Expressionismo alemão
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EXPRESSIONISMO ALEMÃO
O expressionismo alemão é uma vanguarda artística de forte crítica social que surgiu entre o final do século XIX e o começo do XX. A época foi marcada pelo desamparo e o medo da sociedade que passara, recentemente, pelo processo de unificação da alemanha, mas que ainda era deveras atrasada industrialmente. Não só ocorriam mudanças políticas e econômicas, mas também intelectuais e culturais: foram rompidas as crenças religiosas – principalmente a católica – e a existência de um Deus já não mais era incontestável, aumentando ainda mais os questionamentos a cerca dos mistérios da vida e da morte. O homem agora era responsável por si próprio e por seu futuro; a vida após a morte já não era certa. Foram tais incertezas que resultaram no medo, na angústia, na solidão, nos sentimentos mais sombrios que uma sociedade inteira poderia sentir.
A partir de todos esses fatores, intelectuais como Freud e Nietzsche começaram a estudar o consciente e inconsciente humano, bem como indagaram sobre a natureza humana em sua forma mais pura; Van Gogh e Gauguin - com sua expressividade teatral dos traços (muitas vezes sombrios) - foram as principais fontes de inspiração para a criação de um dos mais importantes movimentos artísticos do expressionismo alemão: A Ponte ou Die Brücke (1905). O nome foi escolhido com base numa passagem de “Assim falou Zarathustra” (Also sprach Zarathustra, 1885), de Nietzsche e possui uma intenção prática que é a de estabelecer uma passagem (ponte) entre a arte contemporânea e a arte do futuro, negando a arte alemã neo-romântica e criando um contato íntimo com a natureza e a realidade. Ao mesmo tempo, uma Alemanha recém-nascida industrializava-se rapidamente na tentativa de acompanhar os outros países da Europa; as primeiras criações do grupo (feitas em preto e branco) usavam uma técnica antiga, a xilogravura, e tal uso pode ser entendido como uma releitura de conceitos antigos e populares e como uma negação a tudo que fosse artificial e industrializado. Apesar de ter deixado de existir em 1913, o movimento ainda serviu de influência para um dos segmentos artísticos que teve maior avanço e destaque na época, o cinema alemão, que seguiu a sombriedade da vanguarda expressionista. Seu auge se deu com o consagrado filme “O Gabinete do Dr. Caligari” (, 1919) que possui uma forte crítica social na medida em que deforma a cidade e mostra o desamparo e a aflição da população. O filme enaltece uma das mais marcantes características do expressionismo alemão que são as linhas de perspectiva sempre em diagonais, causando uma sensação de desproporcionalidade e perda do equilíbrio (negando, assim, as usuais linhas verticais e horizontais). Outra grande característica do filme são as expressões faciais extremamente marcadas, que não só aproximam os personagens a um exagero teatral, como relacionam o cinema com as artes plásticas e retomam os ideais da Ponte. Ambas as características podem ser entendidas como metáforas criadas pelos artistas na busca de concretizar suas críticas sociais, sendo a primeira relacionada à conturbações políticas e sociais e a segunda relacionada aos sentimentos da sociedade em si.
Finalmente, pode-se concluir que o expressionismo alemão foi uma vanguarda de extrema importância na evolução da sociedade alemã. Não apenas porque mostrou de forma explícita a agonia, a angústia e a falta de esperança a que estava submetida, mas porque superou o comum com uma linguagem própria, permitindo a comunicação das emoções e a reflexão da imagem interna da sociedade alemã e pela qual se fez possível a recriação de valores.
[editar] Ver também
- Expressionismo
- Movimentos do expressionismo alemão nas artes plásticas: