Bartolomeu Bueno de Siqueira
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Bartolomeu Bueno de Siqueira foi um bandeirante nascido em Taubaté em 1653, companheiro de seu concunhado Antônio Rodrigues Arzão, herdou seus roteiros e descobriu ouro em Minas Gerais.
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[editar] Dados biográficos
Passara a juventude em jogos de parar e tafularias, dissipando a herança, mas sem ter perdido a consciência de sua posição. Sua irmã Maria Bueno de Siqueira casou com Manuel Ortiz de Camargo, filho do Capitão Fernando de Camargo, o Tigre, e de Mariana do Prado. Silva Leme descreve sua família no volume VII página 503 de sua «Genealogia Paulistana».
Era o terceiro dos oito filhos do bandeirante Lourenço Siqueira de Mendonça e de Maria Bueno, filha do grande sertanista Jerônimo Bueno, morto no sertão dos serranos em 1644. Casou em 1690 com Maria de Camargo, filha de Fernando Ortiz de Camargo o Moço e de Joana Lopes, sem geração. Almotacel em São Paulo em 1684, foi vereador da Câmara em 1692.
Desde 1670 andava no sertão, catando índios. Herdando o roteiro do cunhado, pôs-se a campo e, em meados de 1694, chegou às regiões de Congonhas e Suaçui. Após breve estada em Itaverava, alcançou a serra do Guarapiranga de onde, pela manhã, avistou os píncaros agudos de Arrepiados. Em razão da luz oriental, supôs mais próxima a serra e, seguindo, então, em sua direção, encontrou o rio Piranga. Descobriram ouro na Itaverava e remeteram amostras para o Rio de Janeiro.
Com a escassez de alimentos, Bartolomeu dividiu seus homens, deixando alguns sob o comando do capitão Miguel Garcia de Almeida e Cunha a cuidar de plantações de milho, e seguiu com os demais em direção ao que hoje se chama o rio das Velhas. Miguel Garcia, enquanto aguardava a produção das lavouras, fez incursões, chegando a alcançar o rio Gualacho do Sul, em cujo leito descobriu abundantes pepitas de ouro. Mais tarde, e após desentendimentos com Bartolomeu Bueno, embrenhou-se no Sertão do Guarapiranga, onde, numa emboscada dos botocudos, foi morto.
[editar] Outra versão
Escreveu-se sobre a bandeira de Bartolomeu Bueno de Siqueira: «Com olhos fitos no roteiro de Arzão, internados nos matos gerais, servindo-lhes de ponto fixo o cocuruto de algumas serras, sairam enfim na da Itaverava, plantaram 1/2 alqueire de milho - mas como a paragem fosse estéril de caça, demandaram a do rio das Velhas, em tanto que a plantação de que pretendiam viver não chegasse a estado de se aproveitar.» É de crer que Bueno dispendesse longo tempo, pois sua colheita de milho feita de volta do Rio das Velhas depois de um ano sobe ao ano de 1698.
«Chegados a Itaberaba, fizeram na terra as primeiras experiências e descobriram nela seu primeiro ouro - mas como esse descobrimento não fosse de grande lucro, prosseguiu o dito Manuel Ortiz de Camargo com seu filho Sebastião de Camargo a sua primeira derrota da ida da Casa da Casca, mas antes de chegar a ela teve a infelicidade de o matar o gentio, deixando só com a vida ao filho com mais alguns negros, com que este retrocedeu à viagem, retirando-se o gentio para o mato como natural dêle. Depois dêste descobrimento se animou a empreender um segundo Miguel Garcia de Almeida e Cunha, descobrindo na foz da serra do Itatiaia ribeirão a que deu o nome e é chamado agora o Gualacho do Sul. Mas como neste descobrimento se recusaram os Paulistas a dar partilha, nas suas lavras, aos de Taubaté, desconfiados estes lançaram sua Bandeira, e cabo dela Manuel Garcia, com tanta felicidade que em breve tempo se descobriu o celebrado e rico Ouro Preto.» Imagina-se que tenha percorrido a vertente dos corregos Tripui (o mais volumoso em águas, onde o mulato citado por Antonil ou Duarte Nunes teriam descoberto ouro antes, tendo-o vendido em Taubaté por meia pataca a Miguel de Souza…) e Passadez. «Nesses escuros grotões desciam ocultos pela galharia das árvores os córregos do ouro, até se espraiarem em brejos ou praias alvas, nos estuários do mais volumoso deles, o Tripuí, desde a garganta do Passadez até a cachoeira do Tombadouro, nas fraldas de serra do Itacolomi"…
Segundo Azevedo Marques, o principal cabo desta bandeira teria sido Carlos Pedroso da Silveira, companheiro de Arzão, ativo mateiro que desde 1683 andava com seus amigos Camargo no sertão; e Bartolomeu Bueno de Siqueira deve ter-se unido a ele em Taubaté, indo juntos atingir a Itaverava. Taques diz que Carlos Pedroso não ia na comitiva; Rebelo Perdigão tampouco acha que ia. Descoberto o ouro, certamente rumou pelos sertões, seguindo algum plano (buscaria o rio das Velhas ou os sertões de Pitangui, onde estivera?).
[editar] Outra versão
Diz outro autor que «teria partido de São Paulo com o roteiro do cunhado Arzão, saindo no Itaverava, a oito léguas da atual Ouro Preto. Como não tinha meios para a custosa viagem, comunicara planos a parentes e amigos e correra em seu aixílio Carlos Pedroso da Silveira, de conceito e grandes recursos, que embora moço já fôra Ouvidor e Capitão-mor de São Paulo. Desta bandeira foi cabo de tropa Bartolomeu Bueno, a ela acorreram também seu cunhado Manuel Ortiz de Camargo, o genro deste Miguel Garcia de Almeida e Cunha (que descobrira o ouro do Gualacho do Sul), o irmão deste Antônio de Almeida, e João Lopes de Camargo. Seguiram o roteiro de Arzão, procurando os trilhos que transpunham a Mantiqueira para a bacia do rio Grande, de onde se orientaram no rumo das águas do rio Doce, em demanda da casa da Casca. Foram experimentando os cascalhos dos rios e córregos sem grande resultado, até que na Itaverava (em língua indígena «pedra reluzente») deram em cascalhos auríferos de boa qualidade. Ali ficaram enquanto duraram os víveres. Tinham numerosa tropa- mas não sabiam de mineração, nem tinham instrumentos para a cata e lavagem de ouro, não sabiam trabalhar de mergulho, nem abrir regos de desvio para as águas, donde os fracassos. Ali plantaram meio alqueire de milho, porque era paragem estéril de caça. A primitiva bandeira se fracionou, Bartolomeu Bueno de Siqueira dirigiu-se para os lados do rio Paraopeba, de onde regressou depois a Itaverava. Para invernar, saíra pela região das Congonhas, tomando a antiga encruzilhada das expedições na altura do rio Suaçuaí.
Ali ficara Miguel Garcia, achando ouro final num rio volumoso, enquanto Bueno seguira para o rio das Velhas, aquartelando-se no arraial da futura Santana do Paraopeba, fazendo voltar sobre seus passos emissaários enviados a Taubaté levando notícia e provas do êxito. Depois, gastando anos nos sertões, tanto que a colheita de milho feita de volta no rio das velhas data de 1698. E no Itaverava, onde Bartolomeu Bueno voltou para pôr no seguro os índios cativos, encontrarm Salvador Fernandes Furtado que saíra de Taubaté em 1695 ou 1698, Manuel Garcia Velho e outros conquistadores do gentio.
[editar] A importância de Taubaté no descobrimento do ouro das Minas Gerais
José Gomes em 1691, Antônio Rodrigues Arzão em 1692, Bartolomeu Bueno de Siqueira em 1694 e Salvador Fernandes Furtado em 1695 - todos bandeirantes taubateanos com movel assentado na mesma Itaverava. Bartolomeu, dizem que seguiu o roteiro de Arzão: mas não teria sido em rumo inteiramente oposto? Os «olhos fitos no roteiro», mas por que Arzão lhe fornecia o meio de evitar, saindo de Itaverava, a perda também de seus passos!
[editar] A especulação sobre o roteiro
O caminho do sul era conhecido, o caminho do leste fora percorrido por Arzão: restava o norte e o oeste. « Bueno havia perlustrado as paragens do Oeste e da serra divisória das águas do Paraopeba avistado os píncaros do Sabaraboçu: ia para lá voltar. » O outro participante da bandeira de Bartolomeu Bueno, Manuel Ortiz de Camargo, com seu filho Sebastião, foi buscar o roteiro de Arzão e o rio Casca, mas morreu pelos índios bravios e o filho voltou à Itaverava com os restos da comitiva. Assim Bartolomeu, saindo na região dos campos enfrente à Itatiaia, fronteira desconhecida do Tripuí, subiu para o alto dos Pires, desceu nas fraldas da Itabira («pedra aguda») e, parecendo-lhe ver nos recortes do Morro Velho o do Itacolumi, só se certificou de andar errado quando reparou no aumento do rio, em nada parecido com o de fundo sujo: recordou que entre os do arraial de Santana circulava a noticia de uma serra chamada Itatiaia (na carta de sesmaria de Borba Gato datada de 3 de dezembro de 1710 se vê que o Itatiaiaçu se chamava serra da Itatiaia)e, como a largueza dos planos do alto da serra do Curral deixava ao longe a vista, engrenhada na mesma cordilheira da outra Itatiaia, continuada pela Itabira e pela Moeda, julgou ser aquela a unica denominação correspondente à mesma serra. Chegando ao Itatiaiaçu é que se deu conta do engano! Mas em Santana ouvira também falar de um ribeiro com ouro - disseram-lhe os índios que ficava quatro jornadas além do arraial: se pôs em marcha, descobrindo o rio Pitangui. Assim Bartolomeu Bueno de Siqueira teria seguido pelo Pires e Congonhas, depois rio Paraopeba, ao rio Pitangui, e ali iniciado a povoação que hoje se chama Pitangui.
O coronel Salvador Fernandes Furtado seguira para o Norte. Diz-se que com Miguel Garcia de Almeida e Cunha teriam rumado para o norte, buscando o córrego onde Manuel Garcia de Almeida e Cunha achara ouro, a seis léguas da Itaverava, e deram origem ao arraial do Fundão, perto do qual nascerá muito mais tarde Cláudio Manuel da Costa. O primeiro domicílio construído nas Minas Gerais, segundo muitos autores, pois o coronel resolveu logo se assenhorear dele. Descortinou outros ribeiros, e muitos companheiros foram-se apoderando dos melhores, como Belchior da Cunha Barregão (cunhado seu pois era casado com sua irmã Margarida Cardoso de Siqueira; morto em 17 de março de 1718, foi sepultado na igreja matriz da vila do Carmo, depois Mariana). Levantou assim acampamento e prosseguiu pelas costas do Gualacho, entrando no vale do ribeiro que ainda leva o nome de Belchior, começando a subir a serra de Bento Leite, mais suave de encosta: de cima, há um dos mais belos panoramas do Brasil, o infinito horizonte do Mato Dentro! Vêem-se as serranias longínquas, os penhascos do Tripui num emaranhado de nuvens, e descendo encontraram o ribeiro do Carmo em 16 de julho de 1696, festa da Virgem, aniversário de Mariana.
Nesta bandeira do coronel vinha Bento Leite da Silva, paulista, um dos descobridores, pois descendou em 1694 a serra que tomou seu nome.
Depois da partida de Bueno, Miguel Garcia de Ameida e Cunha procurou ultrapassar os montes do norte e foi ter à serra do Itatiaia, onde encontrou ouro, e fraldejando depois tal serra, fez o importante descobrimento do rio Gualacho do Sul que a princípio tinha seu nome; e outras bandeiras chegavam ao sitio, atraidos pelas notícias de São Paulo.
Em 16 de dezembro de 1695 Bueno foi nomeado escrivão das Minas e Carlos Pedroso da Silveira guarda-mor delas. Carlos não exerceu tal cargo ppor ter sido nomeado à provedoria dos quintos reais em Taubaté e depois também em Guaratinguetá- em 1695.
Bartolomeu Bueno de Siqueira continuou assim as explorações do cunhado Antônio Rodrigues Arzão nos sertões de Caeté, com seu outro cunhado Manuel Ortiz de Camargo (que demandava a serra de Itaverava) e o genro deste, Miguel Garcia de Almeida e Cunha, que desceu o rio Gualacho do Norte e descobriu o ouro da serra do Itatiaia, extraindo quantidades. Onde surgiram os arraiais que futuramente seriam Mariana, Ouro Preto, Caeté, São José, Pitangui, etc. «Com esta noticia (das descobertas de Bartolomeu) chegou ao povoado tanta gente que apenas se repartiram três braças de terra a cada um dos mineiros, por cuja causa lançou nova Bandeira um certo Antônio Dias e, correndo a mesma serra que com a continuação e disposição que lhe deram é agora uma continuada rua e forma a Vila Rica do Ouro Preto. Deve ter sido isso em 1696, e Antônio Dias ocupou o lado do nascente, muito melhor, local que ganhou seu nome.
