Castelo d'Eu
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O Château d'Eu localiza-se na comuna de Eu, no departamento do Sena Marítimo, na região da Alta Normandia, na França.
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[editar] História
[editar] Antecedentes
Em 996, o Condado d'Eu foi criado por Richard, neto de Rollon, com o fim de proteger a Normandia.
A primeira referência histórica ao castelo, entretanto, data de 1050, quando Guilherme (Duque da Normandia e posteriormente Rei da Inglaterra) nele desposou Mathilde de Flandres, filha do conde de Flandres. Os estudiosos admitem, por essa razão, a anterior existência de uma fortificação com a função de defesa daquela fronteira setentrional da Normandia.
Em 1180, Laurent O'Toole, Arcebispo de Dublim e legado do Papa, tentou encontrar-se com Henrique II de Inglaterra (Duque da Normandia e Rei da Inglaterra) em Ruão. O religioso caiu doente em Eu, onde veio a falecer, vindo a ser beatificado em 1186 e canonizado em 1225. A Colegiada, nos trabalhos iniciados em 1186, recebeu o nome de Notre-Dame et Saint Laurent. Saint Laurent é o padroeiro da vila d'Eu, uma parte de suas relíquias ainda sendo conservadas na Colegiada. Ricardo Coração de Leão (Duque da Normandia e Rei da Inglaterra) fez construir as muralhas que envolvem a vila.
No contexto da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), em 1430, Joana d'Arc, aprisionada em Compiègne pelos Ingleses e conduzida a Ruão, passou por Eu, onde fez um pernoite.
A vila foi incendiada em 1475, por ordem de Luís XI de França, que supôs que o conde de Saint-Pol não conseguiria mantê-la a salvo dos Ingleses. O Conde d'Eu à época, Jean de Bourgogne, fez erguer rápidamente uma simples mansão com uma pequena torre acedida por uma escada exterior.
[editar] Os séculos XVI e XVII
Em fins do século XVI, Catherine de Clèves, Condessa d'Eu e seu marido, Henri de Lorraine, Duque de Guise, fizeram iniciar a construção de um vasto castelo com planta em "U", que qual, entretanto, apenas uma ala e a metade do corpo de aposentos central foram executados.
O Castelo d’Eu, no século XVII foi utilizado como resiência da Grande Mademoiselle, Anne-Marie-Louise d'Orléans, duquesa de Montpensier, condessa d'Eu, prima de Luís XIV, que em 1663 a condenou ao exílio em seu domínio Normando (herdado de sua avó materna, Catherine-Henriette de Joyeuse), para a punir pela sua participação na Fronda. A duquesa de Montpensier enriqueceu o castelo com a sua valiosa coleção de retratos e fez decorar o interior do castelo, que fez alongar com um pavilhão flanqueado por um toilete que se conservou até aos nossos dias. Dirigiu ainda a construção de um jardim à inglesa sacrificando o bastião fronteiro à fachada Oeste, fazendo plantar diversas espécies de plantas ornamentais e árvores frutíferas, erguendo um pequeno castelo para o seu repouso assim como um pavilhão que lhe permitia admirar o mar.
O século XVIII transcorreu sem fatos dignos de menção.
[editar] Do século XIX aos nossos dias
No século XIX, com a morte da mãe em 1821, foi ao duque de Orléans que couberam os domínios d'Eu. Desde 1828, o Arquiteto Fontaine començou a restaurar o castelo. Cozinhas, partes comuns, estufas e uma cerca foram construídas para o conforto dos príncipes. Caves foram escavadas, grandes vidros foram encomendados às vidraçarias do vale de Bresle para guarnecer as vinte e quatro portas-janelas, janelas, lucernas e tabaqueiras, assim como sutuosos pisos de marchetaria, pelo famoso artesão Inglês Packham, para todos os aposentos do rés-do-chão e do primeiro piso do castelo. Neste período, o castelo foi objeto das visitas regulares do rei Luís Filipe I de França e de sua familia.
Aqui foi o local simbólico da formação da Primeira Entente Cordiale com as visitas da Rainha Vitória em 1843 e em 1845.
Em 1874, o Conde de Paris, neto do soberano francês, apaixonado pelos princípios da agronomia inglesa, criou uma fazenda-modelo. Confiou a modernização e decoração do castelo a Eugène Viollet-le-Duc, que nelas trabalhou até à sua morte, em 1879. Foi a um aluno de Viollet-le-Duc, Morice, que confiou, antes de sua partida para o exílio em 1886, a restauração da Capela da Santa Cruz, até então abandonada.
Um violento incêndio destriui toda a parte Sul do Castelo em 1902, poupando apenas a Capela e o toilete. Os trabalhos de restauração que se impuseram foram levados a cabo pelo Conde d'Eu e o Príncipe Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança, filho de Isabel de Orleans e Bragança, Condessa de Paris.
Em 1914, o Hospital temporário n° 20 foi instalado nas dependências do Castelo. Graças aos esforços de Denis Sauzéat, Auxiliar de Farmácia, Major de 1a. Classe (falecido em setembro de 1915), e aos recursos que ele logrou obter, notadamente o auxílio de Marie Curie e a utilização da viatura do Príncipe Pedro de Alcântara, ele estabeleceu um posto de radiologia em uma das salas do Castelo.
Adquirido pelo governo municipal de Seine-Maritime à familia d'Orléans-Bragance en 1961, o Castelo d'Eu reabriu em 1973, passando a abrigar a Casa da Câmara e o Museu Louis-Philippe, este último destinado a preservar a memória dos príncipes d'Orléans e da Monarquia de Julho. Em seu acervo se encontram peças pertencentes à Família Imperial Brasileira.
Trabalhos de restauração de seu interior tiveram início em 2001, tendo o Museu se mantido fechado por cerca de dois anos. Foi reaberto, parcialmente, ao público em 1 de setembro de 2003.