Manuel Murguía

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Manuel Murguía (17 de maio de 1833 - 2 de fevereiro de 1923) foi um historiador galego que impulsou o Ressurgimento e criou a Real Academia Galega.

Índice

1 Biografia
2 Obra
- 2.1 Livros
- 2.2 Relatos
3 Poemas
- 3.1 Artigos no boletim da Real Academia Galega
- 3.2 Ensaios
4 Ligações Externas
5 Ver também

[editar] Biografia

Manuel Murguía. Cerâmica galega de Sargadelos

Manuel Murguia nasceu no lugar do Froxel, em San Tirso de Oseiro, filho de Dona Concepção Murguia e Don João Martíns, farmacêutico, na rua Garás da Corunha, estabelecendo-se depois em Santiago de Compostela. Será precisamente neste lugar que o menino Manuel Murguia presenciará os acontecimentos de 23 de abril de 1846, que narrará mais tarde num artigo entitulado "La Voz de Galiza", de forma bastante sentimental; é de supor que este episódio da história da Galiza o tenha influenciado ideologicamente.

A partir de 1845 começa a estudar filosofia, de que se formará como bacharel, e, ao mesmo tempo, estudará farmácia, que cursou por desejo do pai. Mas Murguia, mais interessado por literatura e história, abandonará o curso para se dedicar exclusivamente ao seu trabalho de escritor e investigador. Nestes anos a vida cultural de Santiago gira em volta do "Liceo da Juventude", onde viviam estudantes e intelectuais como Pondal, Aurelio Aguirre e Rosalia.

Em 1854 Murguia publica o seu primeiro texto em galego, no álbum de Elena Avendanho com seguidilhas intituladas "Nena das Soidades". Murguia também colaborava em jornais e revistas da época como La Iberia e Las Novedades, - o que lhe permitiu publicar folhetins com obras como "Desde el Cielo", "Mientras Duerme", "Mi madre Antonia", "El Ángel de la Muerte" e "Los Lirios Blancos", que o fazem aparecer como uma das promessas literárias do momento.

Murguía manteve contactos, em Madrid, com escritores como os Irmãos Valeriano e Gustavo Adolfo Bécquer, bem como com Rosalía de Castro; a relação entre ambos levará mesmo ao noivado, e a 10 de outubro de 1858 casam na igreja madrilenha de São Idefonso. É indubitável que Murguía foi uma peça de apoio intelectual e social para Rosalía. Desde o início que a animou na sua carreira literária e na publicação de obras como Cantares Galegos, considerada o início do Renascimento literário galego.

Algo que devemos considerar como a primeira pedra de fundação do Ressurgimento será a mudança operada em Murguía quando abandona o seu trabalho de criação literária, em que teve êxito, para se dedicar por completo à investigação histórica e à sua divulgação, o que o levou a difundir o ideário político decorrente das suas investigações.

Motivado pelo nascimento da sua primeira filha, publica La Primera Luz, um libro de leituras escolares estruturado en vinte temas de história e Geografia, que o Ministério de Fomento recomendou para o ensino nas escolas da Galiza. En 1862 Murguia termina o seu Dicionário de escritores Galegos e em 1865 passa a viver em Lugo, onde edita a História de Galiza. Em 1870 é nomeado director do Arquivo Geral de Galiza e, mais tarde, em 1885, Cronista Geral do Reino. Em 1886 publica Los precursores, obra em que faz uma descrição de vários personagens da vida cultural galega. No ano 1890, Murguía dirige em conjunto com Afredo Branhas La Patria Galega, boletim percursor do que viria a ser, com o tempo, o pensamento regionalista galego. Neste mesmo ano Murguia publica, durante uns Jogos Florais, um discurso muito aplaudido e que levou à sua nomeação como "Mestre en Gay Saber". Neste discurso fala do sentimento histórico e cultural diferenciador da Galiza.

Com 72 anos, Murguía tem a idea de criar uma Academia Galega da Língua, ideia que comunica a outros escritores que frequentavam uma livraría da Corunha conhecida pelo nome de A Cova Céltica. Murguía insistiu também na criação de um dicionário da língua galega, porque sentia nele mesmo a falta de vocabulário. Crê-se que a inexistência deste dicionário foi determinante para que a sua obra em galego fosse tão escasa. A 25 de agosto de 1906 aprovou-se a criação da Real Academia Galega.

Manuel Murguía morreu a 2 de fevereiro de 1923, na sua casa da rua de Santo Agostinho da Corunha.

[editar] Obra

[editar] Livros

La primera luz, Vigo, Juan Companhel, 1860.
Diccionario de escritores galegos, Vigo, João Companhel, 1862.
De las guerras de Galicia en el siglo XV y de su verdadero carácter, A Corunha, 1861.
Historia de Galiza, T. I, Lugo, Soto Freire,1865, T. II, Lugo, Soto Freire, 1866, T. III, A Corunha, Libr. de A. Martínez Salazar, 1888, Tomo IV, A Corunha, Libr. de E. Carré Aldao, 1891, T.V, A Corunha, 1911.
Memoria relativa al Archivo Regional de Galicia, A Corunha, 1871.
Biografía del P. M. Fr. Benito Gerónimo Feijóo, Santiago, Est. Tip. de El Diario, 1876.
El foro, Madrid, Libr. de Bailhy Bailhiere, 1882.
El arte en Santiago durante el siglo XVIII y noticia de los artistas que florecieron en dicha ciudad y centuria, Madrid, Est. Tip. de Fernando Fé, 1884.
Los Precursores, A Corunha, Latorre y Martínez Editores, Biblioteca Galhega, 1886.
Galiza, Barcelona, Daniel Cortezo, 1888.
O regionalismo galego, La Habana, Imp. La Universal, 1889.
En prosa, (Contém a novela El punhalito), A Corunha, 1895.
Don Diego Gelmírez, A Corunha, Imprenta y Librería de Carré, 1898.
Os trovadores galegos, A Corunha, Imp. de Ferrer, 1905.
Apuntes históricos de la provincia de Pontevedra, folhetim de La Temporada, Mondariz, Imp. del Establecimiento, 1913.
Politica y sociedad en Galiza, Madrid, Akal, Arealonga, 8, 1974, ed. de X. Alonso Montero

[editar] Relatos

"Un can-can de Musard2 (conto), 1853.
"Un artista" (Conto), Madrid, 1853; com o título de Ignotus em "Los Precursores" (1886).
"Desde el cielo", (novela), Madrid, La Iberia, 1854; Vigo, Imp. de La Oliva, 1856; Madrid, Biblioteca de Escritores Galhegos, 1910.
"Luisa" (conto), Madrid, 1855 e A Corunha, 1862.
A Virgem da servilheta, (novela), Madrid, 1855.
El regalo de boda (novela), La Iberia, Madrid, 1855.
Mi madre Antonia, (novela), Vigo, La Oliva, 1856.
Don Diego Gelmírez,(novela) Madrid, La Oliva, 1856.
El ángel de la muerte , (novela), Madrid, La Crónica, 1857.
A mulher de fogo (novela), Madrid, 1859.

[editar] Poemas

"Nena d’as soledades" (poema), La Oliva, 27-2-1856.
"Madrigal" (poema), La Oliva, 8-3-1856.
"La flor y el aire" (poema), La Oliva, 19-3-1856.
"A una paloma" (poema), La Oliva, 3-5-1856.
"A las ruínas del Castilho de Altamira" (poema), La Oliva, 31-5-1856.
"En un Álbum", (poema), La Oliva, 31-5-1856.
"Al partir"(poema), Galicia (A Corunha), 1862, páx. 39.
Tres poemas na antoloxía El Álbum de la Caridad, A Corunha, 1862. São os poemas "Madrigal", "Nena d’as soledades" e "Gloria".
"Suenhos dorados" (poema), em García Acunha (177) e antes no Álbum de El Minho.
"Ildara de Courel", (poema), em García Acunha (177-178).
"Soneto de Pardo de Cela", (poema), em García Acunha (179).
"Los versos fueron mi ilusión primera" (poema de 1903), em Naya (1950: 104).

[editar] Artigos no boletim da Real Academia Galega

"Discurso del Sr. Académico Presidente D. Manuel Murguía", (na sessão inaugural da Academia), BRAG, 6-7, 1906, pp. 125-129.
"De los primeros documentos en galhego", BRAG, 9, 1907, pp. 193-196.
"Descripção de la ciudad de La Corunha en los primeros anhos del siglo XVII", BRAG, 10, 1907, pp. 219-221.
"La isla de Cortegada", BRAG, 14, 1907, pp. 30-35.
"Discurso-Contestação por el Sr. D. Manuel Murguía"(a Parga Sanjurjo), BRAG, 16 e 17, 1907, pp. 96-110.
"En memoria del primer presidente de la Asociação Iniciadora y Protectora de la Real Academia Galega", BRAG, 19, 1908, pp. 137-138.
"Aurelio Aguirre", BRAG, 20, 1908, pp. 144-146.
"¿Cuándo se generalizó el cultivo del maíz en Galicia?", BRAG, 22, 1909, pp. 210-215.
"Sentencia dictada por Fernán Pérez/.../", BRAG, 30, 1909, páx. 134.
"D. José Ojea", BRAG, 31, 1909, pp. 166-167.
"De Folk-lore. Dama Gelda", BRAG, 38, 1910, pp. 37-40.
"D. José Vilhaamil y Castro", BRAG, 38, 1910, pp. 41-42.
"Mensaje de la Academia", BRAG, 41, 1910, pp. 118-121.
"D. Ramón Pérez Costales", BRAG, 43, 1911, pp. 170-172.
"Que se fuese...", BRAG, 45, 46, 47, 1911, pp. 209-212, 233-237 e 257-260.
"Necrología", BRAG, 48, 1911, pp. 301-303.
"Don Ramón Bernárdez", BRAG, 47, 1911, pp. 277-278.
"Cumple en estos momentos la Real Academia Galega...", BRAG, 50, 1911, pp. 26-27.
"Hablando cierto día...", BRAG, 50, 1911, pp. 40-50.
"Discurso de D. Manuel Murguía" (lido o 15-9-1911 por altura do centenário de Pastor Díaz), BRAG, 51 e 52, 1911, pp. 99-103.
"D. Juan Fernández Latorre", BRAG, 59, 1912, pp. 262-263.
"Constituções da Cofradía de Santa Tecla de la vilha de A Guarda", BRAG, 63, 64, 65, 1912, pp. 57-61, 89-94 e 113-119.
"El torques de Centronha", BRAG, 66, 1912, pp. 137-139.
"Un episcopologio compostelano del siglo XVI", BRAG, 68, 69 e 70, 1913, pp. 185-188, 209-212 e 237-241.
"Excmo Sr. D. Adriano Pérez Morilho", BRAG, 70, 1913, pp. 234-235.
"Prudencio Canitrot", BRAG, 70, 1913, pp. 235-236.
"Elogio de Curros Enríquez", BRAG, 71, 1913, pp. 263-265.
"El del Banquete", "El de la velada" (Discursos na Homenagem a Murguía devido ao seu 80.º aniversário), BRAG, 73, 1913, pp. 27-28 e páx. 29.
"Discurso de D. Manuel Murguia" (lido em Corunha a 8 de abril de 1914 por motivo do 6.º aniversário da morte de Curros), BRAG, 82, 1914, pp. 271-272.
"Victor Said Armesto", BRAG, 86, 1914, pp.17-19.
"De Folk-lore. O Canouro", BRAG, 86, 1914, pp.29-30.
"¿Qué he de decir de ti en este momento?" (Palavras no 7.º aniversário da morte de Curros), BRAG, 92, 1915, páx. 184.
"Juan de Orleáns", BRAG, 96, 1915, pp. 281-282.
"De folk-lore. Nuestro folk-lore", BRAG, 99, 1915, pp. 65-67.
"Don José Salgado", BRAG, 108, 1915, pp. 294-295.
"Senhoras e senhores" (Discurso pronunciado na Festa da poesia galega de Homenagem a Rosalía), BRAG, 110, 1916, pp. 29-30.
"Don José Cornide y sus versos en galhego", BRAG, 114 e 115, 1917, pp. 162-169 e 179-182.
"José Castro Chané", BRAG, 115, 1917, páx. 178 e in DURÁN (1998: 309-310).
"Don Eduardo Pondal", BRAG, 116, 1917, pp. 201-210.
"Manuel Núnhez González", BRAG, 116, 1917, páx. 211.
"En este día, siempre de dolor" (Palabras no 9.º aniversário da morte de Curros), BRAG, 116, 1917, páx. 213.
"Sin duda, amigos míos"(Palavras para a inauguração do Monumento a Rosalía en Compostela), BRAG, 120, 1917, pp. 313-314.
"Don Eladio Oviedo y Arce", BRAG, 124, 1918, pp. 89-90.
"Aquí estamos de nuevo" (Homenaxe a Curros, Pondal e Chané), BRAG, 124, 1918, pp. 97-98.
"Don Ángel Barros Freire", BRAG, 128, 1919, páx. 204.
"Excmo Sr. D. Antolín López Peláez", BRAG, 129, 1919, pp. 233-234.
"Un episodio de nuestra Guerra de la Independência", BRAG, 132, 1919, pp. 326-329.
"Foi uma manha primaveral", BRAG, 150, 1923, páx. 243.
"Eduardo Pondal e a sua obra", BRAG, 248, 1933, pp. 184-192.

[editar] Ensaios

Alonso Montero, X. Politica y sociedad en Galicia, Madrid, Akal, Arealonga, 8, 1974.
DURÁN, José Antonio, Prosas recuperadas. O periodismo de Manuel Murguia. Antología básica, 1853-1923, Madrid, Real Academia Galega, Fund. Caixa Galiza, 1998 (Contém 58 artigos de Murguía).
Rabunhal, Henrique, Manuel Murguia, 2ª ed., Santiago, Laiovento, 1999. Contém "Nena d’as soledades", "A Curros", "Discurso nos Jogos Florais de Tui" e "Eduardo Pondal e a sua obra".
Risco, Vicente, Manuel Murguía, Vigo, Galaxia, 1976. Contém o Discurso nos jogos Florais de Tui, "Eduardo Pondal e a sua obra", "A Curros", "Nena d’as soledades", passagens de Los precursores ("Galiza" e "Rosalia"), "Discurso del Presidente" (na inauguração da Academia), "Orígenes y desarrolho del regionalismo en Galiza", "El regionalismo galego" e "A Don Juan Valera".