Fortaleza de São Sebastião

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A Fortaleza de São Sebastião, construída no século XVI pelas forças portuguesas que protegiam as caravelas que demandavam a Índia, localiza-se na ilha de Moçambique, no norte de Moçambique.

Considerada como o mais representativo exemplo da arquitectura militar portuguesa na costa da África oriental, atendeu, como ponto de apoio, as naus da famosa rota da Índia além do tráfego marítimo regional para Quelimane, Sofala, Inhambane e Lourenço Marques. Foi erguida para sustituir as funções da chamada Torre de Moçambique, a partir de então conhecida como Torre Velha de Moçambique, antigo entreposto ou feitoria onde eram permutados panos e missangas da Índia por ouro, escravos, marfim e pau preto daquele trecho da costa africana.

[editar] História

D. João de Castro, quarto vice-rei da Índia, em carta ao rei D. João III (1521-1557), pleiteou uma nova fortaleza, capaz de enfrentar a ameaça da artilharia turca na região. Tendo obtido a aprovação do soberano, o novo local para a fortaleza foi escolhido pelo próprio D. João de Castro, desde 1545. Francisco Pires, o mesmo Mestre-pedreiro encarregado das obras da Fortaleza de Diu, levou consigo para a Índia, no ano seguinte (1546, o projeto para a nova fortificação de Moçambique.

Devido à precariedade dos recursos disponíveis, entretanto, as obras só se iniciaram efetivamente a partir de 1558, sob a invocação de São Sebastião. Com desenho de Miguel de Arruda, os princípios que orientaram a sua traça filiam-na à arquitetura do Renascimento italiano, escola com que o arquiteto travou contato por intermédio de Benedetto de Ravena. Foi concluída em 1620, com pedras aparelhadas que constituíam o balastro dos navios, algumas das quais ainda se vêem na praia próxima.

A praça foi guarnecida, ainda incompleta, em 1583, por um destacamento sob o comando de Nuno Velho Pereira, responsável pela construção dos armazéns e quartéis. O seu comandante, embora subordinado ao vice-rei da Índia, era o responsável pelo comércio da região do Zambeze.

No contexto da Dinastia Filipina, suportou, vitoriosa, os assaltos holandeses em 1607 e 1608, embora com severos danos às suas muralhas e edifícios, causados pelo intenso fogo da artilharia inimiga. Ainda nesse século, foi atacada por forças muçulmanas de Mascate em 1669 e novamente, mais tarde, em 1704, após a perda do Forte de Jesus, em Mombaça (1698). Em algum momento no século XVIII, foram-lhe procedidas obras de reparo e ampliação, que lhe conferiram o seu atual aspecto.

O último ataque à fortaleza de São Sebastião foi conduzido por tropas francesas, durante as guerras que se seguiram à Revolução Francesa (1793-1797).

Ergue-se atualmente em bom estado de conservação, sendo visíveis os restos do antigo reduto (Torre de Moçambique) e, na sua extremidade norte, a Capela de Nossa Senhora do Baluarte, em estilo manuelino, que remonta a 1522, exemplar único de seu tipo no país.

[editar] Características

À semelhança da praça-forte de Mazagão, a fortaleza de São Sebastião, em Moçambique apresenta planta no formato retangular com a extensão de 110 metros pelos lados maiores, com quatro baluartes nos vértices, três de formato triangular e um em forma de espigão. Embora no geral todos tenham chegado até aos nossos dias, o traçado do baluarte de São Gabriel encontrava-se alterado já em 1635, tendo sido demolidos dois espigões que conferiam originalmente à fortaleza o aspecto de um polígono estrelado.

Em seu auge, a fortaleza disponibilizava quartéis para tropas, capela, hospital e armazéns. No seu interior destaca-se a cisterna, com capacidade para cerca de duas mil pipas de água. Aberta na década de 1580, foi restaurada em 1605 e, posteriormente, em outras épocas. As habitações dos oficiais eram assobradadas, sendo o chão dos quartéis e dos armazéns coberto de colmo.

Durante os cercos holandeses de 1607 e 1608, a experiência mostrou que a posição do portão principal, no troço das muralhas entre o baluarte de São Gabriel e o de Santa Bárbara, voltado para o interior da ilha, enfraquecia a defesa. Desse modo, ainda na primeira metade do século XVII, foi transferido para o troço entre o baluarte de São Gabriel e o de São João, sendo a primitiva porta entaipada.