Mnemotécnica

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A mnemotécnica é uma técnica de estimulação da memória. Seu nome vem da deusa da memória, Mnemosyne.

Antes da invenção do primeiro alfabeto linear (por volta de 1700 a.C., pelos fenícios), todo o processo de transferência de informação era basicamente oral e, para tanto, esses povos precisaram desenvolver técnicas eficazes de memorização de forma a assegurar sua unidade política, social e religiosa. A arte da memória foi sendo deixada de lado com o advento da imprensa - que eliminou a necessidade de uma memória artificial.

Os antigos gregos consideravam a memória uma identidade sobrenatural ou divina: era a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que protegem as Artes e a História. A deusa Memória dava aos poetas e adivinhos o poder de voltar ao passado e de lembrá-lo para a coletividade. Tinha poder de conferir imortalidade aos mortais, pois quando o artista ou o historiador registram em suas obras a fisionomia, os gestos, os atos, os feitos e as palavras de um humano, este nunca será esquecido e, por isso, tornando-se memorável, não morrerá jamais.

[editar] Simônides de Céos

Conta a lenda que Simônides foi convidado pelo rei de Céos a fazer um poema em sua homenagem. O poeta dividiu o poema em duas partes: na primeira, louvava o rei e, na segunda, os deuses Castor e Polux. O rei ofereceu um banquete no qual Simônides leu o poema e pediu o pagamento. Como resposta, o rei lhe disse que, como o poema também estava dedicado aos deuses, ele pagaria metade e que Simônides fosse pedir a outra metade a Castor e Polux.

Pouco depois, um mensageiro aproximou-se de Simônides dizendo-lhe que dois jovens o procuravam do lado de fora do palácio. Simônides saiu para encontra-los, mas não encontrou ninguém. Enquanto estava no jardim, o palácio desabou e todos morreram. Castor e Polux, os dois jovens que fizeram Simônides sair do palácio, salvando o poeta, pagaram o poema. As famílias dos demais convidados desesperaram-se porque não conseguiam reconhecer seus mortos. Simônides, porém, lembrava dos lugares e das roupas de cada um e pôde ajudar na identificação dos mortos.

[editar] Método das jornadas

O método das jornadas é uma poderosa técnica de memória. Ela se baseia em lembrar-se de pontos de referência, onde serão colocados mentalmente os itens a serem memorizados. Essa jornada pode ser criada dentro de sua própria casa. Seu quarto seria o primeiro ponto de referência, o corredor o segundo, depois o banheiro, sala e assim por diante. Vamos supor que você quer memorizar uma lista de compras onde os primeiros itens são toalhas, carne, queijo e café. Supondo que seu primeiro referencial foi seu quarto, bastará que você imagine (de forma inusitada de preferência) várias toalhas no chão e na cama do seu quarto. Seguindo a mini-jornada exposta anteriormente, seu segundo ponto de referência seria o corredor. Para memorizar o item carne, bastará imaginar o corredor da sua casa cheio de pedaços de carne pelo chão. O mesmo acontece com o item queijo. Lembrando que no exemplo acima seu terceiro local da jornada é o banheiro de sua casa, imagine que um queijo gigante ficou preso dentro do seu vaso sanitário. Por fim, para memorizar café, basta imaginar a sala de sua casa toda suja de café derramado. Pronto. Para lembrar esses items bastará que você faça o percurso pelos locais de sua jornada mentalmente. Em campeonatos de memória, geralmente utiliza-se várias jornadas com 50 pontos de referência cada uma.

[editar] Ganchos baseados nas formas dos números

Memorizar números é dificílimo. Os ganchos nada mais são do que palavras fixas que substituem os números. Os ganchos nas formas dos números serão os primeiros ganchos a serem aprendidos. Para criar esses ganchos, basta você pensar em imagens mentais que realmente têm uma forma semelhante a forma dos números. A imagem mental que a maioria das pessoas escolhem para substituir o número 2 é um cisne. Isso porque o cisne realmente se assemelha a um número 2 bem rebuscado.

Abaixo seguem vários exemplos:

1. Lápis, caneta, pincel, vela... 2. Cisne, pato... 3. Coração, seios, bunda, montanha... 4. Cadeira, barco a vela, mesa... 5. Gancho, serpente, mulher grávida... 6. Io-iô, taco de golfe, cereja... 7. Bumerangue... 8. Óculos, ampulheta, mulher com corpo violão... 9. Pirulito, raquete de tênis, balão com cordinha... 10. Gordo e o magro, bola de boliche e pino

Agora, escolha uma imagem para cada número e crie sua própria lista.

Para memorizar qualquer lista de 10 elementos com suas respectivas posições, bastará que você associe a cada item da lista a imagem do número escolhida acima. Vamos supor que você quer memorizar a seguinte lista:

1. Raquete 2. Mesa 3. Computador 4. Faca 5. Avião 6. Clipe 7. Bola 8. Relógio 9. Bomba 10. Rosas

Se você tiver escolhido o cisne como substituto do número 2, bastará você criar uma imagem mental entre mesa e cisne. Você pode imaginar qualquer cena envolvendo a mesa e o cisne

[editar] Ganchos que rimam com números

Você achará bastante fácil o sistema de ganchos que rimam com números. O seu princípio é bem semelhante ao visto anteriormente. Agora em vez de substituirmos os números por imagens que se assemelham a forma dos números, iremos usar imagens que foneticamente se assemelham aos números. Mais uma vez será necessário criar associações coloridas, exageradas e ridículas.

1. Rum 2. Bois 3. Fez (gorro indiano, geralmente vermelho) 4. Prato 5. Brinco 6. Cesta 7. Gilete 8. Biscoito 9. Revólver 10. Jazz

Aplicações

Agora que você já aprendeu os dois sistemas de ganchos, você já é capaz de memorizar qualquer lista de 20 objetos em ordem crescente, decrescente ou aleatória. Basta que você estabeleça que um dos sistemas representará os números de 1 a 10 e o outro os números de 11 a 20.

Se você esquecer de algum item da lista, cheque se você não montou uma associação muito coloquial ou inexpressiva. Dê preferência para associações as mais ilógicas o possível.

[editar] Memorizando o calendário permanente

Para isso, você deverá memorizar as chaves de todos os meses. As chaves dos meses serão números a serem associados a cada mês. Para isso, irei criar uma historinha bem divertida para cada uma.

Janeiro: Janeiro é o primeiro mês. Assim, sua chave será 1.

Fevereiro e Março: Fevereiro e Março são meses em que comemoramos o carnaval. O Carnaval geralmente tem 4 dias. Assim, a chave desses dois meses será 4.

Abril: Abril é o mês da mentira. Aluno que mente tira zero na prova. Chave: 0

Maio: Maio é o mês das noivas. Para fazermos um casamento, precisamos de 2 pessoas. Chave: 2

Junho: Junho tem cinco letras. Chave: 5

Julho: Férias. Nas férias a gente tem 0 aulas. Chave: 0

Agosto: Agosto é o mês do desgosto. Agosto e desgosto tem três sílabas cada. Chave: 3

SEIStembro: O mês de SEIStembro é seis. Chave: 6

Ou1ubro: Escreva outubro substuindo o "t" por um 1 muito grande. Outra dica é pronunciar esse mês como UMtubro. Chave: 1

Novembro: Mês da república. República tem 4 sílabas. Chave: 4

Dezembro: No natal você queria comer 1 dúzia de nozes. Como você está de dieta, você vai comer só meia dúzia. Chave: 6

Para achar o dia da semana de qualquer data de qualquer ano, usaremos a seguinte fórmula:

DIA + CHAVE MÊS + CHAVE ANO - Maior multiplo de 7

Assim, o resultado obtido nos indica o dia da semana em questão, onde:

Domingo = 1

Segunda = 2

Terça = 3

Quarta = 4

Quinta = 5

Sexta = 6

Sábado = 0

Calculando as chaves dos anos de 1900 - 1999

Pegue os últimos dois dígitos do ano e divida-o por 7 e depois divida-o por 4. Some o quociente da divisão da divisão por quatro e o resto da divisão por 7. Subtraia o maior múltiplo de 7. O resultado é a chave do ano.

Exemplo

Ano de 1960:

60/7 -> resto 4 60/4 -> quociente 15

1960 => 4 + 15 = 19 19 - 14 = 5

chave 1960 = 5

Ajuste dos séculos

Para calcular as chaves dos anos de séculos diferentes do século XX, basta acrescentar a chave correspondente ao século XX o ajuste de séculos.

XVIII - Chave 4 XIX - Chave 2 XXI - Chave -1

Exemplo

1853

Chave de 1953 é 3. Para calcularmos a chave de 1753 somamos 4 (ajuste do século XIX) a chave de 1953.

chave = 3 + 2 = 5 chave 1853 = 5

Chaves dos anos mais recentes:

1999: Chave = 4

2000: Chave = 6

2001: Chave = 0

2002: Chave = 1

2003: Chave = 2

2004: Chave = 4

2005: Chave = 5

2006: chave = 6

Como podem ver, a chave dos anos 2004, 2005 e 2006 são 4, 5, 6, respectivamente, mas é apenas uma feliz coincidência.

Vamos supor que você quer saber o dia da semana em que caiu 12/07/1999

Usaremos a fórmula:

DIA + CHAVE MÊS + CHAVE ANO - Maior multiplo de 7

12 + 0 + 4 = 16

O maior multiplo de 7 que dá pra subtrair de 16 é 14.

Assim, 16 - 14 = 2

Segunda-Feira.

Outro exemplo:

29/12/2005

29 + 6 + 5 = 40

O maior múltiplo de 7 que conseguimos subtrair de 40 é 35.

Assim, 40 - 35 = 5

Quinta Feira.

EXCEÇÃO:

Quando o ano for bissexto e a data também estiver em janeiro e fevereiro (apenas nesses dois meses em anos bissextos), o dia da semana é o anterior ao calculado.

ex:

12/01/2004

12 + 1 + 4 = 17 - 14 = 3

Seria Terça-Feira. Como se trata de um ano bissexto (2004) e uma data de janeiro ou fevereiro, pegamos o dia anterior.

12/01/2004 = Segunda-Feira.