Consciência
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- Nota: Se procura consciência como sentido moral, consulte Consciência (moral).
A consciência é uma qualidade da mente considerando abranger qualificações tais como subjetividade, auto-consciência, sentiência, sapiência, e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia, e ciência cognitiva.
Alguns filósofos dividem consciência em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência (Block 2004). Consciência fenomenal é o estado de estar ciente, tal como quando dizemos "estou ciente" e consciência de acesso se refere a estar ciente de algo, tal como quando dizemos "estou ciente destas palavras.
Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte.
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[editar] Consciência, autoconsciência e autoconhecimento
Manfred Frank (em "Self-consciousness and Self-knowledge", ver bibliografia abaixo) apresenta a relação entre consciência, autoconsciência e autoconhecimento da seguinte maneira:
- Consciência pressupõe autoconsciência. Não há como alguém estar consciente de alguma coisa sem estar consciente de estar consciente dessa coisa.
- A autoconsciência é pré-reflexiva. Se a autoconsciência fosse o resultado da reflexão, então só teríamos autoconsciência após termos consciência de alguma coisa que fosse dada à reflexão. Mas isso não pode ser o caso, pois, como dissemos antes, consciência pressupõe autoconsciência. Logo, a autoconsciência é anterior à reflexão.
- Autoconsciência e consciência são distintas logicamente, mas funcionam de maneira unitária.
- O autoconhecimento -- isto é, a consciência reflexiva ou consciência de segunda ordem -- pressupõe a consciência pré-reflexiva, isto é, a autoconsciência.
De acordo com o esquema acima, a autoconsciência é o elemento fundamental da consciência. Sem ela não há consciência nem reflexão sobre a consciência.
[editar] Inconsciente (definições)
O inconsciente define um complexo psíquico (conjunto de fatos e processos psíquicos) de natureza praticamente insondável, misteriosa, obscura, de onde brotariam as paixões, o medo, a criatividade e a própria vida e morte (vide Jung).
O conceito de inconsciente de Jung se contrapõe ao conceito de subconsciente ou pré-consciente de Freud. O pré-consciente seria o conjunto de processos psíquicos latentes, prontos a emergiriam para se tornarem objetos da consciência. Assim, o subconsciente pode ser explicado pelos conteúdos que fossem aptos a se tornarem conscientes (determinismo psíquico). Já o inconsciente seria uma esfera ainda mais profunda e insondável. Haveria níveis no inconsciente mesmo inatingíveis.
Jung separou o inconsciente pessoal do inconsciente coletivo. Hoje, não existe consenso se realmente existe um tal inconsciente coletivo, igual ou distribuído igualmente entre todas as culturas e povos.
Alguns comentários sobre a necessidade de um "Inconsciente":
A noção de um "inconsciente" parece atrelada firmemente à crença em um tempo físico e objetivo, inviolável e inalterável. Devido então à experiência subjetiva da "flexa do tempo" ou à imposibilidade de revertermos a direção que nossas ações tomam no tempo - mesmo que o mesmo seja um construto -, torna-se "necessária" a especulação de uma "região" indefinida e incognoscível, rotulada dualísticamente de inconsciente, como contraposição à experiência da auto-consciência. Essa necessidade é praticamente uma exigência da manutenção da linearidade causal. Se a mesma não fosse necessária, ou se dispuséssemos de outros modelos igualmente explicativos, não seria necessário o modelo do "inconsciente". Atualmente a fisica quântica aparentemente está questionando a existência de algo "fora" da atualidade atemporal do observador devido ao seu tratamento probabilistico daquilo que simplificadamente se intitula de "realidade". Diversos fenomenos mentais, tais como sonhos, intuiçoes, processos cirativos e mesmo cognitivos, podem ser muito mais facilmente compreendidos se a linearidade causal não for uma necessidade.
Eventualmente o próprio "tempo" é apenas um construto dependente da forma pela qual o cérebro-mente organiza diversas experiências em uma linha dita causal. Isso pode ser observado em pessoas portadoras de transtornos das mais variadas espécies que apresentam ordenações nesse contruto nem sempre lineares o que as leva a serem qualificadas como patológicas em diversos niveis. Em crianças de tenra idade é possivel também observar que as mesmas se comportam como se a sua linearidade ainda estivesse em processo de construção.
Assim, e então como exigência de consistência nesse modelo de tempo fisico e irreversível, torna-se "necessária" a construção da idéia de um inconsciente. Uma solução interessante para contornar a exigência de linearidade desse construto é a mudança de domínio do tempo para o domínio da frequencia. Uma vez que o Observador (auto-consciência, Eu (não o ego), Self, ou a própria experiência da Sciência, como o estado de estar-se-ciente ) passe a organizar suas percepções pelo critério da frequencia e não do tempo, muitos fenômenos mentais tornam-se mais facilmente compreensíveis. Mas por outro lado, as noções de tempo e espaço são então necessáriamente colocadas em segundo plano. O inconsciente deixa de ter necessidade de existir porque o "tempo" que o limita, deixa de ser um fator significativo.
Torna-se mais interessante, mais consequente e mais consistente então, falar de um não-consciente em contraposição à concepção nebulosa de um inconsciente misterioso, inacessível, incógnito, indecifrável, verdadeira cornucópia de soluções na maioria das vezes absurdas para as mais diferentes mazelas provenientes de uma crença na causalidade absoluta e da incapacidade de conceber o tempo - e sua sequela o espaço - como construtos mentais humanos, e não como realidades físicas independentes do Observador.
O Ser Humano pode passar então a viver mais na atualidade, colocando acessos a outros tempos e espaços (eventos) como igualmente construtos, mas não determinismos, principalmente de um inconsciente seja ele pessoal ou coletivo mas sempre nebuloso.
[editar] Definições do senso comum
- Ação do indivíduo ou grupo sem o intuito ou vigilância da área central de consciência.
- Conjunto de processos e/ou fatos que atuam na conduta do indivíduo ou construindo a mesma, mas escapam ao âmbito da ferramenta de leitura e interpretação e não podem, por esta área, ser trazidos a custo de nenhum esforço que possa fazer um agente cujo sistema mental não possui o treinamento adequado. Essas atividades, entretanto, costumam aflorar em sonhos, em atos involuntários (sejam eles corretos e inteligentes ou falhos e inconsistentes) e nos estados alterados de consciência.
[editar] Definições concorrentes
- Visão determinista: Alguns entendem o inconsciente como ações inconscientes baseadas em informações do passado, experienciadas ou noticiadas.
- Visão reducionista: O inconsciente é entendido como um neologismo científico reducionista para não explicar ou negar os estados alterados da consciência.
[editar] Alterações da Consciência
- Alterações Normais: SONO (é um comportamento e uma fase normal e necessária. Tem duas fases distintas, que são: sono NÃO-REM e sono REM) e SONHO (vivências predominantemente visuais classificadas por Freud como um fenômeno psicológico "rico e revelador de desejos e temores"
- Alterações Patológicas: qualitativas e quantitativas.
- Qualitativas:
- Rebaixamento do nível de consciência: compreendido por graus, está dividido em 3 grupos principais: obnubilação da consciência(grau leve a moderado - compreensão dificultada), sopor(incapacidade de ação espontânea) e coma(grau profundo - impossível qualquer atividade voluntária consciente e ausência de qualquer indício de consciência). - Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência: 1. Delirium (diferente do "delírio", é uma desorientação temporoespacial com surtos de ansiedade,além de ilusões e/ou alucinações visuais) 2. Estado Onírico (o indivíduo entra em um estado semelhante a um sonho muito vívido; estado decorrente de psicoses tóxicas, síndromes de abstinência a drogas e quadros febris tóxico-infecciosos) 3. Amência (excitação psicomotora, incoerência do pensamento, perplexidade e sintomas alucinatórios oniróides) 4. Síndrome do cativeiro (a destruição da base da ponte promove uma paralisia total dos nervos cranianos baixos e dos membros)
- Quantitativas:
1. Estados crepusculares (surge e desaparece de forma abrupta e tem duiração variável - de poucas horas a algumas semanas) 2. Dissociação da consciência (perda da unidade psíquica comum do ser humano, na qual o indivíduo "desliga" da realidade para parar de sofrer) 3. Transe (espécie de sonho acordado com a presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários) 4. Estado Hipnótico (técnica refinada de concentração da atenção e de alteração induzida do estado da consciência)
[editar] Bibliografia sobre consciência
- FRANK, M. 2002. "Self-consciousness and Self-knowledge: On Some Difficulties with the Reduction of Subjectivity". Constellations 9(3):390-408.
- DALGALARRONDO, P. 2000. "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais". Porto Alegre: Artmed Ed.
- REIMÃO, R., ed. Sono estudo abrangente. 2 ed. São Paulo, Atheneu, 1996.
- REIMÃO, R., ed. Sono: Atualidades. São Paulo, Associação Paulista de Medicina, 2006.
- ROSSINI, S., ROVERE, H.D., COELHO, A.T., LORENZINI, L.M., REIMÃO, R. A clínica, a pesquisa e o ensino em Medicina do Sono: inserção do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. In V Simpósio Internacional de Sono, XIV Simpósio Brasileiro de Sono, VII Congresso Paulista de Sono, 2006. Sono: Atualidades. São Paulo, Associação Paulista de Medicina, 2006. p. 200-1.