O Quarto do Mistério

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O quarto do mistério é um livro da autoria do escritor e psicanalista brasileiro Rubem Alves.

[editar] Resenha

Neste livro, Rubem Alves utiliza-se de uma recordação de infância, acerca de um quarto proibido, onde as crianças não eram autorizadas a entrar, para construir o corpo da metáfora deste texto. O quarto proibido simboliza, nesta metaforização, as zonas íntimas do ser humano as quais ele guarda a sete chaves, restrigindo o acesso a elas a apenas os amigos. O quarto do mistério coloca-se, nesta analogia, em oposição à sala de estar, onde costumamos receber as visitas, normalmente tendo tudo limpo e ordenado. O quarto do mistério é um ambiente pouco freqüentado e mantido trancado, sem rotinas de limpeza. O livro convida o leitor a conhecer o seu quarto do mistério, que muitas vezes é negado, devido ao desejo humano de ser aceito, amado e bem visto. Entrar no próprio quarto do mistério e vislumbrar todas as coisas feias e sujas que ali se escondem, entender o papel que essas coisas têm e o modo como elas compõem nosso eu, é a temática deste livro, que se apresenta da mesma forma que o quarto que lhe serve de alegoria, não sendo um livro propriamente didático, estruturado de forma cadenciada, é outrossim um amontoado de contos e crônicas que podem aleatoriamente compor a cena que o autor pretende pintar, ou ajudar o leitor a fazê-lo.

Rubem Alves retratado por André Koehne

[editar] Os textos

Os textos deste livro são majoritariamente republicações. Cada texto pode ser lido separadamente, sem necessariamente haver qualquer relação uns com os outros. A relação entre eles é intrínseca, não é literária. O elo que une e arremata os textos como sendo parte de um mesmo corpo é a própria humanidade do leitor, que pode encontrar-se em cada um deles e perceber subliminarmente que todos eles falam da mesma coisa, o mistério da alma humana sem pintura, maquiagem ou enfeite.

[editar] Excertos

[editar] À guisa de explicação

• "Sem uso, aquele quarto foi transformado em depósito de coisas velhas, onde não entrava vassoura nem espanador, porque não era preciso."
• "O quarto proibido é sempre aquele que a gente quer entrar."
• "A poeira acumulada sobre os móveis, as teias de aranha, o cheiro de mofo - tudo dizia que ali o tempo havia parado"
• "Acho que o meu fascínio pelo quarto do mistério se deveu ao fato de que, por dentro, eu sou como ele."
• "...cada pessoa, com sua sala de visitas limpa e ordenada, aberta à visitação geral, tem um fascinante quarto do mistério onde só se penetra roubando a chave."

[editar] As hortas e os jardins

• "As minhas memórias revelam o segredo daquilo que poderá me fazer feliz, no futuro. Felicidade é sempre um reencontro."
• "Jardim, cada um tem o seu. Se nãoplantado por fora, está plantado por dentro."
• "Uma horta é um bom lugar para começar. E para continuar, até acabar. Seria bom saber que alguém colherá coisas que nós semeamos, depois de nossa partida, e as plantas continuarão, como um gesto de amor nosso."

[editar] O consultório

• "Trabalho como um artista. Olho para meus pacientes como lugares misteriosos onde a beleza se esconde em meio a entulhos. Meu objetivo é ajudá-los a se perceberem como fragmentos de uma obra de arte quebrada, a ser restaurada, para que sintam a fellicidade suprema de se verem belos."
• "Também os sonhos. A questão não é acreditar neles. Eles são erupções de mistério."

[editar] O altar

• "Eles pensam que a verdade é coisa fina e até inventaram um jeito engraçado de escrever, tudo sempre no impessoal, como se o escritor não existisse, e assim o texto parece que foi escrito por todos e por ninguém. E foi por causa deste frio que se interditou o aparecimento da beleza e do engraçado nos textos da ciência. O saber deve ser coisa séria, sem sabor."
• "Faço teologia como respiro. Não é para ter relevância."
• "A vida inteira ouvimos falar mal dela (a morte). E as religiões até fazem tudo para matar a morte, para que não haja crepúsculos no mundo, para que o sol esteja permanentemente a pino."

[editar] Contracapa

"(...) Assim é este livro: quarto proibido, textos esquecidos no tmpo, solitários, não formam sala de visitas, bela cena, cada texto é um universo completo em si mesmo, sem precisar nem de antes nem de depois, não há ordem certa de leitura, como nãoã há ordem certa para se ver um cenário. Só tem um detalhe: no quarto proibido só entram os amigos..."

Rubem Alves

[editar] Livros do mesmo autor

• Por uma educação romântica
• A Escola que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir
• Conversas com quem gosta de ensinar
• Estórias de quem gosta de ensinar
• Tempus Fugit
• A alegria de ensinar
• As contas de vidro e o fio de nylon
• Concerto para corpo e alma
• O amor que acende a lua
• O patinho que não aprendeu a voar
• A volta do pássaro encantado
• A pipa e a flor

Rubem Alves
Livros: A Pipa e a Flor - A Pipa e a Flor (teatro) - A volta do pássaro encantado - Lista de publicações de Rubem Alves - O Quarto do Mistério - O patinho que não aprendeu a voar - Por uma educação romântica - Tempus Fugit
Ver também: Teologia - Psicanálise - Educação - Adélia Prado - Nietzsche - Fernando Pessoa
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