Martinhada
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Martinhada, ou Revolta da Martinhada, foi um golpe político-militar desencadeado a 11 de Novembro de 1820, dia de São Martinho (daí o nome), por um grupo de chefias militares, ditos os exaltados, mas com o apoio de uma vasta coligação informal de grupos políticos e sociais, contra a governação da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino. O golpe foi o produto de uma aliança contra-natura entre os militares mais conservadores e os burgueses mais radicais, com relevo para os grupos mais conservadores do exército e da sociedade.
Os golpistas pretendiam o afastamento imediato dos liberais mais moderados, capitaneados por Manuel Fernandes Tomás, que então dominavam a política portuguesa, e a imediata adopção da Constituição de Cádis. Alguns dos seus membros iam ao ponto de pretender uma Constituição ainda mais liberal do que a espanhola. Na gíria política do tempo, a Martinhada também aparece referida como o imbróglio ou a pavorosa.
Entre os envolvidos estavam o brigadeiro Gaspar Teixeira de Magalhães e Lacerda, o brigadeiro António da Silveira Pinto da Fonseca, Joaquim Teles Jordão e Bernardo de Sá Nogueira.
A Martinhada teve sucesso efémero, já que a 17 de Novembro ocorre um contra-golpe vitorioso que repõe Manuel Fernandes Tomás no poder e, com ele, frei Francisco de São Luís e José da Silva Carvalho. Em consequência, alguns dos líderes do processo (Gaspar Teixeira de Magalhães e Lacerda, António da Silveira Pinto da Fonseca e Bernardo de Sá Nogueira) são forçados ao desterro. A Constituição de Cádis é apenas parcialmente adoptada, restringindo-se o seu uso às instruções eleitorais. Daí resultou a adopção, a 22 de Novembro de 1820, de novas instituições para a eleição de deputados, constituídas segundo o método espanhol de Cádis.
Com essas instruções, as eleições para as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa realizam-se entre 10 e 27 de Dezembro.