Irão
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'جمهوری اسلامی ایران Jomhuri-ye Eslami-ye Iran' República Islâmica do Irão |
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Lema: Esteqlāl, āzādī, jomhūrī-ye eslāmī (Persa: "Independência, Liberdade, (a) República Islâmica") |
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Hino Nacional: Sorood-e Melli-e Jomhoori-e Eslami-e Iran | |
Gentílico: Iraniano | |
Capital | Teerão 35°40′N 44°26′E |
Maior cidade | Teerão |
Língua oficial | Persa (farsi) |
Governo | República Islâmica |
- Líder Supremo | Ali Khamenei |
- Presidente | Mahmoud Ahmadinejad |
Revolução Iraniana | |
- Fim da monarquia | 11 de Fevereiro de 1979 |
Área | |
- Total | 1.648.195 km² (18º) |
- Água (%) | 0,7% |
População | |
- 2005 estim. | 68 467 413 hab. (18º) |
- Densidade | 42 hab./km² (158º) |
PIB (base PPC) | estimado |
- Total | $ (º) |
- Per capita | $ (-º) |
IDH (-) | - (-º) – - |
Moeda | Rial iraniano (IRR ) |
Fuso horário | UCT (UTC+3:30) |
Cód. Internet | .ir |
Cód. telef. | +98 |
O Irão ou Irã ( em persa, ايران) é um país asiático do chamado Médio Oriente, que limita a norte com a Arménia, o enclave azerbaijano de Nakichevan, o Azerbaijão, o Mar Cáspio, e o Turquemenistão, a leste com o Afeganistão e o Paquistão, a sul com o Golfo de Omã (através do qual se aproxima de Omã), a sul e oeste com o Golfo Pérsico (através do qual tem ligação aos Emiratos Árabes Unidos, ao Qatar, ao Bahrein, à Arábia Saudita e ao Kuwait) e a oeste com o Iraque e a Turquia. Sua capital é Teerão.
Conhecido até 1935 como Pérsia, passou então a ser conhecido como Iran (transliterado em Portugal como Irão e no Brasil como Irã), palavra que significa literalmente "terra dos arianos" (no sentido étnico do termo e não no seu sentido religioso, ligado ao arianismo). Em 1979, com a Revolução Islâmica promovida pelo Ayatolah Khomeini, o país adoptou a sua actual designação oficial de República Islâmica do Irã(o). Os seus nacionais se chamam iranianos, embora o termo persas seja ainda utilizado, e a língua nacional seja denominada persa (em persa, farsi).
Durante a história, o território do país tem tido grande importância geográfica, visto a sua posição entre o Oriente Médio, Cáucaso, Ásia Central e o Golfo Pérsico, além da proximidade entre o Leste Europeu e o subcontinente Indiano.
Índice |
[editar] História
O território atualmente ocupado pelo Irã é habitado desde os tempos pré-históricos. A história escrita da Pérsia começa em cerca de 3200 a.C. com a cultura proto-elamita e com a posterior chegada dos arianos e a formação dos sucessivos Impérios Medo e Aquemênida.
[editar] Medos e Aqueménidas
Por volta de 1500 a.C. fixaram-se no planalto iraniano vários tribos arianas, das quais se destacavam os Medos e os Persas. Os primeiros fixaram-se no noroeste onde fundaram um reino; os Persas estabeleceram-se no sudoeste.
Os Medos foram submetidos pelos Citas em 653, mas conseguiram libertar-se e alargaram a sua influência aos Persas. Em 555 a.C. Ciro, rei da Pérsia, iniciou uma revolta contra Astíages, rei dos Medos, vencendo-o e reunindo sob sua soberania a Pérsia e Média. Ciro, primeiro reino aqueménida, iniciou uma política expansionista, que seria continuada pelos seus sucessores, Cambises e Dario I. Em resultado destas conquistas o Império Aqueménida compreendia uma vasta área que ia do Vale do Indo ao Mar Negro, incluindo a Palestina e o Egipto.
[editar] Partos Arsácidas
Alexandre, o Grande conquistou a Pérsia em 331 a.C., acrescentado-a ao seu império. Após a sua morte o seu império seria dividido entre os seus generais. Um destes generais, Selêuco, ficaria com a Babilónia e a Pérsia, dando início ao reino selêucida. A partir de 250 a.C. o domínio selêucida começou a ser rejeitado na parte oriental do Irão, onde nasce o reino dos Partos Arsácidas.
O império arsácida era menor que o aqueménida, estendendo-se do actual Afeganistão ao Eufrates, controlando as rotas comerciais entre a Índia e o Ocidente. Os Partos terão como inimigos a ocidente o Império Romano, que tentaria em vão conquistar o seu território. Em 224 a dinastia arsácida foi derrubada por Ardashir I, um rei vassalo que fundou a dinastia sassânida.
[editar] A chegada do islão
A conquista da Pérsia pelos árabes entre 641 e 651 levaria à sua integração como província primeiro do califado omíada e a partir de 750 do califado abássida. Do ponto de vista religioso, o zoroastrismo seria gradualmente substituído pelo islão. No entanto, a nível cultural verificou-se um intercâmbio entre a cultura árabe e a persa que se detecta, por exemplo, na adopção pelo califado abássida da organização administrativa sassânida e dos costumes persas. No século X regista-se mesmo um renascimento da literatura persa.
Com a decadência do califado abássida afirmam-se no Irão dinastias locais praticamente independentes do poder central. No Khorasan surge a dinastia dos Taíridas, que seria eliminada pelos Safáridas. Estes seriam por sua vez substituidos pelos Sâmanidas, a dinastia local mais importante deste período.
Durante a Idade Média, a Pérsia foi invadida pelos mongóis, a que se seguiu o reinado de Tamerlão. Pouco a pouco, o país passou a ser uma arena para potências coloniais rivais como os Impérios Russo e Britânico.
[editar] Irão contemporâneo
A aspiração por modernizar o país levou à revolução constitucional persa de 1905-1921 e à derrubada da dinastia Qajar, subindo ao poder Reza Pahlavi. Este pediu formalmente à comunidade internacional que passasse a referir-se ao país como Iran (Irã ou Irão, em português).
Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido e a União Soviética invadiram o Irã, de modo a assegurar para si próprios os recursos petrolíferos iranianos. Os Aliados forçaram o xá a abdicar em favor de seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, em quem enxergavam um governante que lhes seria mais favorável. Em 1953, após a nacionalização da Anglo-American Oil Company, um conflito entre o xá e o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh levou à deposição e prisão deste último.
O reinado do xá tornou-se progressivamente ditatorial, especialmente no final dos anos 1970. Com apoio americano e britânico, Reza Pahlavi continuou a modernizar o país, mas insistia em esmagar a oposição do clero xiita e dos defensores da democracia.
Islamistas, comunistas e liberais promoveram a Revolução Iraniana de 1979, que provocou a fuga do xá a instalação do Aiatolá Ruhollah Khomeini como chefe máximo do país. Estabeleceu-se uma república islâmica, com leis conservadoras inspiradas no Islamismo e com o controle político nas mãos do clero. Os governos iranianos pós-revolucionários criticaram o Ocidente e os Estados Unidos em particular pelo apoio dado ao xá; as relações com os EUA foram fortemente abaladas em 1979, quando estudantes iranianos tomaram funcionários da Embaixada americana como reféns. Posteriormente, houve tentativas de exportar a revolução islâmica e apoio a grupos militantes anti-Ocidente como o Hezbollah do Líbano. A partir de 1980, o Irã e o Iraque enfrentaram-se numa guerra destruidora que durou oito anos.
Reformistas e conservadores continuam a enfrentar-se no Irã, mas desta vez através da política. A vitória de Mahmoud Ahmadinejad na eleição presidencial de 2005 tem dado causa a um aumento nas tensões entre o Irã e os EUA, em especial no que se refere ao programa nuclear iraniano.
[editar] Política
O sistema político do Irão baseia-se na constituição de 1979, que fez do país uma república islâmica na qual os vários poderes são supervisionados por um corpo de clérigos.
[editar] Líder Supremo
O Líder Supremo (ou Faqih) é o chefe de Estado do Irão. O cargo é ocupado desde Junho de 1989 pelo aiatolá Ali Khamenei, que sucedeu a Khomeini.
O titular do cargo é eleito pela Assembleia dos Peritos, em função dos seus conhecimento de jurisprudência islâmica e também do grau de estima que goza entre a população. Em teoria é eleito vitaliciamente, mas a Assembleia dos Peritos pode destitui-lo em determinadas situações.
É o Comandante Supremo das Forças Armadas e a autoridade máxima ao nível da política externa do país, sendo o único que pode declarar a guerra. É responsável pela nomeação do chefe do poder judicial, do chefe da segurança interna, dos líderes das orações da sexta-feira, do director das estações de rádio e de televisão, bem como de seis dos doze membros do Conselho dos Guardiães. Pode demitir o Presidente do Irão caso considere que este não governa de acordo com a constituição. É também responsável pela administração das bonyads, fundações criadas a partir dos bens confiscados do xá, e que actuam em áreas como a habitação, a cultura e os transportes.
[editar] Poder executivo
O poder executivo é liderado pelo Presidente, segunda figura do Estado após o Líder Supremo. É eleito através de sufrágio universal para um mandato de quatro anos.
Até 1989, ano em que foi aprovada uma reforma constitucional, este cargo detinha pouco poderes. A reforma deste ano aboliu o cargo de primeiro-ministro e concedeu maiores poderes ao cargo presidencial.
O presidente nomeia e supervisiona o Conselho de Ministros e coordena as decisões governamentais. O seu poder encontra-se limitado pelo Líder Supremo, sendo na prática responsável pelas questões do foro económico e da administração corrente. Os candidatos a presidente devem ser previamente aprovados pelo Conselho dos Guardiães, sendo necessário que o Presidente seja um iraniano xiita. O actual Presidente do Irão, eleito em 2005, é Mahmoud Ahmadinejad.
[editar] Poder legislativo
O poder legislativo é exercido por um parlamento unicameral (Majlis-e-Shura-ye-Eslami, Assembleia Consultiva Islâmica) composto por 290 membros eleitos através de sufrágio universal para um período de quatro anos. À semelhança do que acontece com os candidatos a presidente, o Conselho dos Guardiães deve aprovar as candidaturas a deputado. As leis redigidas pelo parlamento devem ser aprovadas pelo Conselho dos Guardiães. Em circunstâncias especiais, o parlamento pode demitir o presidente através um voto de censura com maioria de dois terços.
Nas últimas eleições para o parlamento em 2004 os conservadores elegeram 190 lugares, os reformistas 50 e independentes 43 lugares; cinco lugares por membros de minorias religiosas autorizadas no país (judeus, cristãos e zoroastrianos). As próximas eleições para o parlamento estão agendadas para Fevereiro de 2008.
[editar] Poder judicial
O chefe do poder judicial, actualmente Mahmoud Hashemi Shahrudi, é nomeado pelo Líder Supremo. O chefe do poder judicial nomeia por sua vez o presidente do Tribunal Supremo e o procurador-geral.
Existem vários tipos de tribunais, como os tribunais civis e públicos e os tribunais revolucionários. Estes últimos foram instituídos em 1982 e julgam casos relacionados com ameaças à república islâmica. O Tribunal Clerical Especial, estabelecido em 1987 e que responde perante o Líder Supremo, julga os crimes cometidos por membros do clero. As decisões decretadas pelos tribunais revolucionários e pelo Tribunal Clerical Especial não podem ser alvo de recurso judicial.
O sistema legal iraniano baseia-se na lei islâmica ou charia. Este sistema prevê a prática da retribuição, através da qual em casos como por exemplo de homícidio um familiar próximo da vítima pode executar a sentença. Os castigos corporais ou a amputação de membros estão previstos para casos como roubo, consumo de bebidas alcóolicas ou adultério.
[editar] Conselho dos Guardiães
O Conselho dos Guardiães é composto por doze juristas, metade dos quais são especialistas em lei religiosa, sendo nomeados pelo Líder Supremo; a outra metade é formada por especialistas em lei civil nomeados pelo Conselho Supremo Judiciário e aprovados pelo parlamento. Este conselho analisa as leis do parlamento para garantir que se encontram de acordo com a constituição.
[editar] Assembleia de Peritos
A Assembleia de Peritos foi originalmente constituída com o objectivo de redigir a constituição de 1979. Desde então, esta assembleia, composta por 86 membros, tem como função eleger o Líder Supremo, supervisionar a actuação deste e retirá-lo do exercício das suas funções caso este seja declarado incapacitado. Os 86 membros devem ser clérigos e são eleitos para um período de oito anos.
[editar] Conselho de Discernimento
Trata-se de um órgão composto por 22 membros (clérigos, juristas e políticos), nomeados pelo Líder Supremo. É presidido por Hashemi Rafsanjani e a sua principal função é arbitrar os conflitos entre o parlamento e o Conselho dos Guardiães.
[editar] Subdivisões
O Irã subdivide-se em 30 províncias, sendo cada uma administrada por um governador indicado pelo Ministério do Interior, mediante aprovação do gabinete. As províncias dividem-se por sua vez em 324 subprovíncias e em 865 condados. Os presidentes dos municípios são também nomeados pelo Ministério do Interior; o conselho local do munícipio é eleito pela população.
[editar] Geografia
Localizado no sudoeste asiático, entre o Iraque, a oeste, e o Afeganistão e o Paquistão, a leste, o Irã é banhado pelo Golfo de Omã, pelo Golfo Pérsico e pelo Mar Cáspio. Com uma área de 1 648 000 quilômetros quadrados, o Irã é o décimo-sexto maior país do mundo em território, o que equivale aproximadamente à área do estado do Amazonas, no Brasil, ou um pouco maior do que as áreas de Angola e Portugal somadas.
[editar] Relevo
A maior parte do território do Irão corresponde a um planalto cercado por cadeias montanhosas.
Na região centro e este encontram-se dois desertos, o Dasht-e-Kavir e o Dasht-e-Lut. No primeiro formam-se alguns pântanos durante o Inverno e a Primavera, mas ambos são inóspitos e despovoados.
No norte, em paralelo com o Mar Cáspio, estão as montanhas Elburz, que possuem vários vulcões activos. A montanha mais elevada desta cordilheira, que é igualmente o ponto mais alto do Irão, é o Monte Demavend (5671 metros).
Os Montes Zagros estendem-se desde o noroeste do país, perto da fronteira com a Arménia, até ao sudeste, atingindo o Estreito de Ormuz.
[editar] Hidrografia
Os três grandes rios do Irão são o Karun, o Atrak e o Safid. O Karun é o principal rio navegável do país e nasce nos Montes Zagros, correndo para sul até a localidade de Khorramshahr, onde se une ao rio Shatt Al-Arab (Arvandrud).
O Irão possui poucos grandes lagos, sendo a maior parte deles de água salgada. O maior lago iraniano é o Lago Urmia, situado no noroeste do país, o oeste do Mar Cáspio. Cobre uma área que varia entre os 5 200 e 6 000 m² e caracteriza-se pela extrema salinidade das suas águas, sendo também o maior lago do Médio Oriente. Outro importante lago é o Namak, situado na província de Qom. Na província de Fars existem lagos de pequena dimensão, como o Daryachen-e-Tashk e o Daryachen-e-Bakh-Tegan.
[editar] Economia
O Irão foi um país essencialmente agrícola até aos anos 60 do século XX. A partir de então ocorreu uma descolagem da indústria, nomeadamente da indústria petroquímica, têxtil (situada principalmente em Isfahan e na região da costa do Mar Cáspio), automóvel, de construção de equipamentos electrónicos, de papel e alimentar.
A Revolução Islâmica teve consequências sobre o desenvolvimento económico, uma vez que se verificou uma redução drástica do investimento estrangeiro. A actividade turística, que tinha sido promovida pela dinastia Pahlavi através de medidas como a construção de hóteis e a pavimentação de estradas, praticamente desapareceu após a revolução. A situação económica viu-se agravada com guerra com o Iraque e pela queda do preço do petróleo a partir de 1985.
A subida do preço do petróleo a partir de 2003 beneficiou o Irão, que utilizou o dinheiro para programas sociais. Os poços de petróleo encontram-se situados no sudoeste do país, junto ao Golfo Pérsico.
[editar] Agricultura
Segundo dados de 2005 a agricultura contribui com 11,6% no Produto Interno Bruto do Irão, empregando 30% da população.
As principais culturas agrícolas são o trigo e a cevada, seguidas por outros cereais como o centeio, o milho e o sorgo.
No nordeste do país tem ocorrido uma expansão da cultura do algodão. Nas regiões pantanosas situadas junto ao Mar Cáspio produz-se arroz. Outras culturas são a do tabaco, chá e beterraba açucareira.
O Irão é conhecidas pela produção de frutas, quer frescas, quer secas. Das primeiras destacam-se os citrinos das zonas do Mar Cáspio, as uvas, maçãs, peras e pêssegos da região central do país e as bananas da região próxima ao Golfo Pérsico. Entre os frutos secos salienta-se o pistachio.
O sector da pecuária é dominado pelo gado ovino e caprino, com uma menor presença do bovino; encontra como zona favorável ao seu desenvolvimento as zonas do noroeste do país, ricas em pastos. A criação de camelos para utilização como meio de transporte ainda é prática corrente.
A pesca também ocupa um importante lugar na economia, fornecendo produtos para consumo interno e externo, embora o seu potencial não tenha sido ainda completamente explorado. No Mar Cáspio encontram-se espécies como o salmão, a tainha e o esturjão; a partir das ovas desta última espécie se produz o caviar, sendo o iraniano um dos mais famosos do mundo. Por sua vez no Golfo Pérsico pescam-se espécies como a perca, a sardinha e o camarão. Nos rios do país pesca-se a truta, o barbo e outros peixes de água doce.
[editar] Comércio
As principais importações do Irão são os produtos alimentares, maquinaria, o equipamento de transporte, ferro e aço. Quanto às exportações, destacam-se, para além do petróleo, os tapetes, os frutos secos, as manadas de gado e as especiarias. Os principais países com os quais o Irão mantém relações comerciais são a Alemanha, a China, o Japão, a Itália e a África do Sul. O Irão não possui relações comerciais directas com os Estados Unidos da América desde 1985.
[editar] Finanças
A moeda do Irão é o rial, emitida pelo Banco Central da República Islâmica do Irão. Os bancos e as seguradoras foram nacionalizados em 1979, mas em 2001 o governo atribuiu duas licenças para que se constituissem dois bancos privados. Os bancos regulam-se pela lei islâmica, e como tal não praticam o juro, cobrando apenas uma comissão.
[editar] Demografia
A população iraniana aumentou de maneira dramática durante a segunda metade do século XX, atingindo os 68 milhões em 2006. Nos últimos anos o crescimento populacional tende a desacelerar-se, de modo que, segundo as projecções, a população estabilizar-se-á em 100 milhões de habitantes pelo ano 2050. A densidade populacional do país é de 42 pessoas por km². As áreas mais povoadas do país são a região ocidental e setentrional.
O Irão é um mosaico de grupos étnicos, caracterizando-se as relações entre estes grupos pela harmonia. O maior grupo étnico-linguístico é composto pelos persas, que representam 51% da população.
A seguir aos persas destacam-se os azéri (24% da população), povo túrquico que reside sobretudo perto do Azerbaijão, mas que desde o início do século XX tem vindo a migrar para Teerão.
Os gilaki e mazandarani formam 8% da população e habitam, respectivamente, a costa ocidental e oriental do Mar Cáspio.
Os curdos, cerca de 7% da população, habitam a região da cordilheira de Zagros. A minoria árabe do Irão (3%) vive na região sudoeste do país, na província do Khuzistão. Outros grupos, representando cada um 2% da população, incluem os baluches (perto de Afeganistão e do Paquistão), os lur (que vivem na região central da cordilheira de Zagros) e os turcomanos (perto do Turcomenistão).
A maioria da população do Irã fala uma das línguas iranianas, embora o persa seja o idioma oficial.
[editar] Principais cidades
A principal cidade do Irão é Teerão, capital do país e da província homónima. Situada a 1132 metros de altitude, começou por ser um subúrbio da antiga cidade de Rey que foi destruída em 1220 pelos Mongóis. Em 1788 o primeiro soberano da dinastia Qajar conquistou Teerão e fez dela a capital. O grande desenvolvimento da cidade ocorreu a partir do primeiro quartel do século XX, razão pela qual Teerão é entre as cidades iranianas a que possui um aspecto menos oriental. A parte norte da cidade corresponde à cidade nova e a parte sul à cidade do tempo dos Qajar.
No Noroeste do Irão destaca-se a cidade de Tabriz, controlada em alguns períodos pela Rússia, facto que se exprime na sua arquitectura e na presença de um caminho-de-ferro que liga o Irão à antiga União Soviética.
Shiraz, capital da província de Fars e situada num oásis dos Montes Zagros, é conhecida por nela terem habitado grandes místicos do islão. Os túmulos destas figuras encontram-se na cidade que em função disso é denominada como "Torre dos Santos".
A cidade de Isfahan, localizada a aproximadamente 350 quilómentros a sul de Teerão, é famosa pela sua arquitectura. Em 1587 Abbas I fez dela a capital da dinastia, ordenando a construção de palácios e mesquitas. Os principais monumentos da cidade estão na praça Maydan-i-Shah, destacando-se também em Isfahan a Masgid-i Gami (Mesquita da Sexta-Feira).
[editar] Religião
A maioria dos iranianos são muçulmanos, pertecendo 89% da população ao ramo xiita do islão, religião oficial do Estado. O Irão conta com 9% de muçulmanos sunitas, ramo ao qual pertencem a maioria dos muçulmanos do planeta. Os curdos são na sua maioria sunitas, enquanto que a minoria árabe reparte-se entre o islão xiita e o islão sunita.
A forma de islão xiita que hoje predomina no Irão é o xiismo duodecimano, que reconhece doze imames após Ali ibn Abi Talib. Embora sempre tenham existido xiitas no Irão, até ao século XVII a população era na sua maioria sunita. A explicação para esta mudança religiosa reside na adopção por parte da dinastia dos Safávidas do islão xiita como religião oficial e na sua imposição à população.
A constituição iraniana reconhece três minorias religiosas, os zoroastrianos, os judeus e os cristãos.
Antes da chegada do islão ao Irão no século VII, a maioria da população era zoroastriana, religião que era o culto oficial do Império Sassânida. Em 1986 estimava-se a existência de 32 mil zoroastrianos no Irão, residindo principalmente nas cidades de Teerão, Yazd e Kerman.
A comunidade judaica no Irão remonta aos tempos do cativeiro da Babilónia; quando Ciro II autorizou o regresso dos judeus a Canaã, muitos optaram por ficar, tendo adoptando a língua e cultura persas. Avalia-se em 45 mil o número de judeus iranianos que migraram para Israel entre 1948 e 1977. Com a revolução islâmica de 1979 o movimento migratório acentuou-se.
A minoria religiosa numericamente mais relevante no Irão é formada pelos cristãos, que são na sua maioria ortodoxos arménios, seguidos por cristãos assírios. Cada uma destas denominações têm direito a um lugar no parlamento.
A Fé Bahá'í, que nasceu no país em meados do século XIX, não é reconhecida pelo Estado, sendo os seus membros alvo de perseguição desde a revolução de 1979.
[editar] Cultura
[editar] Educação
A educação é obrigatória para todas as crianças entre os 6 e os 10 anos de idade. De acordo com dados de 2005, 81,3% da população com mais de 15 anos de idade encontra-se alfabetizada. Desde a Revolução Islâmica de 1979 que todas as escolas e universidades devem promover os valores do islão, tendo se verificado um afastamento em relação a modelos educativos seculares.
A educação primária é seguida por um ciclo de três anos que procura avaliar as aptidões dos alunos e orientá-los para os vários tipos de ensino secundário.
Existem no Irão mais de 100 instituições de ensino superior. Após a Revolução Islâmica muitos académicos foram forçados a abandonar os seus lugares devido às suas ligações com a monarquia ou pela sua identificação com valores seculares, o que provocou uma falta de pessoal nestas instituições. Algumas universidades foram mesmo encerradas no início da década de 80 e outras mudaram de nome. Muitos iranianos encontram-se a estudar no estrangeiro devido a este fenómeno e também porque existe no país a mentalidade que uma educação no exterior é superior. As universidades iranianas mais importantes são a Universidade de Teerão (fundada em 1934), a Universidade de Shiraz (fundada em 1945) e a Universidade de Isfahan (fundada em 1950).
[editar] Património Mundial da Humanidade
O Irão possui oito sítios classificados pela UNESCO como Património Mundial:
- Meidan Emam - praça de Abbas I em Isfahan;
- Persépolis - antiga capital persa, fundada por Dário I em 518 a.C.;
- Chogha Zanbil - capital religiosa do reino elamita fundada em 1250 a.C. e que é hoje um sítio arqueólogico;
- Bam e a sua paisagem cultural - cidade do período aqueménida fundada entre o século VI e o século IV a.C.. Os seus monumentos foram danificados devido ao terramoto de 2003;
- Pasargade - capital do império aqueménida
- Takht-e Soleyman - sítio arqueológico onde se encontram ruínas arqueológicas, como um templo sassânida dedicado à deusa Anahita;
- Soltaniyeh;
- Bisotun
[editar] Media
A legislação iraniana estabelece que a televisão e a rádio devem ser operadas pelo Estado e devem estar de acordo com os valores islâmicos. O organismo responsável pelas estações de televisão e de rádio é o Islamic Republic of Iran Broadcasting (IRBI). O IRBI opera várias estações de televisão em língua persa e nas línguas regionais, sendo a mais vista o Canal 3, dedicado aos jovens. O Irão procura também captar audiências nos países árabes do Médio Oriente através dos canais Al-Alam e Al-Kawthar. Apesar do governo ter declarado ilegal o uso de antenas parabólicas em 1995, estas são toleradas e gozam de uma ampla popularidade entre a população. Alguns dos canais captados via satélite são operados por dissidentes do regime que vivem no estrangeiro e que utilizam os canais para a crítica governamental.
A maior parte jornais estão sediados em Teerão. Os jornais mais populares são o Kayhan e o Ettelaat, para além dos jornais desportivos.
Os provedores de internet no Irão utilizam filtros que bloqueiam páginas cujo conteúdo seja pornográfico, considerado anti-islâmico ou crítico do regime. Estima-se que cerca de 7 milhões de iranianos possuam acesso à internet.
[editar] Desporto
Os atletas iranianos participaram pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 1948. Em 1956 o país fez a sua estreia nos Jogos Olímpicos de Inverno.
Após a Revolução Islâmica de 1979, o desporto foi negligenciado, tendo as mulheres sido proibidas de participar como atleas em eventos desportivos. A situação agravou-se com a guerra com o Iraque dos anos 80. Contudo, desde a década de 90 o desporto tem sido valorizado, tendo as mulheres voltado a participar.
O futebol é hoje o desporto mais popular entre os iranianos. A equipa de futebol nacional ("Melli") consagrou-se como vencedora na Copa da Ásia de 1968, 1974 e 1976. O Irão fez a sua estreia na Copa do Mundo em 1978. Outros desportos apreciados no país são a luta e o hipismo.
Data | Nome em português | Nome local | Observações |
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