Fogueteira
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Fogueteira, ou "Fogueteira do Maracanã", foi o apelido pelo qual ficou conhecida a carioca Rosenery Mello do Nascimento Barcelos da Silva que lançou no gramado do estádio do Maracanã um sinalizador luminoso durante um jogo da Seleção Brasileira pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1990, o que lhe deu notoriedade internacional e gerou repercussões para ambas as seleções envolvidas.
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[editar] O incidente
Em 3 de setembro de 1989, aos 24 minutos do segundo tempo da partida Brasil vs. Chile, válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1990, lançou no gramado do estádio do Maracanã um sinalizador luminoso, do mesmo tipo utilizado em embarcações, que caiu próximo ao goleiro Rojas (quase "Rojão", por ironia do destino) parecendo o atingir. Naquele momento o placar do jogo era 1 a 0 para o Brasil (gol de Careca) e o goleiro, aproveitando-se da situação, caiu no gramado e simulou um ferimento supostamente causado pelo artefato luminoso, utilizando-se de um tipo de lâmina que ele guardava dentro da luva, o que causou a paralização da partida.
O juiz da partida, Juan Lostau, da Argentina, aguardou em campo por 20 minutos o retorno dos chilenos, juntamente com a seleção brasileira, e considerou a partida encerrada ao final da espera. Um empate bastava ao Brasil para conquistar a vaga do grupo para a Copa da Itália e o Chile precisava vencer, mas como a FIFA considerou que o time chileno abandonou o jogo, o placar final da partida foi consignado oficialmente em 2 a 0 para o Brasil.
[editar] As repercussões
O exame de corpo de delito do goleiro não confirmou queimaduras ou presença de pólvora no ferimento mas somente uma lasceração perfuro-cortante o que ajudou a desmontar a versão do goleiro de que havia sido atingido pelo artefato sinalizador. As imagens de televisão, mostraram claramente o goleiro retirando algo de dentro da luva e passando na testa, assim que ele caiu ao chão, simulando ter sido atingido.
Em virtude deste fato, Rosenery foi presa em flagrante e depois acabou se tornando capa da revista Playboy na edição 172, de novembro daquele ano, sendo considerada uma celebridade instantânea. O goleiro foi banido do futebol, em virtude da farsa que montou em torno do episódio e o time do Chile só voltou a participar da competição mundial, anos mais tarde.
Enquanto o episódio ainda estava sendo apurado, diversas alternativas foram cogitadas, incluindo a punição da Seleção Brasileira com a perda do jogo, multa, realização da partida novamente, banimento da Copa do Mundo, interdição do estádio, entre outras. Ao final a seleção punida foi a do Chile, pois ficou provada a encenação do goleiro Rojas, e o Brasil acabou saindo da Copa de 90 em uma derrota para a seleção Argentina, nas oitavas-de-final.
[editar] A fama e depois da fama
À época do incidente, Rosenery contava com 24 anos de idade, era casada e tinha um filho de 10 meses. Foi liberada no dia seguinte por não haver queixa contra ela e posou para a revista pela quantia de US$ 40.000,00, dois meses e meio depois, quantia esta que só compreende os valores de Direito de Imagem e não os de percentual sobre o preço de capa. Oito anos depois, em entrevista à Revista Placar, reconheceu que não soubera aproveitar os benefícios advindos da fama e que, ao invés de investir em imóveis o dinheiro recebido na época pelas fotos, acabou gastando tudo em diversão, como viagens.
Após o episódio, se separou do marido e mudou-se para Brasília, onde procurou fugir do assédio da imprensa. Na cidade, acabou se instalando como vendedora de cachorro-quente nas ruas, o que não lhe rendeu muito dinheiro. Se casou novamente e retornou ao Rio de Janeiro onde trabalha atualmente como vendedora, inclusive, de fogos de artifício.
[editar] As repercussões para o goleiro Rojas
Rojas declarou, dez anos depois:
- "(...) Me corté con una Gillette y la farsa se descubrió. Fue un corte a mi dignidad. Tuve problemas en mi casa con mi mujer, mis compañeros me dieron la espalda ... pero si yo hubiera sido argentino, uruguayo o brasileño no estaría suspendido, pero como soy chileno no me dieron la posibilidad de reivindicarme".
- Tradução:
- "(...) Me cortei com uma gilete e a farsa foi descoberta. Foi um corte à minha dignidade. Tive problemas em casa com minha mulher, meus amigos me deram as costas... Mas se tivesse sido um argentino, uruguaio ou brasileiro não teria sido suspenso, mas como eu sou chileno não me deram a possibilidade de reivindicar [o meu direito]".
Em meados de 2001, a Comissão Disciplinar da FIFA concedeu anistia ao ex-jogador, então com 43 anos, devido à intervenção da "Unión de Futbolistas de Chile".
