Poitiers). O exército franco, liderado por Carlos Martel, consistia principalmente de uma infantaria experiente, com algo entre 15.000 e 75.000 homens. Mesmo Carlos tendo alguma cavalaria, ele não possuía estribos, então ele os desmontou e aumentou a força de suas falanges. Odo e a nobreza aquitaniana também estavam geralmente na cavalaria, mas eles também desmontaram no princípio da batalha, como suporte às falanges. Respondendo à invasão muçulmana, os francos evitaram as antigas estradas romanas, na esperança de pegar os invasores de surpresa. Martel acreditava que era absolutamente essencial que ele não apenas pegasse os muçulmanos de suspresa, mas que isso lhe permitisse escolher o campo onde a batalha seria disputada, preferencialmente uma elevação, plana e coberta de árvores onde os cavaleiros islâmicos, já cansados de carregar as armaduras, seriam mais exigidos com uma subida. Depois, a floresta ajudaria os francos na sua formação defensiva por impedir parcialmente a habilidade dos cavaleiros muçulmanos em fazer um ataque sem dificuldades.

Das considerações muçulmanas da batalha, eles foram realmente pegos de suspresa ao encontrar uma grande força de oposição ao seu esperado saque a Tours, e esperaram por seis dias, reconhecendo o inimigo e reunindo todas os seus exércitos de ataque de forma que uma concentração plena estava presente no campo de batalha. O emir Abdul Rahman era um general competente que não gostou de desconhecer tudo, e não gostou do esforço de subida contra um número desconhecido de inimigos que pareciam bem disciplinados e dispostos para a batalha. Mas o clima também era um fator. Os francos germânicos, em suas peles de lobo e urso, estavam mais acostumados ao frio, melhor vestidos para isso, e apesar de não possuírem tendas, que os muçulmanos possuíam, estavam preparados para esperar tanto quanto fosse necessário.

No sétimo dia, o exército muçulmano, principalmente cavaleiros bérberes e árabes, liderados por Abdul Rahman Al Ghafiqi, atacaram. Durante a batalha, os francos derrotaram o exército islâmico e seu emir foi morto. Enquanto as informações ocidentais são incompletas, as árabes são bastante detalhadas descrevendo como os francos formaram um grande quadrado e lutaram uma brilhante batalha defensiva. Rahman duvidava antes da batalha que seus homens estivessem prontos para semelhante esforço, e deveria tê-los feito abandonar os saques que os atrasaram, mas ao invés disso decidiu confiar nos seus cavaleiros, que nunca o haviam decepcionado. De fato, era impensável para uma infantaria daquela época se opor a uma cavalaria blindada.

Martel conseguiu convencer seus homens a permanecerem firmes contra uma força que parecia ser invencível para eles, uma grande quantidade de cavaleiros, que, além disso, era provavelmente muito superior ao número de francos. Em uma das raras ocorreências onde a infantaria medieval se levantou contra cargas de cavalaria, os disciplinados soldados francos resistiam aos assaltos mesmo que, de acordo com as fontes árabes, a cavalaria árabe várias vezes rompesse as defesas francas. A cena é descrita em uma tradução de uma descrição árabe da batalha, que consta do Mieval Source Book:

"E no abalo da batalha os homens do norte pareciam um mar que não pode ser movido. Eles permaneciam com determinação, um junto do outro, numa formação que era como um castelo de gelo; e com grandes golpes de suas espadas derrubavam os árabes. Arrumados como um bando em torno de seu chefe, os austrasianos carregavam tudo diante deles. Suas incansáveis mãos guiavam suas espadas na direção do peito dos inimigos".

Ambas as descrições concordam que os muçulmanos romperam as defesas francas e estavam tentando matar Carlos Martel, cujos vassalos o rodearam e não foram vencidos, quando um estratagema que Carlos havia planejado antes da batalha causou conseqüências além do que ele imaginara. Tanto as fontes ocidentais como as islâmicas da batalha afirmam que em algum momento durante o ápice da luta, estando ainda indefinida, patrulheiros enviados por Martel ao campo muçulmano começaram a libertar prisioneiros. Temendo a perda de suas pilhagens, uma grande porção do exército muçulmano abandonou a batalha e retornou ao campo para proteger seus espólios. Na tentativa de parar o que parecia ser uma retirada, Abdul Rahman foi cercado e morto pelos francos, e o que começou como um ardil terminou como uma retirada real, com o exército muçulmano fugindo do campo de batalha naquele dia. Os francos reuniram suas falanges, e descansaram no local por toda a noite, acreditando que a batalha seria retomada na manhã seguinte.

No dia seguinte, quando os muçulmanos não reiniciaram a batalha, os francos temeram uma emboscada. Carlos inicialmente acreditou que os muçulmanos estavam tentando atraí-lo ao sopé da colina e ao campo aberto, uma tática que ele resistiria a todo custo. Apenas após um reconhecimento abrangente do campo muçulmano pelos soldados francos - que ambas as fontes citam que foi apressadamente abandonado, deixando para trás até mesmo as tendas, com as forças muçulmanas voltando à Península Ibérica com os espólios restantes que eles podiam carregar - foi que eles descobriram que os muçulmanos haviam se retirado durante a noite. Como as Crônicas Árabes revelariam depois, os generais de diferentes partes do Califado, bérberes, árabes, persas e muitos mais, foram incapazes de concordar em escolher um líder para substituir Abdul Rahman como emir, ou até mesmo concordar sobre a escolha de um comandante para o dia seguinte. Apenas o emir, Abdul Rahman, tinha a Fatwa do califa, e assim a autoridade absoluta sobre a fidelidade dos exércitos. Com sua morte, e com as várias nacionalidades e etnias presentes em um exército formado de homens de todo o Califado, propensões políticas, raciais e étnicas e personalidades importantes os influenciaram. A inabilidade dos briguentos generais para selecionar alguém que liderasse resultou na retirada geral de um exército que talvez fosse capaz de retornar à batalha e derrotar os francos.

A habilidade de Carlos Martel teve em matar Abdul Rahman em um engenhoso ardil que ele tinha cuidadosamente planejado para causar confusão, no ápice da batalha, e seus anos gastos rigorosamente treinando seus homens, foram combinados para fazer o que parecia impossível: os francos de Martel, na prática uma infantaria sem armaduras, resistiu a uma grande cavalaria pesada com lanças de 6 metros, e uma cavalaria ligeira com arco-e-flecha, sem a ajuda de arcos ou armas de fogo. Isto foi uma façanha de guerra quase sem precedentes na história medieval, um feito que até mesmo as legiões romanas com suas pesadas armaduras mostraram-se incapazes de realizar contra os partos, deixando a Carlos Martel o único lugar na história como salvador da Europa e um brilhante general em uma época que não é lembrada por suas lideranças.

[editar] Depois de Tours

Na década seguinte, Carlos liderou o exército franco contra os ducados orientais da Baviera e Alamânia, e os meridionais da Aquitânia e Provença. Ele tratou o progressivo conflito com os frísios e com os saxões no seu nordeste com algum sucesso, mas a conquista plena dos saxões e sua incorporação ao império franco esperaria pelo seu neto Carlos Magno, inicialmente porque Carlos Martel concentrou a maior parte de seus esforços contra a expansão muçulmana.

Então, no lugar de se concentrar na conquista de seu leste, ele continuou a expandir a autoridade franca para oeste, negando ao Emirato de Córdoba apoiar um pé na Europa a partir do Al-Andalus. Após sua vitória em Tours, Martel continuou nas campanhas de 736 e 737 a combater outros exércitos muçulmanos a partir de bases na Gália após eles novamente tentarem invadir a Europa a partir do Al-Andalus.

[editar] Guerras de 732-737

Entre sua vitória em 732 e 735, Carlos reorganizou o reino da Borgonha, repondo os condes e duques com seus fiéis partidários, e assim fortalecendo seu círculo de poder. Ele foi forçado, pelas aventuras de Radbod, duque dos frísios (719-734), filho do duque Aldegisel que tinha aceitado os missionários Willibrord e Bonifácio, a invadir a considerada independente Frísia novamente em 734. Naquele ano, ele assassinou o duque, que havia expulsado os missionários cristãos, em batalha e então subjugou completamente a população (ele destruiu todos os santuários pagãos) de forma que o povo permaneceu em paz pelos vinte anos seguintes.

Uma forte mudança ocorreu em 735 causada pela morte de Odo o Grande, que havia sido forçado a reconhecer, embora reservadamente, a suserania de Carlos em 719. Apesar de Carlos desejar unir o ducado diretamente a ele e se dirigir para lá para obter o respeito adequado dos aquitanianos, a nobreza proclamou o filho de Odo, Hunaldo, duque da Aquitânia, a quem Carlos reconheceu quando os árabes invadiram a Provença no ano seguinte, e que da mesma forma foi forçado a reconhecer Carlos como seu soberano, não tendo ele esperanças de repelir os muçulmanos sozinho.

Essa invasão árabe naval foi chefiada pelo filho de Abdul Rahaman. Ele aportou em Narbonne em 736 e se moveu rapidamente para se reforçar em Arles penetrar no interior. Carlos temporariamente colocou o conflito com Hunaldo de lado, e defendeu as fortalezas provençais dos muçulmanos. Em 736, ele retomou Montfrin e Avinhão, e Arles e Aix-en-Provence com a ajuda de Liutprando, rei dos lombardos. Nîmes, Agde e Béziers, que estavam sob domínio islâmico desde 725, foram retomadas e suas fortalezas foram destruídas. Ele esmagou um exército muçulmano em Arles, enquanto as forças saíam da cidade, e então a tomou por um direto e brutal ataque frontal, queimando-a para evitar que fosse usada novamente como fortaleza pelos muçulmanos em expansão. Ele então se deslocou rapidamente e derrotou um poderoso exército local muçulmano fora de Narbonne, no rio Berre, mas fracassou em tomar a cidade. Historiadores militares acreditam que ele poderia tê-la tomado, tivesse ele escolhido concentrar todos seus recursos para isso - mas ele acreditava que sua vida estava próxima do fim, e ele tinha muito trabalho a fazer para preparar seus filhos para que eles assumissem os domínios francos. Um assalto direto frontal, tal como na tomada de Arles, usando escadas de cordas e aríetes, mais algumas catapultas, simplesmente não era suficiente para tomar Narbonne sem perdas assustadoras de vidas para os francos, tropas que Martel sabia que não poderia perder. Nem poderia ele esperar anos para que a cidade se submetesse, anos que ele precisava para montar a administração de um império que seus herdeiros governariam. Ele deixou Narbonne, então, isolada e cercada, e seu filho retornaria para libertá-la para a Cristandade. A Provença, todavia, ele felizmente libertou de seus ocupantes estrangeiros, e exterminou todos os exércitos islâmicos inimigos capazes de avançar depois.

Notável sobre estas campanhas foi a incorporação de Carlos, pela primeira vez, da cavalaria pesada com estribos para aumentar suas falanges. Sua habilidade em coordenar infantaria e cavalaria experientes era inigualável naquela época e lhe permitiu enfrentar invasores em maior número, e derrotá-los absoluta e repetidamente. Alguns historiadores acreditam que particularmente a batalha contra a principal força muçulmana no rio Berre, próximo a Narbonne, foi uma importante vitória tanto para os cristãos europeus quanto para Tours. Em Barbarians, Marauders, and Infidels ("Bárbaros, Saqueadores e Infiéis"), Antonio Santosuosso, Professor Emérito de História da University of Western Ontario e considerado um especialista em história do período, desenvolveu uma interessante opinião moderna sobre Martel, Tours e as campanhas subseqüentes contra o filho de Rahman em 736-737. Santosuosso afirma convincentemente que as derrotas dos exércitos invasores muçulmanos posteriores foram no mínimo tão importantes quanto Tours na defesa da Cristandade e na preservação do monasticismo ocidental, monastérios que eram os centros do conhecimentos que no final das contas tirariam a Europa da Escuridão da Idade Média. Outro argumento seu, bastante convincente, após o estudo das histórias árabes do período, afirma que aqueles eram nitidamente exércitos de invasão, enviados pelo califa não apenas para vingar Tours, mas para iniciar a conquista da Europa cristã e incorporá-la ao Califado.

Além disso, e diferente de seu pai, o filho de Rahman em 736-737 conhecia o poderio franco, e sabia que Martel pessoalmente era uma força a ser enfrentada. Ele não tinha a intenção de permitir a Martel surpreendê-lo e ditar as regras, como seu pai havia feito. Por isso, concentrou-se numa substancial porção das planícies costeiras em torno de Narbonne em 736 e reforçou fortemente seu posto avançado no interior em Arles. Seu plano era se deslocar de cidade em cidade, reforçando-as ao seguir em frente, e se Martel desejasse evitar que fosse criado um enclave permanente para a expansão do Califado, teria de vir até ele, em campo aberto, onde ele, diferente de seu pai, ditaria a batalha. Tudo estava como planejado, até que Martel chegou, mais depressa do que os mouros esperavam que ele pudesse reunir todo seu exército. Desafortunadamente para o filho de Rahman, contudo, ele havia superestimado o tempo que Martel levaria para desenvolver uma cavalaria pesada equivalente à muçulmana. O Califado acreditava que ele levaria uma geração, mas Martel obteve sucesso em apenas cinco anos. Preparados para enfrentar as falanges francas, os muçulmanos estavam despreparados para enfrentar uma força mista de cavalaria pesada e infantaria numa falange. Assim, Carlos Martel novamente defendeu a Cristandade e parou a expansão islâmica na Europa, fechando definitivamente a janela dos muçulmanos quando eles eram capazes de fazê-lo. Estas derrotas foram as últimas grandes tentativas de expansão do Califado Omíada antes da destruição da dinastia na batalha de Zab, especialmente após a destruição total do exército muçulmano no rio Berre, próximo a Narbonne, em 737.

[editar] Interregno

Em 737, no final de suas campanhas na Provença e na Septmania, o rei Teodorico IV morreu. Martel, que se auto-entitulou maior domus e princeps et dux Francorum, não apontou um novo rei e ninguém aclamou um. O trono permaneceu vago até a morte de Martel. Como o historiador Charles Oman afirma (The Dark Ages, pág. 297), "ele não se preocupou com títulos, contanto que o poder estivesse em suas mãos".

O interregno, os quatro últimos anos da vida de Carlos, foi mais pacífico que o resto de seu governo, e a maior parte de seu tempo nesse período foi gasta em planos administrativos e organizacionais para criar um estado mais eficiente. Todavia, em 738, ele compeliu os saxões da Vestfália a lhe pagar tributo e, em 739, controlou uma revolta na Provença, com os rebeldes sob a liderança de Maurontus. Carlos dedicou-se a integrar os domínios afastados de seu império à igreja franca. Ele criou quatro dioceses na Baviera (Salzburgo, Ratisbona, Frisinga e Passau) e as entregou a Bonifácio como arcebispo e metropolita sobre toda a Alemanha a leste do Reno, com sua sede em Mainz. Bonifácio estava sob sua proteção desde 723; de fato o santo explicou para seu antigo amigo, Daniel de Winchester, que sem isso ele nunca poderia administrar sua igreja, defender seu clero, nem evitar a idolatria. Foi Santo Bonifácio quem defendeu Carlos de forma decisiva nas suas ações de tomar as terras eclesiásticas para pagar seus exércitos na época da batalha de Tours, como algo que ele teve que fazer para defender a Cristandade. Em 739, o papa Gregório III pediu ajuda a Carlos contra Liutprando, mas Carlos não gostou da idéia de lutar contra seu antigo aliado e ignorou o pedido papal. Apesar de tudo, os apelos papais por proteção franca mostraram até onde Martel havia chegado desde os dias em que ele esteve passível de excomunhão, preparando o palco para seu filho e seu neto reorganizarem a Itália para satisfazer o Papado, e protegê-lo.

[editar] Morte

Carlos Martel morreu em 15 de Outubro de 741, em Quierzy-sur-Oise, no que hoje é o departamento de Aisne na região da Picardia, na França. Ele foi sepultado na Basílica de Saint-Denis em Paris. Seus territórios foram divididos entre seus filhos adultos um ano antes: a Carlomano ele entregou a Austrásia e a Alamânia (com a Baviera como vassala); a Pepino o Breve a Nêustria e a Borgonha (com a Aquitânia como vassala); e para Grifo não deixou nada, apesar de algumas fontes indicarem que Carlos martel intencionou dar-lhe uma faixa de terra entre a Nêustria e a Austrásia.

Gibbon o chamou de "o herói da época" e declarou "A Cristandade... continuou... pelo gênio e boa sorte de um homem: Carlos Martel".

[editar] Legado

No início da carreira de Carlos Martel, ele tinha muitos oponentes internos e sentiu a necessidade de apontar seu próprio pretendente real, Clotário IV. Com sua morte, no entanto, a dinâmica do governo na Francia havia mudado, não sendo mais necessário consagrar um merovíngio, nem por defesa ou legitimidade; Carlos dividiu seus domínios entre seus filhos sem oposição (apesar de ele ignorar seu filho mais jovem, Bernardo). Enquanto isso, ele fortaleceu o estado franco pelas derrotas consistentes, através de estratégias superiores, sobre várias nações estrangeiras hostis que o cercavam por todos os lados, inclusive os bárbaros saxões, que seu neto Carlos Magno subjugaria completamente, e os mouros, que ele evitou que abrisse um caminho para a dominação da Europa.

Carlos foi um produto raro da Baixa Idade Média: um general estrategista brilhante, que também era um comandante tático por excelência, capaz de no calor da batalha adaptar seus planos às forças e aos movimentos dos inimigos - e, espantosamente, derrotá-los repetidamente, especialmente quando, como em Tours, quando eles eram muito superiores em número de homens e armas, e em Berre e Narbonne, quando eles eram superiores em número de guerreiros corajosos. Carlos possuía a mais elevada qualidade com a qual se define a grandiosidade genuína em um comandante militar: ele antevia os perigos que seus inimigos poderiam causar, e se preparava para eles com cuidado; ele usava o solo, a hora, o lugar e a lealdade feroz de suas tropas para contrabalançar a superioridade de seus inimigos em armas e táticas; e, finalmente, ele se adaptava, repetidamente, ao inimigo no campo de batalha, mudando rapidamente para compensar o inesperado e o imprevisível.

Gibbon, a quem se atribui o fato de Martel ser conhecido, não estava sozinho entre os grandes historiadores da Idade Média na glorificação intensa de Martel; Thomas Arnold classifica a vitória de Carlos Martel até mesmo acima da vitória de Armínio no seu impacto sobre toda a história moderna:

"A vitória de Carlos Martel em Tours foi um daqueles sinais de libertação que influenciaram por séculos a alegria da humanidade". (History of the later Roman Commonwealth, vol ii. pág. 317.).

Historiadores alemães são especialmente ardentes em seus elogios a Martel e nas suas crenças de que ele salvou a Europa e a Cristandade da conquista total do Islã, elogiando-o também por rechaçar os ferozes bárbaros saxões de suas fronteiras. Schlegel fala sobre suas "poderosas vitórias" em termos de calorosa gratidão, e conta como "o braço de Carlos Martel salvou e livrou as nações cristãs do Ocidente da captura fatal da destruição completa pelo Islã, e Ranks aponta sua época

"como uma das mais importantes épocas na história da humanidade, o início do oitavo século, quando em um dos lados o Islamismo ameaçava conquistar a Itália e a Gália, e do outro a antiga idolatria da Saxônia e da Frísia mais uma vez forçava uma passagem através do Reno. As instituições cristãs em perigo, um jovem príncipe da raça germânica, Karl Martell, surgiu entre os seus defensores, mantendo-os com toda a energia necessária para a autodefesa e finalmente estendendo-a a novas regiões".

Em 1922 e 1923, o historiador belga Henri Pirenne publicou uma série de ensaios, conhecidos coletivamente como a "Tese de Pirenne", que permanecem influentes até hoje. Pirenne acredita que o Império Romano continuou, nas reinos francos, até a época das conquistas árabes no século VII. Estas conquistas interromperam as rotas de comércio do Mediterrâneo levando a economia européia ao declínio. Tal interrupção continuada teria significado um desastre completo exceto por Carlos Martel ter parado a expansão islâmica na Europa de 732 em diante.

O professor Santosuosso talvez resuma Martel melhor quando ele fala sobre sua chegada para ajudar seus aliados cristãos em Provença, empurrando os muçulmanos de volta à Península Ibérica definitivamente na década de 730:

"Após reunir forças em Saragoça os muçulmanos entraram no território francês em 735, cruzando o rio Ródano e capturando e despojando Arles. De lá eles atacaram o interior da Provença, terminando com a captura de Avinhão, apesar da forte resistência. As forças islâmicas permaneceram em território francês por cerca de quatro anos, conduzindo incursões em Lyons, Borgonha e Piemonte. Novamente Carlos Martel veio em ajuda, reconquistando a maior parte dos territórios perdidos em duas campanhas em 736 e 739, exceto a cidade de Narbonne, que finalmente caiu em 759. A segunda expedição (muçulmana) foi provavelmente mais perigosa que a primeira em Poitiers. Já seu fracasso (pelas mãos de Martel) pôs um fim a qualquer expedição séria muçulmana através dos Pirineus (para sempre)".

Na Holanda, uma parte vital do Império Carolíngio, e nos países baixos, ele é considerado um herói. Na França e especialmente na Alemanha, ele é reverenciado como um herói de proporções épicas.

Hábil como administrador e governante, Martel organizou o que se tornaria o governo europeu medieval: um sistema de feudos, leais aos barões, condes, duques e finalmente ao rei, ou no seu caso, simplesmente ao maior domus e princeps et dux Francorum. Sua coordenação próxima da igreja com o estado iniciou o padrão medieval para semelhantes governos. Ele criou o que se tornaria o primeiro exército ocidental permanente desde a queda de Roma pela sua manutenção de um corpo de veteranos leais em torno dos quais ele organizou a cobrança normal de impostos feudais. Em essência, ele mudou a Europa de uma horda de bárbaros atacando-se uns aos outros, para um estado organizado.

[editar] Começo da Reconquista

Ainda que isso exigisse outras duas gerações para que os francos expulsassem todas as guarnições árabes da Septimania para além dos Pirineus, a contenção da invasão por Carlos Martel do solo francês invertendo os avanços islâmicos, e a unificação dos reinos francos sob Martel, seu filho Pepino o Breve e seu neto Carlos Magno criaram um poder ocidental que evitou que o Emirato de Córdoba se expandisse para além dos Pirineus. Martel, que em 732 estava às portas da excomunhão, em vez disso foi reconhecido pela Igreja como seu defensor supremo. O papa Gregório II escreveu-lhe mais de uma vez, pedindo-lhe sua proteção e ajuda, e ele permaneceu, até sua morte, firme em barrar os muçulmanos. O filho de Martel, Pepino o Breve, manteve a promessa de seu pai e voltou para tomar Narbonne em 759. Seu neto, Carlos Magno, na prática estabeleceu a Marca Hispanica além dos Pirineus, na região onde hoje é a Catalunha, reconquistando Girona em 785 e Barcelona em 801. Essa região do que agora é a Espanha, era então chamada de "As Marcas Mouras" pelos carolíngios, que as via não só como um controle sobre os muçulmanos na Hispânia, mas o início da retomada da nação inteira de volta. Isto formou uma região-tampão permanente contra o Islã, e que se tornou a base, junto com o rei das Astúrias, chamado Pelayo (718-737, que iniciou sua luta contra os mouros nas montanhas de Covadonga em 722) e seus descendentes, para a Reconquista, até que todos os muçulmanos foram expulsos da península Ibérica.

[editar] Legado militar

Em primeiro lugar, Carlos Martel sempre será lembrado por sua vitória em Tours. Creasy argumenta que a vitória de Martel "preservou as relíquias da antiguidade e a origem das civilizações modernas". Gibbon chama aqueles oito dias em 732, a semana que levou até Tours, e à própria batalha, "os eventos que salvaram nossos ancestrais da Grã-Bretanha, e nossos vizinhos da Gália, do jugo civil e religioso do Corão". Paul Akers, em seu artigo sobre Carlos Martel, diz para aqueles que abraçam o cristianismo "vocês talvez reservem um minuto hoje, e a cada outubro, para dizer um silencioso 'obrigado' para um bando de alemães semi-bárbaros e especialmente a seu líder, Carlos "o Martelo" Martel".

Em sua visão do que seria necessário para ele se opor a uma grande força e a uma tecnologia superior (os cavaleiros muçulmanos possuíam estribos), ele não ousou enviar seus poucos cavaleiros contra a cavalaria islâmica, e treinou seu exército para atacar numa formação usada pelos antigos gregos para resistir a um número superior de armas pela disciplina, coragem e a aceitação de morrer pelos sua causa: sua falange. Ele treinou a nata de seus homens um ano inteiro, usando principalmente recursos da Igreja. Após usar apenas sua força de infantaria em Tours, ele estudou as forças inimigas e em seguida se adaptou a elas, inicialmente usando estribos e selas recuperadas dos cavalos mortos dos inimigos, e armaduras dos cavaleiros mortos. Após 732, ele começou a integrar dentro de seu exército a cavalaria pesada, usando estribos e armaduras, treinando sua infantaria para atacar em conjunto com a cavalaria, uma tática que o colocou num bom lugar em suas campanhas de 736-737, especialmente na batalha de Narbonne. Sua incorporação da cavalaria pesada blindada nos exércitos ocidentais criou os primeiros "cavaleiros" do Ocidente.

Martel ganhou reputação de brilhante estrategista, numa época privada dos mesmos, por sua habilidade de usar o que ele tinha, integrando novas idéias e tecnologia. Conseqüentemente ele não foi derrotado de 716 até sua morte contra uma ampla gama de oponentes, inclusive a cavalaria muçulmana, na época a melhor do mundo, e os ferozes bárbaros saxões nas sua próprias fronteiras, apesar de virtualmente sempre estarem em maior número. Ele era o único general da Baixa Idade Média na Europa a usar a técnica de batalha oriental da falsa retirada. Sua habilidade para atacar onde, quando e como ele era menos esperado, era lendária. O processo de desenvolvimento das famosas ordens de cavalaria da França continuou no Édito de Pistres com seu tataraneto e homônimo Carlos o Calvo.

As derrotas que Martel infligiu aos muçulmanos foram absolutamente vitais e com isso o rompimento do mundo islâmico tornou o Califado incapaz de montar um ataque pleno à Europa via suas fortalezas ibéricas depois de 750. Sua habilidade para enfrentar esse desafio, até os muçulmanos se auto-destruírem, é de grande importância histórica, e é o motivo por que Dante escreve sobre ele no paraíso como um dos "Defensores da Fé". Após 750, a entrada para Europa Ocidental, o emirado ibérico, estava nas mãos dos Omíadas, enquanto a maior parte restante do mundo islâmico encotrava-se sonbre controle dos Abássidas, tornando uma invasão da Europa uma impossibilidade logística enquanto os dois impérios muçulmanos batalhavam entre si. Isto adiou a invasão islâmica da Europa até a conquista turca dos Bálcãs meio milênio depois.

John H. Haaren afirma em Famous Men of the Middle Ages ("Homens Notáveis da Idade Média") que

"A batalha de Tours, ou Poitiers, como deveria ser chamada, é considerada como uma das batalhas decisivas da história mundial. Ela decidiu que os cristãos, e não os muçulmanos, seriam o poder dominante na Europa. Carlos Martel é celebrado especialmente como o herói dessa batalha".

Da mesma formas que seu neto, Carlos Magno, que se tornaria famoso por seus rápidos e inesperados movimentos nas suas campanhas, Carlos Martel era lendário por nunca fazer o que seus inimigos previam que ele faria. Foi essa habilidade para fazer o inesperado, e se mover mais depressa que seus oponentes achavam que ele se moveria, o que caracterizou a carreira militar de Carlos Martel.

J. M. Roberts fala de Carlos Martel na sua nota sobre os Carolíngios na página 315 de seu History of the World, de 1993:

Eles (os Carolíngios) produziram Carlos Martel, o soldado que mandou os árabes de volta em Tours e defensor de São Bonifácio, o evangelizador da Alemanha. Estes são dois feitos consideráveis que o marcaram na história da Europa".

Gibbons talvez resumiu o legado de Carlos Martel com mais elouqüência: "em uma laboriosa administração de 24 anos ele restaurou e sustentou a dignidade do trono... pela energia de um guerreiro que na mesma campanha poderia expor seu estandarte no Elba, no Ródano e nas praias do oceano".

É notavel que os homens do norte (guerreiros escandinavos, vikings) não iniciaram suas terríveis incursões até depois da morte do neto de Martel, Carlos Magno. Eles tinha capacidade naval para começar aquelas incursões pelo menos três gerações antes, mas escolheram não desafiar Martel, seu filho Pepino e seu neto Carlos Magno. Isto foi provavelmente sorte de Martel, que apesar de seus enormes dons, provavelmente não seria capaz de repelir os vikings simultaneamente aos muçulmanos, saxões e qualquer outros que ele tenha derrotado. No entanto, é notável que, novamente, apesar da habilidade para fazê-lo (os dinamarqueses haviam construído proteções para se defender de contra-ataques por terra, e tinham a habilidade de enviar seus volumosos assaltos por mar antes do governo de Martel), eles escolheram não desafiar Carlos Martel.

[editar] Pais

Pepino de Herstal (◊ c. 635 † 714)

♀ Alpaida da Saxônia (◊ ? † ?)

[editar] Casamentos e filhos

  • em c. 705 com Rotrude de Trèves (◊ c. 695 † 724)
  1. Carlomano (◊ c. 715 † c. 755)
  2. Pepino o Breve (◊ c. 715 † 768)
  3. ♀ Chiltrude (◊ ? † 754)
  • em c. 725 com Sonechilde da Baviera (◊ ? † depois de 740)
  1. ♂ Grifo (◊ 726 † 753)
  2. ♀ Auda da Francia (◊ c. 730 † depois de 793)
  • com Ruodhaid (◊ ? ?)
  1. ♂ Remi (◊ ? † c. 762)
  2. ♂ Bernardo (◊ 725 † ?)
  3. ♂ Jerônimo (◊ ? † ?)
  • com Rotaide (◊ ? † ?)
  1. ♂ Jerônimo(◊ ? † ?)

[editar] Ligações externas

[editar] Referências


Precedido por:
Teodoaldo
Prefeito do palácio da Austrásia
715 - 741
Sucedido por:
Carlomano
Precedido por:
Ragenfrido
Prefeito do palácio da Nêustria
718 - 741
Sucedido por:
Pepino o Breve
Precedido por:
Ragenfrido
Prefeito do palácio da Borgonha
718 - 741
Sucedido por:
Pepino o Breve
Precedido por:
Pepino de Herstal
Duque dos francos
718 - 741
Sucedido por:
Pepino o Breve- Rei dos Francos


BIOGRAFIAS

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