Memorial Irmã Dulce
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MEMORIAL IRMÃ DULCE EM SALVADOR, BAHIA
Aumenta a cada dia o número de turistas, devotos e peregrinos que visitam o Memorial Irmã Dulce, localizado no complexo onde funciona o Hospital Santo Antonio, no Largo de Roma, em Salvador,Bahia. O crescimento expressivo do fluxo de visitantes é reflexo da grande campanha de divulgação do turismo religioso em Salvador, de abrangência nacional, lançada recentemente pela prefeitura municipal de Salvador. O projeto pretende incluir a cidade nos roteiros religiosos, a exemplo de outras cidades brasileiras, como Aparecida, em São Paulo, e Juazeiro do Norte, no Ceará, e no exterior - Santiago de Compostela, na Espanha, e Fátima, em Portugal - mundialmente conhecidas por quem procura opções diferentes de passeio.
A iniciativa se deve ainda ao fato de Salvador possuir um ciclo de festividades religiosas, muitas das quais unindo o sagrado ao profano, porém sem integrar os principais roteiros indicados pelas agências de viagem como destino de fé. Pela forma unânime pela qual Irmã Dulce é relacionada à bondade e à caridade, sua imagem contribuirá para o sucesso desse projeto. A consolidação do Memorial como um ponto de visitação turística, vai também beneficiar a obra social de Irmã Dulce Bom, que depende da captação de recursos para amparar a população carente. As assessorias de Marketing e de Memória e Cultura da OSID, que co-idealizaram a campanha junto à prefeitura, ressaltam a utilização do viés religioso-cultural para trazer mais verbas para as Obras de Irmã Dulce, a partir do momento que se tornam mais conhecidas e visitadas tanto nacional quanto internacionalmente. A campanha visa ainda contribuir para fomentar o desenvolvimento urbano e econômico da Cidade Baixa por via da consolidação do Memorial como um ponto de visitação turística. “Uma campanha como essa contribuirá para o processo de beatificação que, por sua vez, garantirá a perenidade das Obras. Será muito mais fácil o trabalho de Irmã Dulce se tornar perene se for divulgado intensamente o seu carisma”, avaliou a assessora de Marketing, Mônica Melo.
Maria Rita Lopes Pontes, diretora da OSID – Obras Sociais Irmã Dulce, está entusiasmada com os resultados da campanha que tem o apoio dos agentes de viagens da Bahia: “Com esta forte divulgação nacional, o Memorial tem sido cada vez mais procurado pelos turistas e devotos de Irmã Dulce e cresce sua importância como ponto de visitação turística em Salvador. Isso tem contribuído bastante para que consolidemos a obra criada por Irmã Dulce, cuja vida foi dedicada ao amor ao próximo e à busca de recursos para amparar a população carente”.
O MEMORIAL: Uma exposição permanente guardando o legado de amor e caridade de Irmã Dulce,freira baiana que fundou a OSID - Associação Obras Sociais Irmã Dulce, mais importante instituição filantrópica do Brasil. Assim é o Memorial Irmã Dulce, inaugurado em 1993, um ano após a morte da freira. A cada ano, cerca de 50 mil pessoas visitam o local, situado num prédio anexo ao Convento Santo Antônio na sede da OSID, em busca da memória de Irmã Dulce. O hábito usado por ela, fotografias, documentos e objetos pessoais podem ser vistos no Memorial, que ainda preserva, intacto, o quarto de Irmã Dulce, onde está a cadeira na qual ela dormiu por mais de trinta anos por conta de uma promessa. Outros fatos marcantes da vida da religiosa são lembrados através de maquetes, livros, diplomas e medalhas. Entre as peças do acervo, está a imagem de Santo Antônio, do século XVIII, pertencente à família de Irmã Dulce, diante a qual ela costumava rezar. Nas Obras Sociais, ela costumava apresentar o santo aos visitantes como o "tesoureiro da casa". A visita ao Memorial se estende ao túmulo de Irmã Dulce, localizado na Capela do Convento Santo Antônio. Parte integrante do Memorial, o núcleo de Memória da OSID reúne hoje um acervo de mais de nove mil peças, ajudando a preservar e manter vivos os ideais de Irmã Dulce. O Memorial Irmã Dulce funciona num prédio anexo ao Hospital Santo Antonio, na Av. Bonfim, 161, Bairro de Roma, em Salvador, na Bahia.
VIDA E OBRA DE IRMÃ DULCE
Amar e servir aos mais necessitados, como se acolhesse o próprio Cristo. A vida de Irmã Dulce é o testemunho de que a fé e o amor incondicional ao próximo são capazes de superar muralhas e erguer uma obra visionária, inteiramente dedicada a atender àqueles entregues ao desespero por não terem mais a quem recorrer.
O albergue - improvisado em 1946 no galinheiro do Convento das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e que serviu para acolher 70 doentes que ela havia recolhido pelas ruas de Salvador, Bahia - se transformou numa obra grandiosa. As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) é a maior ONG de Saúde do Norte e Nordeste e a nona do país, atendendo em seus 12 Núcleos a mais de um milhão de pessoas carentes por ano. A entidade preserva ainda intactos os princípios de humanização e qualidade legados pela freira, assim como a disposição de sempre servir, resumida na frase: “Quando nenhum hospital aceitar mais algum paciente, nós aceitaremos. Esta é a última porta e, por isso, eu não posso fechá-la”.
A Causa de Beatificação e Canonização de Irmã Dulce, iniciada oficialmente em janeiro de 2000, pelo arcebispo de Salvador e cardeal primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, busca o reconhecimento, por parte da Igreja Católica, das virtudes e da determinação incansável com que a religiosa dedicou sua vida aos mais necessitados. No mesmo período, o Papa João Paulo II a distinguiu como Serva de Deus.
A fase Diocesana do processo (relativa à Salvador) durou um ano e meio. O trabalho foi desenvolvido pelos integrantes do Tribunal Eclesiástico - instituído por Dom Geraldo também em janeiro de 2000 - e pela Comissão Histórica (que coletou cerca de 5.000 páginas de depoimentos e documentos). O material - que atesta a fama de santidade em vida e as virtudes heróicas e cristãs da religiosa, sua fé, dedicação e perseverança na sua missão de assistência a crianças, doentes e idosos - foi recebido em Roma pelo chanceler da Congregação para a Causa dos Santos, comendador Giuseppe Cipriano, marcando o início da fase Romana.
No início de 2004, a Congregação deu parecer favorável, validando juridicamente o processo, com a conclusão do Positio (biografia resumida e contundente de Irmã Dulce). Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, a validação do Positio (que em latim significa posição em que se encontra o processo) representa a aprovação preliminar da Causa quanto à sua Canonicidade. “Concluída esta etapa, a Congregação passa à fase do Estudo Teológico das Virtudes Cristãs de Irmã Dulce. São examinadas, em pormenores, as virtudes sobrenaturais (como fé, esperança e, principalmente, caridade) e as demais virtudes que compõem a vida cristã da religiosa, a fim de que o reconhecimento da Igreja signifique, de fato, um exemplo a ser apresentado e seguido pelos fiéis”, explica o cardeal.
Para o postulador da Causa, Frei Paolo Lombardo, o processo de Beatificação e Canonização de Irmã Dulce será bem sucedido, porque lhe não faltaram depoimentos para atender a uma das maiores exigências da Congregação: a comprovação das virtudes daquele que pode ser elevado ao grau de santo. Conforme atesta o museólogo Osvaldo Gouveia, presidente da Comissão Histórica do processo, a participação popular foi realmente fundamental para o bom encaminhamento da postulação. Pessoas de outros Estados, e até de outros países, se uniram aos baianos e se mobilizaram em prol da Causa, contribuindo com testemunhos, cartas, bilhetes e fotos, peças fundamentais na tarefa de reconstruir a trajetória de vida da religiosa.