Discussão:Jaime Lerner
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Uma história* que pode ser bastante elucidativa no que cerne o caráter de Jaime Lerner.
"... Cometo agora a ousadia de contar apenas um exemplo muito objetivo e inequívoco, do qual fui e sou testemunha. Em meados de 1999, a revista Caros Amigos (da qual sou editor) recebeu a denúncia de que, no Paraná, jagunços estavam perseguindo, assassinando e torturando militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), com a conivência e eventual participação da Polícia Militar (PM). Minha primeira reação foi de ceticismo. Afinal, o governador Jaime Lerner sempre fora apresentado pela "grande mídia" como um sujeito culto, "moderno", político de "primeiro mundo". E nunca aparecera nada sobre o assunto nos grandes jornais.
Mas a fonte era séria – João Pedro Stedile, o "satanizado" membro da direção nacional do MST –, e por isso fui ao Paraná para averiguar os fatos. Era tudo verdade. Obtivemos uma fita de vídeo, cedida por um oficial da PM-PR motivado por "conflitos de consciência", que mostrava uma "operação de despejo" de um acampamento do MST. Na fita, dezenas de camburões da PM cercam um acampamento, de madrugada (o que é proibido por lei), enquanto soldados, segurando cães ferozes, disparam para o ar tiros de pistolas e fuzis. Os barracos de lona são destruídos, as famílias (incluindo mulheres e crianças) são arrancadas da cama; os homens, nus ou seminus, são obrigados a deitar-se de bruços sobre o chão úmido gelado (a operação acontece em maio), as mulheres são ameaçadas de estupro diante dos filhos.
Apesar das evidências, o governador negou tudo, assim como o seu secretário de Segurança Pública, Cândido Martins de Oliveira, ou "Candinho" (mais tarde, implicado em escândalo de narcotráfico). Só que durante o "civilizado" governo Lerner haviam sido presos, até junho de 1999, mais de 200 integrantes do MST, seis comprovadamente torturados, 15 mortos, além de terem ocorrido outros 30 atentados e 41 ameaças de morte. A reportagem ganhou o Prêmio Vladimir Herzog (aliás, criado por iniciativa de Perseu Abramo, em 1977). Claro que nada disso foi noticiado pela "grande mídia", exceto por pequenas notas, aqui e ali."
- José Arbex Jr.
"O legado ético de Perseu Abramo e de Aloysio Biondi - Padrões de manipulação na grande imprensa"