Macaense

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Macaense não é simplesmente um habitante natural de Macau. Macaenses ou "filhos da terra" (os "mistiços") são pessoas que têm "sangue" português e chinês misturados (e também com outros "sangues" asiáticas, como o malaio e indiano) que nasceram e moravam em Macau. Esta é a definição mais bem aceite, mas, porém, alguns exigem que ser macaense é preciso saber falar português (e/ou patuá macaense), ter nacionalidade portuguesa e de ter um mínimo conhecimento e contacto com a cultura típica macaense. A definição de macaense é abstracta e subjectiva e sempre foi difícil de definir.

A cultura dos macaenses, que é muito rica, é única do Mundo porque resultou da simbiose, intercâmbio e coexistência de culturas ocidentais (principalmente a portuguesa) e orientais (principalmente a chinesa). Esta mistura de culturas revela-se também na culinária dos macaenses. Esta culinária única do Mundo nasceu quando as esposas orientais dos portugueses tentavam fazer comidas portuguesas com os ingredientes locais. Evidentemente, as suas próprias tradições culinárias influiram nestas comidas. Lacassá de talharins e porco afumado, "Min Chi" (carne picada), "Tacho" (sopa de carne e legumes), arroz gordo, pato cabidela, sopa de barbatana de tubarão, carne de porco doce e frango frito são algumas das comidas macaenses populares.

Os macaenses são o "produto" da miscigenação dos portugueses, dos habitantes nativos (os chineses) que moravam em Macau, e também dos malaios e dos indianos. O Governo Português da Era Imperial Portuguesa queria enraizar os portugueses nas colónias e queria que eles possam estabelecer contactos frequentes com os povos nativos. Queria também que eles possam conviver harmoniosamente e pacificamente com os povos colonizados. Para que isto aconteça, o Governo favoreceu e promoveu a miscigenação para que os portugueses, uma vez casados com as mulheres nativas, possam enraizar-se nas colónias. Um outro benifício desta miscigenação era a formação de uma comunidade de "mistiços" nas colónias que conseguiam dominar simultaneamente o português e as línguas locais, que tinham contacto com a cultura da metrópole e as culturas locais e que eram leais à sua pátria (Portugal) para ajudar os portugueses a administrar as colónias.

Os Macaenses têm a sua própria língua, patuá macaense, que é um crioulo formado no séc XVI baseado no português, com influência de cantonês (dialecto chinês mais falada em Macau), malaio e muitas outras línguas. Este crioulo está em vias de extinção, com cada vez menos macaenses que dominam este crioulo. Actualmente muitos macenses falam só o cantonense e o português. Em Macau, existem várias instituições culturais e um grupo de macaenses que querem salvar este crioulo, um dialecto único em Macau.

A percentagem de macaenses em Macau é muito pequena (96% ou mais da população de Macau é de etnia chinesa) por isso esta comunidade é uma comunidade minoritária. Alguns membros ilustres da comunidade macaense estimam que o número de macaenses em Macau é aproximadamente de 15 mil pessoas. Mesmo assim, o número de macaenses é superior ao número de portugueses em Macau.

A maioria dos macaenses recebem uma educação baseado em português, mas cada vez mais macaenses começam a receber uma educação baseado em cantonês, mandarim ou inglês, após a transferência (1999) de Macau para a China, porque o português é cada vez menos utilizado em Macau, apesar de ser uma das línguas oficiais desta terra.

Antigamente, quando Macau ainda estava sob administração portuguesa, os macaenses, juntamente com os portugueses, formam um grupo privilegiado e têm mais facilidades em procurar emprego. Muitos deles eram funcionários públicos, advogados e professores. Após a transferência (1999), este privilégio acabou-se.

A maioria absoluta dos macaenses são católicos.

Macaense é também o nome de quem nasce em Macaé, Brasil.