Orlando Cavalcanti
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Orlando Cavalcanti (Formiga, 1910 — Belo Horizonte, 1982) foi um poeta, ensaísta e jornalista brasileiro.
Formado em Direito pela UFMG em 1932, dedicou-se ao jornalismo desde os tempos de faculdade, colaborando nos jornais Estado de Minas e O Diário, ambos da capital mineira. Entre seus livros de poesia destaca-se Rosa Noturna. Autor de ensaios políticos, ganhou edições sucessivas o seu volume Os insurretos de 43, análise das origens, motivações e conseqüências do Manifesto dos Mineiros, libelo contra a ditadura de Vargas. Funcionário da Câmara Municipal de Belo Horizonte, foi Diretor-Geral daquala casa, cargo em que se aposentou.
[editar] Um poema de Orlando Cavalcanti
FAVELA
Favela do tempo quente,
da navalha e do trabuco,
das piabas de Pernambuco
que rebrilham no conflito.
Favela negra e valente,
que se agita a noite inteira
e que acaba a bebedeira
no cimento do Distrito.
Favela alegre do samba,
da cuíca e do pandeiro,
do mulato macumbeiro
que faz despachos tão bem.
Daquele moleque bamba
que canta na serenata
e que tem mulata
que é boa como ninguém.
Da cabrocha gingadeira
que roda como pião,
que samba de pé no chão
três dias de Carnaval;
que dorme e sonha na esteira,
que bebe e diz nome-feio,
e que enfrenta sem receio
a Polícia Especial.
Dos botecos de cachaça,
da chapinha e da maconha,
do malandro sem-vergonha,
que fuma e cospe de banda.
Da negra cheia de graça,
da negra cheia de dengo,
que torce pelo Flamengo
e imita Carmen Miranda.