Queratoconjuntivite adenoviral
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Queratoconjuntivite adenoviral, queratoconjuntivite adenovírica ou queratoconjuntivite epidémica é uma doença vírica aguda do olho, causada por Adenovírus.
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[editar] Etiologia
Existem vários serotipos de Adenovírus conhecidos por serem os responsáveis por causarem esta patologia, sendo mais frequentes os tipos 8, 19 e 37. Os tipos 8, 5 e 19 estão associados a quadros clínicos mais severos da patologia.
[editar] Epidemiologia
Com uma distribuição presumivelmente mundial, ocorreram casos esporádicos e epidemias na Ásia, Hawaii, América do Norte e Europa.
O reservatório da doença são os seres humanos, sendo a transmissão realizada através do contacto directo com as secreções do olho de uma pessoa infectada e indirectamente através de superfícies, instrumentos ou soluções contaminadas.
A nível industrial, a origem das epidemias concentra-se no local onde se realizam os primeiros socorros ou se dá outro tipo de apoio médico para os traumatismos oculares menores, ocorrendo a transmissão através de dedos, instrumentos ou outros itens contaminados. Surtos similiares ocorrem em consultórios médicos e clínicas oftalmológicas. Quando os profissionais de saúde contraem a doença, são potenciais fontes de infecção.
A transmissão familiar é comum, sendo mais frequentemente introduzida por crianças.
O traumatismo ocular - mesmo que minor -, bem como a manipulação do olho, aumentam o risco de infecção.
O período de incubação da doença varia entre os 5 e os 12 dias, embora posso apresentar intervalos maiores.
O período de transmissão da doença incia-se no final do período de incubação e pode ser muito prolongado, embora a média seja de 14 dias.
Existe, normalmente, uma imunidade específica completa para o serotipo que causou a infecção adenovírica.
[editar] Quadro clínico
Esta patologia ocular pode apresentar-se uni ou bilateral, sendo caracterizada pela inflamação das conjuntivas e edema das pálpebras e tecido periorbital, visão enevoada, podendo ser concomitante com ligeira hipertermia, cefaleias, mal-estar geral e linfoadenopatia pré-auricular.
Cerca de 7 dias após o início da sintomatologia, cerca de metade dos casos apresentam pequenos infiltrados subepiteliais na córnea, os quais podem originar erosões que coram com fluoresceína.
A duração da conjuntivite aguda é de cerca de 2 semanas, embora a queratite possa continuar a evoluir, originando discretas opacidades subepiteliais que podem interferir com a visão durante algumas semanas. Nos casos mais graves, podem existir cicatrizes permanentes.
[editar] Exames complementares de diagnóstico
O diagnóstico é confirmado com a detecção do vírus em culturas celulares inoculados com esfregaços conjuntivais. O vírus pode ser observado por imunofluorescência ou microscopia electrónica. O antigénio viral pode ser detectado por método de ELISA. Títulos de serotipos específicos podem ser detectados através dos testes de ELISA, neutralização do soro ou neutralização da hemaglutinização.
[editar] Medidas de controlo
[editar] Medidas preventivas
- Educação dos doentes sobre a higiene pessoal e o risco associado à utilização partilhada de toalhas e produtos de higiene.
- Evitar partilhar soluções oftalmológicas, produtos de maquilhagem, instrumentos oftálmicos ou toalhas.
- Cuidados de assépsia durante procedimentos médicos oftalmológicos:
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- lavagem das mãos entre a observação de diferentes doentes;
- esterelização sistemática dos instrumentos após utilização;
- desinfecção de alto nível nos instrumentos que tiveram contacto com conjuntivas e pálpebras;
- utilização de luvas no exame de doentes com queratoconjuntivite epidémica, suspeita ou confirmada;
- utilização de material descartável, quando existente, nos produtos que entrem em contacto com conjuntivas e pálpebras;
- evicção laboral dos profissionais de saúde com conjuntivite.
- Em surtos persistentes, os doentes com esta patologia devem ser observados em estabelecimentos de saúde específicos e separados dos demais.
- Utilização de medidas de segurança, como luvas, nos cuidados de saúde a nível industrial.
[editar] Controlo do doente, contactos e ambiente
- Apesar de não ser uma doença de declaração obrigatória, os casos devem ser comunicados à Autoridade de Saúde.
- Os doentes devem utilizar toalhas e artigos de higiene separados durante a fase aguda, não devendo entrar em contacto com doentes não infectados (incluindo se são profissionais de saúde).
- Desinfecção das conjuntivas, secreções nasais e objectos relevantes; medidas de limpeza gerais.
- Identificação dos contactos e de fonte de infecção, de modo a quebrar a cadeia epidemiológica.
- Não se realiza tratamento específico durante a fase aguda. Quando as opacidades residuais interferem com a capacidade laboral, corticosteróides tópicos poderão ser administrados por um oftalmologista.
[editar] Medidas epidémicas
Além das descritas, organização de estabelecimentos de saúde para um diagnóstico rápido, estruturado de modo a eliminar ou minimizar o contacto de indivíduos infectados com não-infectados.