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Nicolau Maquiavel - Wikipédia

Nicolau Maquiavel

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nicolau Maquiavel
Niccolò di Bernardo Machiavelli
Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel, escritor e estadista florentino.
Nascimento 3 de Maio de 1469
Florença, Itália
Falecimento 21 de Junho de 1527
Nacionalidade Italiana
Magnum opus O Príncipe

Nicolau Maquiavel (Florença, 3 de Maio de 1469 — Florença, 21 de Junho de 1527) foi um historiador, filósofo, dramaturgo, diplomata e cientista político italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da Ciência Política moderna, pela simples manobra de escrever sobre o Estado e o governo como realmente são — a verità effettuale della cosa – e não como deveriam ser.

Nascido Nicolau Bernardo Maquiavel (em italiano Niccolò di Bernardo Machiavelli), viveu a infância e adolescência sob o esplendor político de Florença, durante o governo de Lourenço de Médici (ou Lourenço, o Magnífico) e surgiu já adulto na vida política da cidade. Convive com grandes nomes da época de onde vai tirar alguns postulados para sua obra e depois de servir a Florença durante catorze anos é deposto do cargo, passando, então, a escrever suas obras.

Índice

[editar] Península Itálica na época de Maquiavel

A divisão da Península no período do Renascimento
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A divisão da Península no período do Renascimento

Niccolò Bernardo Machiavelli (em italiano) era filho de Bernardo e Bartolomea de' Nelli. A sua família era Toscana, antiga e empobrecida. Recebeu desde cedo uma educação baseada nos clássicos romanos, incentivada pelo pai, doutor em leis.

Nas décadas finais do século XV, em que cresceu, Florença era palco do choque entre duas tendências: a da exaltação pagã do indivíduo, da vida e da imortalidade histórica, representada por Lourenço de Médici e seu irmão Juliano; e a contemplação cristã do mundo, voltada para o além que se formava como resposta ao ressurgimento da primeira nos mais variados aspectos da vida como a arte e mesmo a Igreja, representada por religiosos como Girolamo Savonarola.

Na época, as cinco principais potências na península itálica eram: o ducado de Milão, a República de Veneza, a República de Florença, o reino de Nápoles e os Estados Pontifícios. A maior parte desses Estados era ilegítima, tomados pelos "condotiere"[1].

Estes Estados eram incapazes de se aliar durante muito tempo, entregues à intriga diplomática e às disputas. Por sua riqueza, eram atrativos para as demais potências européias do período, principalmente Espanha e França, unificadas por Fernando de Aragão e Luís XI. A política italiana era, portanto, muito complexa e os interesses políticos estavam sempre divididos.

Batalhando entre si, esses Estados ficavam a mercê das ambições estrangeiras, mas a influência e capacidade política de alguém como Lourenço de Médici impedia uma invasão. Com a morte deste em 1492, e a inaptidão política de seu filho, a Itália foi invadida por Carlos VIII, causando a expulsão dos Médici de Florença.

Anunciando a chegada de Carlos VIII como a de um salvador, inimigo dos Médici e com grande apoio popular, o pregador Girolamo Savonarola tornou-se a figura mais importante da cidade dando ao governo um viés teocrático-democrático. Com sua crescente autoridade e influência Savonarola passou a criticar os padres romanos como corruptos e mesmo o Papa Alexandre VI por seu nepotismo e imoralidade. O Papa excomungou o frei, mas a excomunhão foi declarada inválida por ele, mas após uma fracassada prova de santidade realizada diante da população e as ameaças do Papa de lançar a excomunhão sobre toda a cidade de Florença, Savonarola foi preso e executado pelo governo em 23 de maio de 1498. Com a demissão de seus simpatizantes dos cargos que ocupavam, cinco dias depois da morte do frei, ascendia ao cargo de secretário da Segunda Chancelaria de Florença, Maquiavel, com 29 anos.

[editar] Segunda Chancelaria

Estátua de Maquiavel na Galleria degli Uffizi.
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Estátua de Maquiavel na Galleria degli Uffizi.

O principal órgão do governo de Florença nesse período era a Senhoria — Signoria — com diversas instituições auxiliares como as duas Chancelarias. A Primeira era responsável pelos assuntos externos e pela correspondência com o exterior. A Segunda ocupava-se com as guerras e os assuntos internos, embora muitas vezes Maquiavel tenha sido enviado em missões ao estrangeiro. No entanto, essas funções muitas vezes se sobrepunham e a autoridade da Primeira Chancelaria prevalecia sobre a da Segunda. Maquiavel tinha como funções a realização de tarefas burocráticas e de assessoria política, além de fazer parte de missões diplomáticas e comandar o Conselho dos Dez, uma outra instituição auxiliar da Senhoria.

[editar] Primeiras missões diplomáticas

A primeira de suas missões foi a de convencer um condotiere a continuar recebendo o mesmo soldo. O principal problema externo do governo de Florença era reaver o controle de Pisa que havia aproveitado a passagem de Carlos VIII para rebelar-se contra o jugo florentino. Ao realizar essa primeira missão de forma satisfatória, foi enviado em julho de 1499 para negociar com Catarina Sforza, duquesa de Ímola e Forlì a renovação da "condotta" de seu filho Otaviano.

Para o governo de Florença era muito importante ter a disposição de Catarina devido a localização estratégica de seus domínios para a defesa do território da cidade e por que ela contava com um exército numeroso além de artilharia. Por isso, havendo contratado seu filho por 15 mil ducados, sabendo-o mau estrategista militar, Maquiavel tinha como instruções diminuir o soldo para 10 mil ducados e conseguir tropas e munição para o ataque a Pisa. Conseguiu de forma satisfatória reduzir o soldo a 12 mil ducados e não comprometeu a cidade na defesa de Imola e Forli como queria Catarina.

[editar] Na corte francesa

Durante a a invasão do ducado de Milão por Luís XII, sucessor de Carlos VIII, Florença decidiu apoiar Luís XII e solicitou o auxílio deste na guerra contra Pisa. Luís XII enviou um exército mercenário que se mostrou indisciplinado e desinteressado pela luta. Os soldados só se interessavam em comer e receber o soldo, havendo inclusive prendido um comissário de Florença. Logo foi necessário enviar representantes à corte francesa em Nevers para relatar a situação e encontrar uma solução sem, no entanto, causar a ira do rei. Para isso, foram enviados Francisco della Casa e Maquiavel.

Aos problemas apresentados, o rei respondeu que parte da culpa estava com Florença inclusive insistindo para que o ataque a Pisa continuasse às custas da cidade para reparar a honra do rei. Sem poderes para negociar, Maquiavel limitou-se a solicitar a Senhoria o envio de embaixadores que pudessem tratar de tais assuntos com mais autoridade e a aconselhar a Senhoria durante o período em que acompanhou a corte através da França, quando pode conhecer um pouco mais sobre uma nação que havia se unificado em torno de um rei, diferentemente da Itália. Depois de mais uma viagem à França, reuniria suas observações sobre a política francesa em dois textos: "Ritrati delle cose di Francia" e "De natura gallorum".

De volta a cidade casou-se com Marietta Corsini, de quem teve quatro filhos e duas filhas (Bernardo, Ludovico, Piero, Guido, Bartolomea e outra menina morta na primeira infância). Porém teve logo que viajar de novo, pois os partidos políticos de Pistóia, região submetida à Florença, haviam se unido e ameaçavam rebelar-se. Maquiavel foi de opinião que se deveria dar fim e proibir tais partidos.

[editar] Maquiavel junto a César Bórgia

César Bórgia ou Duque Valentino.
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César Bórgia ou Duque Valentino.

Por volta de 1501 César Bórgia, como "condotiere" da Igreja e filho de Alexandre VI, vinha conquistando territórios na Toscana, tendo já se apossado de Faenza. Acercou-se de Florença com seus exércitos e exigiu que a cidade se aliasse a ele, pagasse-lhe um tributo e mudasse de seu governo para um que lhe fosse mais simpático. Quando os florentinos estavam prestes a ceder, Luís XII pressionou César Bórgia que foi obrigado a levantar acampamento. Dirigiu-se para Piombino, conquistando-a facilmente e além de Piombino, conquistou também Pesaro e Rimini. Após o quê voltou para Roma.

César Bórgia percebeu que com a aliança francesa, Florença seria um empecilho a seu plano de expansão e por isso solicitou o envio de representantes com os quais tratar de seus interesses. Para essa missão foi enviado Francisco Soderini tendo como secretário e auxílio, Maquiavel. A figura de César Bórgia ficaria marcada para Maquiavel como a do perfeito representante de seu príncipe. Em seu caminho, surpreende-os a notícia da conquista do ducado de Urbino com um golpe do Duque Valentino: ele havia solicitado um auxílio de artilharia a cidade e quando este lhe foi enviado, voltou-se contra o ducado de Urbino.

Com a chegada das tropas francesas, os enviados puderam retornar. É após a retirada das tropas de Bórgia da Toscana que Maquiavel escreve o "Del modo di trattare i sudditi della Valdichiana", sua primeira obra sem relação com as atividades da Chancelaria e é nesse período que se dá uma reforma na Constituição florentina tornando o cargo de gonfaloneiro vitalício. Ele era ocupado por Piero Soderini de quem Maquiavel tornou-se próximo.

Nesse meio tempo, César Bórgia conquista a seus próprios condotiere Castello e a Bolonha. Temendo o Duque, estes se reúnem em Mangione para conspirar contra ele: o cardeal Orsini, o duque de Cravina, Paulo e Franciotto Orsini, Ermete Bentivoglio, Oliverotto de Fermo, João Paulo Baglioni e Vitellozzo Viteli o qual estivera anos antes a serviço de Florença. César Bórgia solicita a Florença um embaixador para negociar uma aliança. É lhe enviado Maquiavel, sem poderes de embaixador, em 5 de outubro de 1502, apenas com a incumbência de entregar os conjurados, afirmando que eles haviam convidado Florença para participar da conspiração, mas que esta havia se negado.

A 9 de dezembro, César Bórgia marcha para Cesena deixando entrever que pretende dar fim a conspiração. Lá, manda prender seu lugar-tenente Ramiro de Lorque que aparece morto no dia seguinte. Dirigiu-se para Pesaro e depois, para Fano, ordenando que Orsini e Vitellozzo Viteli se apoderem de Sinagaglia aonde, juntamente com Oliverotto de Fermo deveriam aguardá-lo. É aí que, ao chegar com suas tropas, manda prender e, mais tarde, executar os três. Desse acontecimento daria Maquiavel sua análise no escrito: "Descrizione Del modo tenuto dal duca Valentino nell' ammazzare Vitellozzo Vitelli, Oliverotto da Fermo, il Signor Paolo e il Duca di Gravina Orsini".

Pedindo reforços florentinos, mas sem esperá-los, parte para conquistar Città del Castello, Perugia, Corinaldo, Sassoferrato e Gualdo, de onde Maquiavel é chamado de volta por ter sido nomeado um embaixador. Chega a Florença em 23 de janeiro de 1508. Com a morte de Alexandre VI e tendo Júlio II se tornado Papa, César Bórgia perdeu seu apoio e viria a se enfraquecer. Feito prisioneiro duas vezes, morreu lutando pelo exército de Navarra.

[editar] Organização da milícia florentina

Com a morte de César Bórgia, surge um novo problema: a expansão de Veneza pela Romanha que sobressaltou o Papa, os florentinos e o Imperador Maximiliano. Sentindo os perigos externos se avolumarem e por outro lado, conhecendo a ineficiência das tropas mercenárias, Maquiavel luta junto a Soderini pela criação e organização de um exército ou milícia formado por cidadãos de Florença. Recebida a autorização, inicia imediatamente seus trabalhos e apenas cinco meses depois, em 15 de fevereiro de 1506, as novas tropas desfilam na Piazza della Signoria.

Por essa época, o Papa Júlio II decide retomar os domínios da Igreja conquistados por Veneza e pelos homens de Bórgia, Baglioni e Bentivoglio. Marchando contra eles, solicita a ajuda de Florença através do envio de tropas. Sem querer desguarnecer Pisa ou desgostar o Papa, decidiu-se enviar Maquiavel para ganhar tempo.

Ele acompanhou o Papa até Perugia, onde assistiu espantado à rendição de Baglioni, pois não compreendia como ele havia deixado passar a oportunidade de prender o Papa, na sua visão, um príncipe como outro qualquer. Não estava presente a tomada da Bolonha por que Florença finalmente enviou as tropas solicitadas, bem como um embaixador para substituí-lo.

[editar] Fim do governo de Soderini

Pouco depois, o Imperador Maximiliano declarou ter a intenção de conquistar a Itália para restaurar o antigo Sacro Império Romano-Germânico fazendo-se coroar em Roma. Com isso, os florentinos decidiram enviar representantes para saber a que custo poderiam preservar a integridade da cidade. Maquiavel e Francesco Vettori — que se tornariam grandes amigos daí em diante — foram encarregados dessa negociação e chegaram à corte em janeiro de 1508.

No entanto, não permaneceriam durante muito tempo, pois Maximiliano seria derrotado por Veneza. Maquiavel retorna em junho do mesmo ano e passa a organizar as operações contra Pisa, vencida em 4 de junho de 1509 após 15 anos de guerra. De sua viagem ao Império, Maquiavel escreveria o "Ritratti delle cose dell'Alemagna".

Entrementes as hostilidades entre o Papa e Veneza chegaram ao máximo e a última acaba derrotada pela Liga de Cambrai, formada por, França, Sacro Império Romano-Germânico, Espanha, Inglaterra, Hungria, Savóia, Ferrara, Mântua, Florença e os Estados Pontifícios cujo objetivo era lutar contra a ameaça turca.

Por outro lado, decidindo que não poderia deixar a Itália cair em mãos estrangeiras, o Papa forma uma aliança com a Espanha e Veneza contra a França. Os florentinos que sempre contaram com a ajuda do rei francês e que não queriam desagradar o Papa viram-se divididos. Maquiavel é enviado à corte francesa para explicar a prudência dos florentinos apesar da exigência do rei de que esta se declarasse a seu favor. Sem sucesso, retorna em outubro de 1510 com a certeza de que haverá uma guerra entre a França e os Estados da Igreja.

Tendo Luís XII convocado um sínodo cismático e este concílio decidido reunir-se em Pisa, domínio florentino, o Papa ameaçou Florença de excomunhão e Maquiavel teve que negociar o afastamento do sínodo. Apesar do sucesso da missão — os padres dirigiram-se para Milão — o Papa resolveu dar fim ao governo de Soderini. Formou um liga com o rei de Aragão contra a França e como Florença se recusou a ingressar na liga, a Dieta de Mântua atacou a cidade e tirou Soderini do poder, trazendo os Médici de volta ao poder.

[editar] Escrita das principais obras

O túmulo de Maquiavel na Igreja de Santa Croce.
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O túmulo de Maquiavel na Igreja de Santa Croce.

Em 7 de novembro de 1512 Maquiavel é destituído de seu cargo. Acusado de ser um dos responsáveis pela política anti-Médici e grande colaborador do governo anterior é multado em mil florins de ouro e proibido de se retirar da Toscana durante um ano.

Para piorar sua situação, no ano seguinte dois jovens, Agostino Capponi e Pietropolo Boscoli, foram presos e acusados de conspirarem contra o governo. Um deles deixa cair, sem querer, uma lista de possíveis adeptos do movimento republicano, entre os quais estava o de Maquiavel que foi preso e torturado. Para sua sorte, com a morte de Júlio II em 21 de fevereiro de 1513 e a eleição de João de Médici, um florentino, como Leão X, todos os suspeitos de conspiração foram soltos como sinal de regozijo e com eles Maquiavel, depois de passar 22 dias na prisão.

Libertado, seguiu para uma propriedade em Sant’Andrea in Percussina distante sete quilômetros de San Casciano. É durante esse ostracismo e inatividade que ele escreverá suas obras mais conhecidas e importantes. Entre 1513 e 1518 escreve diversas de suas obras entre elas O Príncipe (publicado postumamente em 1532, com o título escolhido pelo editor). O volume foi dedicado a Lourenço de Médici II em uma tentativa de obter favores para si, mas mais tarde Maquiavel viria a se arrepender dessa dedicatória, visto que não conseguiu obter benefícios da casa de Médici em seu retorno ao governo florentino. Em uma carta ao amigo Francesco Vettori, datada de 10 de dezembro de 1513, Maquiavel comenta sobre o escrito:

E perché Dante dice che non fa scienza sanza lo ritenere lo havere inteso, io ho notato quello di che per la loro conversatione ho fatto capitale, et composto uno opusculo De principatibus, dove io mi profondo quanto io posso nelle cogitationi di questo subbietto, disputando che cosa è principato, di quale spetie sono, come e' si acquistono, come e' si mantengono, perché e' si perdono.
E como Dante diz que não se faz ciência sem registrar o que se aprende, eu tenho anotado que tudo nas conversas que me parece essencial, e compus um pequeno livro chamado De principatibus, onde investigo profundamente o quanto posso esse assunto, debatendo o que é um principado, que tipos de principado existem, como são conquistados, mantidos, e como se perdem.
'

Escreve também os Comentários Sobre a Primeira Década de Tito Lívio, o poema "Asino d'Oro", a peça A Mandrágora, considerada uma obra prima da comédia italiana, e a Novela di Belfagor, além de diversos outros poemas.

Com a morte de Lourenço II em 1520, Júlio de Médici assume o poder em Florença e ele via Maquiavel com melhores olhos que seus antecessores, surgindo então a idéia de se escrever uma História de Florença. Nesse mesmo ano, estava ocupado escrevendo A Arte da Guerra. É a partir de uma viagem a trabalho a Luca que ele escreve a Vida de Castrucio Castracani, uma espécie de ensaio para a História de Florença, obra a qual dedicaria os sete últimos anos de sua vida.

Com a queda dos Médici em 1526 após a invasão e saque de Roma por tropas espanholas, a República instalou-se novamente na cidade, mas Maquiavel viu mais uma vez suas esperanças de voltar a servir à cidade serem desfeitas pois havia servido aos Médici e foi tratado com desconfiança pela nova República. Poucos dias depois, ficou doente e morreu obscuramente sendo enterrado no túmulo da família na Igreja de Santa Croce em Florença.

[editar] Obra e interpretações mais comuns

A obra de Maquiavel relaciona-se diretamente com o tempo no qual foi produzida. O método utilizado por ele rompe com a tradição Medieval ao fundamentar-se no empirismo e na análise dos fatos recorrendo a experiência histórica da Roma Antiga ganha por ele em seus estudos. Além disso, ele foi o primeiro a propor uma ética para a política diferente da ética religiosa, ou seja, o fim da política seria a manutenção do Estado.

O primeiro a se pronunciar sobre sua obra foi o cardeal inglês Reginald Pole, se dizendo horrorizado com a influência que tais obras estariam tendo sobre o Lorde Cromwell. Os jesuítas o acusaram de ser contra a Igreja e convenceram o Papa Paulo IV a coloca-lo no Index Librorum Prohibitorum em 1559. Na França, um huguenote chamado Inocêncio Gentillet escreveu uma obra na qual o acusou de ateísmo e, seus métodos, de causadores da Massacre da noite de São Bartolomeu. Esta obra foi muito difundida na Inglaterra, contribuindo para a visão apresentada no teatro do século XVI. Em geral seus críticos se basearam no Príncipe, analisando a obra isoladamente das demais obras de Maquiavel e sem levar em conta o contexto no qual foi produzida.

Houve também aqueles que quiseram conciliar seu pensamento com a Igreja, torná-lo um nacionalista; sem sucesso, pois manipulavam seu pensamento da mesma forma. Atualmente, as análises feitas procuram levar em conta principalmente os "Comentários Sobre a Primeira Década de Tito Lívio" e sua "A Arte da Guerra", contextualizando seus escritos e afirmando que Maquiavel não inventou uma teoria política, apenas descreveu as práticas que viu refletindo sobre elas.

Entre as suas obras, além de O Príncipe, sobressaem-se Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (que estava sendo escrito quando Maquiavel foi forçado à reclusão, e só foi concluído após O Príncipe), Histórias florentinas (escritas sob encomenda do governo florentino, nos anos finais da vida de Maquiavel), A Arte da Guerra, a peça A Mandrágora, além de inúmeros tratados histórico-político e suas correspondência particular (organizada pelos descendentes).

[editar] Conselheiro de tiranos

Essa análise começou a difundir-se com a Reforma e a Contra-Reforma. Se até então suas obras eram ignoradas, a partir daí, o autor e suas obras passam a ser visto como perniciosos, sendo forjada a expressão "os fins justificam os meios", não encontrada em sua obra[3].

Essa interpretação está ligada também a visão de sua obra como base do absolutismo, ao lado de Thomas Hobbes e Bossuet, sem, no entanto, contemplar outra grande obra do autor, os "Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio" em que faz elogios a forma republicana de governo.

Foi muito difundida no século XVI e encontram-se aproximadamente 400 peças[4] que citam Maquiavel, todas vinculando seu nome à maldade, a ardilosidade e a falta de escrúpulos. William Shakespeare, por exemplo, o coloca na boca de Ricardo, Duque de Gloucester na sua peça Henrique VI:

Ora! posso sorrir e assassinar enquanto sorrir; posso gritar ‘contente’ aos que atormentam meu coração; posso molhar meu rosto com lágrimas hipócritas e compor minha face para todas as ocasiões! Afogarei mais marinheiros do que a sereia, matarei mais admiradores do que o basilísco, representarei o papel de orador tão bem quanto Nestor, enganarei mais astutamente do que Ulisses e tomarei Tróia como um Sínon. Sou capaz de acrescentar cores ao camaleão, de lutar em metamorfoses como Proteu, de enviar à escola o sanguinário Maquiavel. Posso fazer isto e não posso conseguir a coroa? Ora eu a apanharei, embora estivesse mais longe
Henrique VI. Parte III. Ato III.

[editar] Conselheiro do povo

Uma segunda interpretação diz que ao escrever o Príncipe, Maquiavel tentava alertar o povo sobre os perigos da tirania, tendo entre seus adeptos, Baruch de Espinoza e Jean-Jacques Rousseau. Este último escreveu "[...] é o que Maquiavel fez ver com evidência. Fingindo dar lições aos reis, deu-as, e grandes, aos povos."[5]. Foi defendida recentemente por estudiosos da obra dele como Garret Mattingly.

[editar] Nacionalista

No cenário da Europa do século XIX, durante as Guerras Napoleónicas, com a Alemanha e a Itália fragmentadas e com os nacionalismos internos surgindo, forma-se a visão de Maquiavel como um nacionalista exaltado, disposto a tudo pela união e defesa da Itália.

Hegel, Herder, Macaulay e Burd foram alguns de seus defensores, certamente fundamentando sua interpretação no capítulo final de "O Príncipe" em que Maquiavel faz uma apaixonada defesa de uma Itália unificada, afirmando que um povo só pode ser feliz e próspero se estiver unido.

"Num período de infortúnio, quando a Itália perecia na ruína e era teatro de guerras levadas a cabo por príncipes estrangeiros, quando ela oferecia os meios para essas guerras e era, ao mesmo tempo a presa das batalhas, quando alemães, espanhóis, franceses e suíços a destroçavam e governos estrangeiros decidiam o destino dessa nação – no profundo sentimento da miséria geral do ódio, da desordem e guerra, um político italiano concebeu com fria circunspecção a concepção necessária para libertar a Itália, "unindo-a num só Estado".

[editar] Bibliografia

Busto de Maquiavel em Florença no Palazzo Vecchio.
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Busto de Maquiavel em Florença no Palazzo Vecchio.

A lista abaixo é dos principais trabalhos escritos de Maquiavel:

  • Discorso sopra le cose di Pisa, 1499
  • Del modo di trattare i popoli della Valdichiana ribellati, 1502
  • Descrizione Del modo tenuto dal duca Valentino nell' ammazzare Vitellozzo Vitelli, Oliverotto da Fermo, il Signor Paolo e il Duca di Gravina Orsini" 1502
  • Discorso sopra la provisione del danaro, 1502
  • Decennale primo (poema em "terza rima"), 1506
  • Ritratti delle cose dell'Alemagna, 1508-1512
  • Decennale secondo, 1509
  • Ritratti delle cose di Francia, 1510
  • Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio, 3 volumes, 1512-1517
  • Il Principe, O Príncipe 1513
  • Andria, Terence, 1517
  • Della lingua (diálogo), 1514
  • Belfagor arcidiavolo (romance), 1515
  • Mandragola,, A Mandrágora 1518
  • Clizia, comédia em prosa, 1525
  • Asino d'oro, 1517
  • Dell'arte della guerra, A Arte da Guerra, 1519-1520
  • Discorso sopra il riformare lo stato di Firenze, 1520
  • Sommario delle cose della citta di Lucca, 1520
  • Vita di Castruccio Castracani da Lucca, 1520
  • Istorie fiorentine oito volumes, 1520-1525
  • Frammenti storici, 1525.

Outros poemas incluem Sonetti, Canzoni, Ottave, e Canti carnascialeschi.

[editar] Referências

[editar] Notas

  1. Os condottiero ou condotiere eram capitães-em-armas que vendiam seus serviços e o de seus exércitos ao governante de uma cidade, ou seja, mercenários. O nome origina-se de "condotta" como era chamado o contrato entre as partes.
  2. Niccolò Machiavelli Lettere
  3. Escorel, Lauro. Introdução ao pensamento Político de Maquiavel, p. 97. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1979.
  4. Barros, Vinícios Soares de Campos. Introdução a Maquiavael – Uma teoria do Estado ou uma Teoria do Poder?. São Paulo: Edicamp, 2004. ISBN 85-88513-45-5
  5. Rousseau, Jen-Jacques. O Contrato Social: princípos de direito político. Livro III. Capítulo VI. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
  6. Hegel apud Cassirer, Ernest. O mito do Estado, p. 140. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.

[editar] Livros

  • Escorel, Lauro. Introdução ao pensamento Político de Maquiavel. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1979.
  • Bath, Sérgio. Maquiavelismo: a prática política segundo Nicolau Maquiavel. São Paulo: Editora Ática, 1992.
  • DE GRAZIA, Sebastian. Maquiavel no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 1993
  • Nivaldo, José. Maquiavel, o Poder. São Paulo: Martin Claret, 2004.

[editar] Ligações externas

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