Silepse
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A silepse, concordância irregular ou concordância ideológica é uma figura de estilo ou (figura de linguagem) de sintaxe que se traduz num tipo de concordância com ideias ou sentidos apenas subentendidos na frase. Existem três tipos de silepse: a silepse de gênero (Vossa Excelência foi designado para o cargo - subentende-se que a pessoa é do sexo masculino, apesar de a expressão "Vossa excelência" ser do gênero feminino); a silepse de número (A manada seguia pelo caminho e dirigiam-se para onde o vaqueiro queria - o verbo no plural "dirigiam-se" aplica-se a vacas e não a manada, que está no singular); e a silepse de pessoa ("Os operários desta fábrica nem sempre somos elogiados pelo trabalho" - os operários incluem, decerto, o próprio falante e os que o ouvem, formando um "nós" subentendido).
O plural majestático é um caso particular da silepse de número e é especialmente utilizado em panfletos de cariz político e doutrinário: uma pessoa, singular, passa a utilizar o "nós" para dar a sensação de que já existe um grupo de pessoas a partilhar essas ideias; por outro lado, pode servir para atenuar o protagonismo de alguém que não se quer destacar demasiado usando o "eu" - por exemplo num relatório. Por vezes, utiliza-se a terceira pessoa do singular para assumir as ações do próprio autor do relatório, como acontece em "Guerra das Gálias" (Bellum Gallicum), de Júlio César, em que o próprio nunca se refere a si mesmo na primeira pessoa, mas na terceira, o que pode ser lido como uma forma de procurar a objetividade.