Espeleologia em Portugal
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Os primeiros registos da actividade espeleológica no nosso país datam de 1758, ano em que o Padre Manuel Dias descreveu a exsurgência dos Olhos de Água. Em 1854 foram publicados os escritos das escavações em grutas da região de Condeixa, da autoria de Costa Simões e em 1872 foi publicado, no Diário Ilustrado nº 127, a descrição de uma visita à Gruta das Alcobertas, da autoria de B. Soveral. A realização em Lisboa do IX Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, em Setembro de 1880, incluiu uma visita às grutas do Poço Velho em Cascais, importante necrópole neolítica, o que contribuiu decisivamente para o nosso reconhecimento no estrangeiro. Desde essa data até aos finais do século XIX, Portugal acompanhou a evolução europeia nestes domínios, publicando e apresentando em congressos internacionais diversos trabalhos sobre grutas nacionais. Os investigadores estrangeiros não ficaram indiferentes a este caudal de informação e antes do virar do século começaram a trabalhar nas nossas grutas, quer na área da antropologia quer na da biologia e hidrogeologia. Entre estes salienta-se P. Choffat que em 1891 iniciou a sua actividade em Portugal, cujos trabalhos se revestem de grande importância para o conhecimento geológico do país. No princípio deste século renovam-se as visitas de cientistas estrangeiros (W. Brindley, G. Eugenaud e E. Harlé), mas foi apenas nos anos vinte que estudiosos mais distintos nos visitaram, como H. Breuil, R. Jeannel, E. Racovitza e E. Fleury. Este último publicou em 1923, o livro "Portugal Subterrâneo" e devido ao seu contributo nos campos da geologia e geoespeleologia nacionais pode ser considerado o pai da espeleologia em Portugal. Na década de trinta verificou-se uma retoma dos portugueses aos trabalhos nas áreas da arqueologia e biologia. Na década de quarenta aparecem os primeiros espeleólogos, os quais começam como auxiliares e colaboradores das expedições científicas e que posteriormente se agrupam, tornando-se assim autónomos. Ainda nos anos quarenta surgiu o primeiro inventário de cavidades portuguesas, publicado na revista científica e literária de Coimbra "O Instituto" (1945). Em 1948 é publicado um verdadeiro inventário das cavernas calcárias de Portugal, da autoria de Bernardino e António B. Machado. A. F. Martins em 1949 publica um estudo global da geografia física do Maciço Calcário Estremenho.
Com a descoberta das grutas dos Moinhos Velhos um grupo de nove amigos: José Brun da Silveira, Eduardo Vicente, Francisco José de Abreu, Jorge Tiago Ferreira, José Afonso Amaral, Armando Morais de Carvalho, Mário Monteiro, José de Andrade Franga e Telmo Augusto Pereira, reunidos numa mesa do café Paladium, em Lisboa, em 16 de Novembro de 1948 resolvem criar a Sociedade Portuguesa de Espeleologia "com o fim de se dedicarem a pesquisas espeleológicas e ciências afins". Está então, iniciado o estudo organizado das cavidades portuguesas.
Em 1956 e 1957 foram publicados estudos regionais sobre a Beira Litoral da autoria de A.F. Soares, L.N. Conde e A.F. Tavares. Nos anos 60 a espeleologia começou a evoluir fora dos meios universitários e científicos: foi ainda na década de 60 que se formaram vários clubes de espeleologia e que surgiram os primeiros cursos de formação. Na década de 70 a formação de espeleólogos passou a ter melhor qualidade, começando espeleólogos portugueses a realizar estágios em França e os clubes a apostar em cursos de formação. Em 1973 tem lugar o 1º Encontro Nacional de Espeleologia. Na década de 80 surgiram mais duas publicações de natureza espeleológica: O Mundo Subterrâneo, da Associação de Espeleólogos de Sintra (1980) e EspeleoDivulgação, do Núcleo de Espeleologia da Associação de Estudantes da Universidade de Aveiro (Junho de 1982). As explorações estrangeiras a Portugal foram retomadas em 1983, com a realização de uma expedição francesa à nascente do Alviela. Em 1985 é publicado o livro "Grottes et Algares du Portugal" de C. Thomas; no mesmo ano o seu trabalho, juntamente com o SAGA - Sociedade dos Amigos das Grutas e Algares, na gruta do Almonda tornaram esta cavidade na 1ª do "ranking" nacional. Em Agosto de 1987 realiza-se mais uma expedição francesa ao nosso país, constituida por 12 espeleólogos e 8 mergulhadores que exploraram alguns algares e mergulharam as Nascentes do Alviela e Almonda, chegando na primeira a 425 metros de distância e atingindo a cota de mergulho de - 60 metros. No ano seguinte, uma outra expedição francesa à nascente do Alviela, desta feita com uma equipa da Comissão de Mergulho Subterrâneo da F.F.E.S.S.M., atingiu a cota dos -78 metros e topografa 820 metros de galerias. Em 1990 surgiu mais uma publicação versando o território continental, o livro de Lúcio Cunha "As Serras Calcárias de Condeixa - Sicó - Alvaiázere. Estudo de Geomorfologia". A partir de 1998 os espeleólogos do Núcleo de Espeleologia de Condeixa começam a participar em explorações de ponta nas montanhas dos Picos de Europa, em Espanha.
Em 2006 os espeleólogos do NEC, Samuel Ribeiro e Fernando Pinto participaram na exploração da J-02 situada na Sierra Juarez no México. Esta cavidade prevê-se que seja a mais funda do mundo, com um potêncial que ultrapassando os 2500 metros de profundidade. Terminada a expedição os 2 portugueses não foram além dos 1200 metros de profundidade pois toda a exploração terminou por ali devido aos sifões difíceis de ultrapassar. No mês de Julho, na região francesa de Vercors, o espeleólogo Pedro Pinto, participou com espeleólogos espanhóis, franceses, italianos e uma portuguesa, numa expedição à famosa Gouffre Berger, a primeira cavidade -1000m da história da espeleologia. Alcançando na madrugada do dia 25 a cota -1122 metros, tornando-se no terceiro português a descer abaixo da mítica marca de -1000m.
[editar] Ligações externas
- Blog - Profundezas...
- Espeleologia
- - Associação dos espeleólogos de Sintra
- - Fórum Espeleológico
- FPE - Federação Portuguesa de Espeleologia
- CEAE - Centro de Estudos e Actividades Especiais
- NEC - Núcleo de Espeleologia de Condeixa
- NECA - Núcleo de Espeleologia da Costa Azul
- NEUA - Núcleo de Espeleologia da Associação de Estudantes da Universidade de Aveiro