Simão de Trento
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Simão de Trento (1472 circa — 21 de Março de 1475) foi um rapaz de dois anos e meio que viveu na cidade de Trento.
O desaparecimento de Simão, tornou-se o motivo de uma grande difamação sanguinária ou Pogrom que deflagrou na Europa, com ramificações que duraram quase cinco séculos. Pouco depois de Simão desaparecer, Bernardo da Feltre, um pregador franciscano itinerante, fez uma série de sermões em Trento nos quais ele difamava a comunidade judaica de Trento. Na altura em que Simão desaparecera, por volta da páscoa em 1475, o seu pai concluiu que ele deve ter sido raptado e assassinado por judeus. De acordo com esta história, os judeus tinham sugado o sangue de Simão para usar na cozedura das suas matzás da páscoa judaica.
Os líderes da comunidade judaica foram presos e dezessete deles confessaram sob tortura. Quinze deles, incluindo Samuel, o chefe da comunidade foram sentenciados à morte na fogueira.
Entretanto, Simão tornou-se um símbolo de veneração para a igreja católica local. Mais de cem milagres foram atribuídos directamente ao "Pequeno São Simão" no ano imediatamente após o seu desaparecimento e o seu culto estendeu-se a toda a Itália e Alemanha. O seu culto foi confirmado (o equivalente da beatificação) em 1588 pelo Papa Sixto V e ele foi considerado um mártir e patrono das vítimas de sequestros e da tortura.
Em 1965, no seguimento do Concílio Vaticano Segundo, a Igreja começou a reinvestigar a história de São Simão e abriu de novo o processo. Finalmente acabaram por declarar o episódio de fraude, o culto de São Simão foi abandonado pelo Papa Paulo VI e o relicário erigido em sua honra foi desmantelado. Ele foi removido do calendário e a sua veneração futura foi proibida.
Em 2001 as autoridade locais da província de Trento organizaram um sermão ecuménico com católicos e judeus no local exacto onde se situava antigamente a sinagoga em Palazzo Salvadori, numa espécie de reconciliação entre a cidade e a comunidade judaica.
Apesar da generalidade dos historiadores acordarem na improbabilidade de Simão ter sido assassinado por Judeus, existem alguns poucos extremistas católicos que continuam a defender a tese. A causa do desaparecimento da criança permanece um mistério.
