Assíndeto
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Assíndeto é uma figura de estilo que consiste na omissão das conjunções ou conectivos (em geral, conjunções copulativas), resultando no uso de orações justapostas ou orações coordenadas assindéticas, separadas por vírgulas. É uma figura de sintaxe, por omissão, tal como a elipse e o zeugma. Por exemplo, em Os Lusíadas, de Camões, podemos ler: "Fere, mata, derriba denodado...". Outro bom exemplo, que mostra a eficácia deste recurso retórico ao transmitir a ideia de insistência energética, rapidez e força aparece no Cântico Negro de José Régio: "Tendes jardins, tendes canteiros,/Tendes pátrias, tendes tectos", ainda que no verso seguinte, seja substituído por uma anáfora: "E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... ", em que a conjução copulativa volta a aparecer, mas no mesmo contexto rítmico.
É muito frequente em provérbios. A expressão atribuída a Júlio César, veni, vidi, vici - "Vim, vi, venci" - tornou-se memorável pelo seu ritmo acelerado que unifica três acções numa só ideia, como se as fundisse. Aristóteles escreveu, na sua Retórica, Livro III, capítulo 12, que tal recurso se tornava mais eficaz na oratória (discurso oral) que na prosa escrita:
- "Assim, sequências de palavras desligadas, bem como a repetição constante de palavras e orações são condenadas, e com muita razão, no discurso escrito; mas não no discurso oral - os oradores usam-nas livremente, pelo seu efeito dramático. Nesta repetição deve existir diversidade de tons, como se abrisse caminho a esse efeito dramático. Por exemplo: 'Este é o vilão que de entre vós vos enganou, vos defraudou, que vos traiu por completo.'" - note-se que neste exemplo, dado por Aristóteles, se faz, também, uso da gradação.