Discussão:Escala de Furacões de Saffir-Simpson
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VENTOS, CICLONES E FURACÕES
Dermival Moreira dos Anjos
A atmosfera terrestre pode ser vista como um grande palco onde se manifestam e ganham força os fenômenos meteorológicos. Muitos são os agentes que atuam e determinam o desencadeamento deste ou daquele fenômeno, constituindo-se nos protagonistas responsáveis pela grande variedade climática encontrada em todo o planeta.
A terra recebe diariamente grande quantidade de energia solar que não é distribuída - nem tão pouco absorvida – de forma uniforme por todo o globo. Isso se deve a vários fatores: exposição desuniforme da atmosfera terrestre aos raios solares, cuja intensidade é determinada pela latitude (distância perpendicular à linha do equador); à inclinação do eixo da terra em relação à elíptica planetária, fator responsável pela existência das quatro estações; à irregularidade da disposição espacial das massas líquidas (oceanos) e sólidas (continentes) no globo; às diferenças de temperatura e pressão atmosféricas, condicionante essencial aos deslocamentos das massas de ar, os ventos; e, a outras forças secundárias, que participam da formação da complexa configuração do clima terrestre.
De todos os fenômenos meteorológicos, sem dúvida os furacões estão entre aqueles que causam maior apreensão e pânico às populações, pelo espetáculo de horror e destruição que protagonizam. Mas o que é um furacão? A palavra “furacão” tem origem indígena e remonta à mitologia dos “maias” – habitantes primitivos da América Central. Segundo a crença, o Deus “Huracan” se incubia da tarefa de construir e reconstruir a natureza, sendo esse o motivo da associação do seu nome às grandes tormentas que sacodem a região. Os espanhóis adaptaram a pronúncia ao seu idioma e a nova palavra passou a ser sinônimo dessas manifestações. A partir daí, o nome “huracán” foi co-optado à terminologia de vários idiomas: inglês, “hurpitace”; francês, “ouragan”; italiano, “uragano”; português, “furacão”, etc.
As alterações nas massas de ar – expansão ou contração das moléculas -, desencadeadas a partir das diferentes forças que regem o clima na terra, dão origem a zonas com diferentes condições de temperatura, umidade e pressão. Essas áreas se distribuem temporal e espacialmente no globo, onde, junto às condições de domínio da maritimidade ou continentalidade, irão caracterizar o clima de uma determinada região. É sobre os oceanos que estão as grandes áreas de alta pressão atmosférica, marcada pelas calmarias (tão temidas pela navegação à vela), por baixíssima pluviosidade e por uma alta taxa de evaporação. As áreas de alta pressão são o “grande berçário” de onde divergem os ventos, rumo às depressões atmosféricas (áreas de baixa pressão). Os ventos úmidos aumentam de intensidade à medida que se aproximam da zona de baixa pressão, quando iniciam uma espécie de redomoinho gigante e passam a girar em torno de um ponto mínimo de pressão atmosférica – o “olho” do furacão. Ao passo que rodopia, a grande espiral de nuvens também se desloca através das latitudes, empurrada por outras forças, normalmente um sistema polar frontal.
Furacão é um ciclone de grandes proporções, cujos ventos ultrapassam 120 km/h de velocidade, sendo que, nos eventos mais fortes, os ventos periféricos poderão atingir 300 km/h. Para classificar os furacões as agências meteorológicas utilizam a escala “suffir-simpsom” que vai de 1 a 5, e cujo critério é baseado na intensidade dos fenômenos, medida pelos danos que causam à propriedade material e à vida. A força destruidora de um furacão de nível 5, - como o que atingiu Nova Orleans, nos EUA - é considerada catastrófica e destrói praticamente tudo que está na sua rota. Os ciclones que periodicamente atingem o Golfo do México, Caribe e Sudeste dos Estados Unidos têm sua origem na imensa área de alta pressão estacionada na faixa tropical do atlântico norte, próxima à costa Africana. Tendo o calor como sua fonte primária de energia, a origem dos furacões está diretamente ligada às altas taxas de evaporação e umidade verificadas nesses ambientes. Isso explica o fato do fenômeno ocorrer com maior freqüência no verão e no outono.
As mudanças climáticas por que tem passado o planeta, já se faz sentir na magnitude dos ciclones. Instituições científicas especializadas já constataram que esses fenômenos vêm aumentando de intensidade pelo que afirmam já ser um reflexo de tais mudanças, que têm na alternância dos "extremos climáticos" seu sinal mais revelador. Exemplo claro dessa afirmação são os ciclones extra-tropicais no sul do Brasil que, pela forma como têm se manifestado, começam a assumir proporções de furacões de categoria 1 e 2, com ventos de mais de 140 km/h, conseqüência do aumento da temperatura e da maior taxa de evaporação no atlântico sul.
Dermival Moreira dos Anjos é bancário e acadêmico de geografia na UFPE. dermi_rec@hotmail.com
