Guilherme Isnard
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A carreira do designer, cantor e compositor Guilherme Isnard é, no mínimo, curiosa. Já foi estilista, arquiteto e decorador, redator de tele-sexo e gerente de restaurante e nigth club, já cantou rock’n’roll e samba de teleco-teco. Parece o samba do crioulo doido, mas existe uma coerência. A trajetória profissional desse carioca autodidata principia nos anos 70, quando seu talento e criatividade como fashion designer o trouxeram a São Paulo para desenhar as coleções de algumas das maiores marcas nacionais (Zoomp, Ellus, Zapping entre outras). Ainda envolvido com o mundo da moda, teve a oportunidade de mostrar seus dotes como arquiteto e decorador, tendo seu primeiro projeto para a loja da ICE incensado em edição especial do design Brasileiro da revista Casa Vogue de 1983. No início dos anos 80, Isnard encontrou finalmente seu grande veículo de expressão, a música. E foi ainda em plena ditadura que ele assumiu os vocais da banda “Voluntários da Pátria” e deu-se a conhecer ao público como um cantor de voz potente e atitude política. Mas foi a partir de 83 que Guilherme pode finalmente cantar suas próprias composições, fundando a banda ZERØ.
Compositor inspirado, logo se destacou na cena underground paulista como o grande cantor romântico de sua geração. Em 1986, conquistou o grande público e um Disco de Ouro pela vendagem de 120.000 cópias do álbum de estréia do ZERØ "Passos no Escuro", um clássico da expressão da época e, até hoje, um dos mais pirateados em CD. Isnard sempre foi um artista com conceito e opinião, o que lhe valeu, àquela altura, a alcunha de polêmico, que passou a adjetivar seu nome em todas as matérias jornalísticas. O "polêmico" Guilherme Isnard, como era agora conhecido, foi convidado a escrever crônicas e ensaios mensais para a primeira das revistas "modernas" brasileiras, a HV do grupo Carta Editorial. Seu primeiro artigo "O Bi-sexualismo" dava a tõnica do que se seguiria. No começo dos 90, dispôs-se a ampliar seus horizontes como intérprete, dividindo os palcos com o famoso sambista Miltinho intérprete da célebre “Mulher de 30”, quando travou contato com a maravilhosa obra de Luiz Antônio ("Lata D’Água na Cabeça", "Menina Moça", etc...) e, distante do rock, passou a compor sambas extemporâneos.
De 92 a 96: pausa... As necessidades estruturais de um quarto casamento, aliadas ao seu paladar gourmet e suas origens francesas, colocam Guillaume Achiles Clair-Marie Isnard (esse é seu verdadeiro nome) no comando administrativo de casas como o Le Maxim’s de Paris e Allons Enfants!, no Rio de janeiro. Em 96, retorna aos palcos com o nobre propósito de homenagear a obra do então amigo Luiz Antônio, em um show comemorativo dos anos dourados da música popular brasileira. A homenagem reverenciou em vida o mestre e amigo, que veio a falecer no mês seguinte. O baque obriga o nosso personagem ao recolhimento e é nesse recolhimento doméstico que Isnard, em 97, decide reativar a carreira com um show solo. consegue lançar em 2001, após 15 anos de silêncio comercial, o novo CD do ZERØ - "Electro Acústico" - que vendeu 10.000 cópias no circuito independente.
Após o retorno em 99 o ZERØ não parou mais, o sucesso do CD independente motiva a gravadora EMI a relançar os dois primeiros LPs remasterizados no belo “Obra Completa” de 2003. Atualmente o ZERØ excursiona por todo o país com a nova formação que tem Isnard nos vocais, Jorge Pescara no baixo, Yan França na guitarra e o estreante Vitor Vidaut na bateria. Essa formação acaba de gravar o primeiro CD apenas de inéditas em 17 anos o “Quinto Elemento” que está para ser lançado.
