Museu de Arte de São Paulo
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O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, mais conhecido simplesmente por MASP, está localizado na Avenida Paulista, na cidade e Estado de São Paulo, no Brasil.
Centro de difusão cultural, é hoje um dos principais museus da América Latina, possuindo em seu acervo obras que abrangem desde o Renascimento até ao Modernismo.
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[editar] História
[editar] Antecedentes
Ao final da década de 1940, o Estado de São Paulo já produzia bens de consumo, atendendo a todo o país. No plano cultural, entretanto, a sua maior realização havia sido a Semana de Arte Moderna de 1922, ainda não plenamente compreendida pela sociedade do país.
Nesse cenário, Assis Chateaubriand, fundador e proprietário dos Diários Associados, maior rede de comunicações do Brasil, à época, idealizou a criação de um Museu em moldes inovadores, que funcionasse como um centro dinâmico de geração e de difusão cultural, que refletisse o dinamismo da economia do Estado, sem o radicalismo de alguns elementos do Modernismo e sem o tradicionalismo daqueles ligados ao conservadorismo. Em discurso na inauguração do Museu, a 2 de Outubro de 1947, o empresário recordou que, anos antes, tivera a sua atenção despertada pela emoção de três rapazes diante de um quadro modesto, na Galeria do Museu do Ipiranga. À época, afirmou, prometera a si mesmo, que um dia daria ao Brasil um grande museu.
Embora não dispusesse de obras e coleções, nem de artistas ou de público, Chateaubriand considerou a riqueza oriunda do café e da indústria paulistas, assim como a tendência do mercado, à época influenciado pelo término da Segunda Guerra Mundial, onde era possível adquirir obras-primas a preços então acessíveis.
Para movimentar-se nesse mercado, respondendo pelo acervo de arte, era necessário um técnico especializado e experiente: Chateaubriand propôs a Pietro Maria Bardi, dono de galeria, colecionador e crítico de arte italiano, o desafio da criação de um Museu de arte antiga e moderna. Bardi objetou que não deveria haver distinção entre as artes, propondo apenas um Museu de arte, e aceitou o convite, disposto a levar essa arte ao maior número possível de pessoas, principalmente às classes menos favorecidas. Planejando ficar à frente do projeto apenas um ano, dedicou-se a ele pelo resto de sua vida. Trouxe consigo, para o Brasil, todo o seu acervo pessoal além de uma coleção de vinte mil fotografias de obras de arte ocidentais, um das maiores coleções didáticas do mundo.
[editar] A fundação do Museu
Chateaubriand colocou à disposição do museu o primeiro pavimento do edifício-sede dos Diários Associados, à rua 7 de Abril. Esse espaço de apenas mil metros quadrados, foi dividido em pinacoteca, auditório, áreas para exposições didáticas e para exposições periódicas. Inaugurado em 2 de Outubro de 1947, ali foram apresentadas as primeiras aquisições, com destaque para um Picasso e para um Rembrandt. Ali também passaram a ser ministrados cursos sobre História da Arte, e realizadas mostras de artistas nacionais e estrangeiros, de todas as correntes - incluindo manifestações de teatro, música e de cinema -, transformando o novo espaço em um ponto de encontro de artistas, estudantes e intelectuais em geral.
Em 1950, o Museu passou a ocupar mais três pavimentos no edifício dos Diários Associados. O novo espaço permitiu a ampliação das atividades, que passaram a compreender escolas profissionalizantes de desenho industrial, propaganda, jardinagem, dança e seminários de cinema. Foram ainda criados dois corpos de baile e uma orquestra juvenil. Aqui lecionaram nomes como o dos pintores Lasar Segall e Roberto Sambonet, arquitetos como Lina Bo Bardi e Gian Carlo Palanti, o escultor August Zamoyski, o cineasta Alberto Cavalcanti, entre outros.
Com o aumento na freqüência e na importância das exposições, formou-se um público cada vez mais numeroso e interessado: entre elas, destacaram-se:
- a mostra do arquiteto Le Corbusier, compreendendo desenhos originais para o prédio do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, marco da arquitetura modernista no Brasil, além de pinturas e esculturas e de planos urbanísticos para a cidade do Rio de Janeiro, então capital federal;
- a exposição de Max Bill, que deu origem à tendência concretista no Brasil;
- a mostra de jóias e móbiles de autoria de Alexander Calder;
- uma série de desenhos inéditos de Saul Steinberg;
- a mostra da Escola de Paris;
- a mostra de desenho italiano contemporâneo;
- a mostra de gravura expressionista alemã;
- a exposição completa das gravuras de Khäte Kolwitz;
- um panorama do retrato francês, de Fouqué a Prud'hon;
- um panorama do cartaz, com originais de Toulouse-Lautrec e de Chéret;
- uma mostra de arquitetura de casas de campo, de Richard Neutra;
- uma mostra de antigas edições bibliográficas de Dom Quixote
- um desfile de modelos de Christian Dior.
[editar] A atual sede
A atual sede do MASP foi erguida pela Prefeitura Municipal de São Paulo, e inaugurada em 1968 pela rainha Elizabeth II da Inglaterra.
O edifício é uma das principais obras da arquitetura modernista no país. Erguido no terreno de um belvedere na Avenida Paulista, um dos metros quadrados mais caros do país, este necessitava permanecer livre. Desse modo, o projeto exigia ou uma edificação subterrânea ou uma suspensa. A arquiteta Lina Bo Bardi, esposa de Pietro Maria Bardi, e o engenheiro Figueiredo Ferraz, optaram por ambas as alternativas, concebendo um bloco subterrâneo e um elevado, apoiado em quatro pilares de concreto. Sobre eles, estendia-se o que foi considerado uma ousadia: o maior vão-livre do mundo à época, afirmando a técnica do concreto protendido no país.
[editar] A formação do acervo
Para a formação do acervo, Chateaubriand solicitou contribuições ao Brasil inteiro, visando, de todas as formas possíveis, formar a pinacoteca. Embora tenham havido muitos doadores, Chateaubriand adquiriu reputação por utilizar de meios ousados para esse fim, retribuindo aos doadores com títulos de mecenas, festejando cada nova aquisição com banquetes, discursos e até mesmo desfiles de estudantes nas ruas de São Paulo, como se registrou à chegada da obra "O escolar" de Van Gogh.
Entre as críticas que recebeu, no mercado nacional e internacional, a mais comum foi a de que adquiria obras sem a devida comprovação de autenticidade. Contribuiu para esse sentimento o fato de que o Museu foi, à época, um dos maiores compradores no mercado. Ao contrário de outros congêneres, cujas aquisições dependiam de aprovação de um concelho de Curadores, o MASP decidia as suas aquisições com rapidez, muitas vezes por telegrama. Graças a essa agilidade, conseguiu adquirir peças expressivas, mesmo diante de concorrentes com maior nome e maiores recursos financeiros.
O plano de aquisições de MASP baseava-se na espectativa de uma alta de preços no mercado internacional nos anos do pós-guerra, assim como nas boas relações nesse mercado. As aquisições foram sempre empreendidas junto a casas tradicionais e reputadas como Knoedler, Matthiesen, Malborough, Seligman, Daber e Wildenstein. O proprietário desta última, George Wildenstein, tornou-se tão ligado ao MASP que a pinacoteca lhe é hoje dedicada, assim como o Museu, em seu todo, é dedicado a Chateaubriand. O sucesso desse plano foi atestado quando, apenas seis anos após a fundação do Museu, o acervo atingiu um volume tão importante que possibilitou a viagem de uma centena de telas, em 1953, à Europa e aos Estados Unidos da América.
O próprio Bardi compreendia que pelas características do processo aquisitivo de obras - muitas vezes em lotes -, o acervo do MASP carecia de uma homogeneidade. Entretanto, encontram-se representadas no Museu todas as escolas de pintura, bem como planos para trocas com outras instituições, visando harmonizar o conjunto, inquestionávelmente a mais importante pinacoteca da América Latina.
Considerando uma pesquisa promovida entre os freqüentadores que indicava que uma exposição fixa na pinacoteca dificilmente levaria o público a repetir a visita, o MASP adotou a metodologia de apresentar o seu acervo num sistema de rodízio, passando a atrair milhares de pessoas aos finais de semana.
