Galactosemia
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A Galactosemia pode ser descrita como uma desordem no metabolismo do monossacarídeo galactose (Aldohexose, epímera da Glicose em C-4).
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[editar] Introdução e Aspectos Bioquímicos do Metabolismo Normal da Galactose
Basicamente, os seres humanos obtemos a galactose através do leite, por hidrólise do dissacarídeo Lactose, que é composto por glicose e galactose, unidas por ligação β-Glicosídica.
A digestão da Lactose se dá por intermédio da enzima Lactase, que a quebra nos dois monossacarídeos que a constituem.
Após a quebra da Lactose em Glicose e Galactose se dá o processo de metabolização desses monossacarídeos.
O processo de metabolização da Galactose envolve catálises enzimáticas que levarão, em seu final, à conversão da Galactose em Glicose.
A fase de metabolização da Galactose é a que apresenta problemas no paciente galactosêmico, devido a deficiências enzimáticas em vários níveis possíveis.
O primeiro passo na metabolização é a reação:
Galactose -> Galactose – 1- fosfato
Que ocorre catalisada pela enzima Galactoquinase e com gasto de ATP;
Em seguida, a Galactose – 1- fosfato passa pela reação:
Galactose–1 Fosfato + UDP–Glicose -> UDP-Galactose + Glicose–1-Fosfato
Catalisada pela Galactose–1–P–Uridil transferase;
A UDP-Galactose passa pela enzima Uridina – Difosfogalactose epimerase, que promove sua transformação em UDP-Glicose.
[editar] Metabolismo Anormal e Sintomas
O metabolismo anormal da Galactose na galactosemia é principalmente causado por deficiência em três enzimas da via metabólica da galactose, que são a Galactoquinase, a Galactose – 1 – P – Uridil transferase e a Uridina – Difosfogalactose epimerase.
Quando ocorrem as deficiências enzimáticas, a Galactose não segue sua via metabólica normal.
O acúmulo de galactose leva a uma reação que não ocorreria normalmente.
Essa reação se dá pela conversão de Galactose em galactitol, um poliálcool de toxicidade elevada, ou em Galactonato, que também é um produto tóxico.
O paciente galactosêmico pode apresentar, quando não é feito o tratamento correto, estes sintomas:
Falhas renais
Danos cerebrais
Galactosuria
Deficiências de aprendizagem
Falhas nos ovários
A hepatomegalia é causada por acúmulo de galactitol nas células hepáticas, levando a um aumento da pressão osmótica e à entrada de água nessas células, que causa a hipertrofia.
Defeitos oculares são causados pelo acúmulo de substâncias tóxicas, que promovem a formação de Catarata (Aumento de Opacidade do Cristalino) e em alguns casos podem levar à cegueira.
Já os problemas neurológicos têm causas mais complexas e não se relacionam apenas com acúmulos de substâncias.
[editar] Tipologia da Doença
Galactosemia do Tipo 1 - Nesse tipo, ocorre deficiência da galactose-1-P uridil transferase, que leva ao acúmulo de galactose-1-fosfato e a sintomas variados.
Galactosemia do Tipo 2 - Defeito da Galactoquinase leva a acúmulo de Galactose, tendo como principais características os problemas oculares.
Galactosemia do Tipo 3 - Causada por deficiência da uridil difosfo galactose-4-epimerase, a Galactosemia do tipo 3 é uma forma muito rara, com formas inicial e severa, que aparecem no curso da doença.
Existem outros tipos de Galactosemia, benignos, que são assintomáticos. Exemplificando, temos a Galactosemia Duarte e a variante da raça negra.
Notamos nessas variantes deficiências enzimáticas que não levam a quadros sintomáticos graves, como os da galactosemia clássica.
[editar] Genética
A galactosemia é uma doença de fundo genético condicionada por gene autossômico recessivo.
Estudos conduzidos desde 1979 mostram que 1 em cada 7500 nascidos vivos terá alguma forma de galactosemia (Georgia annual Newborn Screening report - 1997).
Estima-se também que 1 em cada 40 pessoas é um “carreador” do gene defeituoso.
A freqüência é bastante variável de acordo com o país, provavelmente devido a problemas de amostragem.
[editar] Diagnóstico
O diagnóstico de galactosemia é freqüentemente suspeitado quando um açúcar redutor que não reage no sistema glicose oxidase é encontrado na urina.
Contudo, outros açucares além da galactose podem dar o mesmo tipo de reação, e a própria enfermidade hepática pode resultar em galactosúria.
Portanto, a galactosemia clássica é diagnosticada pela demonstração de que a atividade da Galactose-1-P uridil transferase esteja ausente ou muito baixa nos eritrócitos.
No estado normal é encontrada a transferase nas células hepáticas, nos leucócitos e nos eritrócitos, e, na galactosemia, os ensaios permitem a verificação da carência da enzima nessas células.
O Diagnóstico Pré-natal pode ser realizado por amniocentese, com cultura de Fibroblastos derivados do liquido amniótico.
[editar] Tratamento
O tratamento para a Galactose se dá pela restrição de Galactose e Lactose na dieta.
Existem várias formas de Galactosemia e as restrições alimentares variam de uma forma para outra, havendo inclusive discordâncias em algumas formas.
Nos casos mais graves, um monitoramento multidisciplinar, incluindo pediatria, neurologia, oftalmologia, endocrinologia, genética e fonoaudiologia, minimiza os efeitos da doença.
A não-ingestão de galactose e lactose diminui bastante os sintomas, porém podem ocorrer alguns problemas como deficiência de aprendizagem, distúrbios da fala e, nas meninas, disfunções ovarianas.
O grau em que os sintomas se manifestam em um paciente submetido a dieta gera discordâncias e pesquisas, não havendo conclusões precisas e não pássiveis de contestação a esse respeito.
Apesar da galactose ser utilizada na composição de várias estruturas celulares, a sua supresão da alimentação não causará maiores problemas pois, há um mecanismo metabólico para conversão da glicose em galactose.